19 Maio 2024, Domingo

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Democracia

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Nada mais apropriado neste período em que se comemoram os cinquenta anos da conquista da nossa liberdade política, após quarenta anos duma ditadura com censuras, polícia política (PIDE), prisões arbitrárias com torturas, prisões emundas (Fortaleza de Peniche) e até um “campo de concentração (Tarrafal), além duma vigilância apertada, com informadores, sobre qualquer cidadão que tivesse a veleidade de ter opiniões que discordassem da opinião oficial – a do Ditador – do que falar de democracia.
Com o golpe militar dos capitães chegou a liberdade levando algum tempo para que se consolidasse uma verdadeira democracia, após golpes e contra-golpes para se sair dum agitado tempo até se formarem e organizarem as várias correntes de opinião sob a forma de partidos políticos, ocupando uma faixa da esquerda até à direita do espectro organizacional da sociedade.
Teoricamente a democracia é o poder do povo, isto é, o poder dos cidadãos. Entretanto, no resto do mundo grandes potências (em tamanho e em riqueza) iam-se digladiando para assumir e dividir o mundo entre si. E aí temos os Estados Unidos da América, a Rússia e a China confrontando-se numa “guerra fria”. Um grupo de outros países de grande dimensão populacional e territorial (os chamados BRICS, o Brasil, a India, o Canadá e outros) assumiam algum protagonismo.
E os países-berço das culturas, na Europa, tiveram de se juntar após duas guerras sangrentas e destruidoras, formando a União Europeia. E no mundo misturam-se as ditaduras, as democracias (algumas bem duvidosas) e zonas de verdadeira anarquia e muitas outras sem condições de vida, à mingua de recursos pela exploração dos mais ricos e poderosos.
Mas pensemos neste retângulo á beira-mar plantado no extremo ocidental da Europa: o nosso Portugal a comemorar a conquista da liberdade e (dizem!) vivendo em democracia. É fácil verificar que há muito tempo o capital se sobrepôs ao trabalho, que é o que dignifica o ser humano, e, portanto, os detentores do grande capital (que impulsiona a riqueza, a tecnologia e o fabrico de armas), impuseram-se.
Ora, esta evolução, no meu ponto de vista, acabou com as “esquerdas” e as “direitas” e fez nascer “os de cima” e “os de baixo” (os ricos e os pobres), o que é pouco democrático. Depois, se pensarmos bem, o que temos é uma partidocracia e o povo (a verdadeira base da democracia) muitas vezes nem conhece quem o representa, quem representa e defende os seus interesses.
Sonhei várias vezes em ver a tabuleta do meu deputado na janela dum escritório como vi na Dinamarca, por exemplo, ou ver os meus deputados a irem a pé para o Parlamento como vi na Inglaterra.
Eu fiz uma curta experiência na política e fiquei “vacinado” pois nos debates na Assembleia Municipal de Setúbal, depois de um debate, abstive-me, não obedeci quando o presidente puxou o cordelinho para manifestarmos a nossa “obediência de voto” e uma outra vez votei contra, pois concordava com a opinião da oposição. Como é evidente nas eleições seguintes fui colocado num lugar não elegível! Mais se consolidou em mim a ideia de que vivemos numa partidocracia.
Já pessoas, técnicas nestas coisas da política, têm falado na necessidade de mudar o nosso sistema eleitoral mas, parece-me que isso não agrada aos “caciques” locais de qualquer partido político. Tirar-lhes-ia poder.
Senti necessidade de tornar publica esta minha opinião perante o visionamento nos canais da nossa TV das secções do nosso Parlamento e da inoperância dum governo saído das últimas eleições, estando certo que no fim do ano voltaremos às urnas de voto.
Sinceramente, depois de ter vivido quarenta anos em ditadura e com a PIDE na minha peugada, gostava de viver ainda algum tempo em verdadeira democracia.
Os capitães de Abril e uma meia-dúzia de políticos e, é evidente, o nosso povo merecem viver numa democracia “à séria”
E até o nosso actual Papa diz que a política é uma das melhores formas da caridade e que temos uma “economia que mata”, sendo, pois, a minha obrigação de cristão ter actividade política em favor do povo. Do povo de Deus!
Queremos uma democracia mas uma democracia “à séria”!

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