10 Maio 2024, Sexta-feira

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Autor de memorial de Zeca Afonso pondera avançar com acusação de difamação

Autor de memorial de Zeca Afonso pondera avançar com acusação de difamação

Autor de memorial de Zeca Afonso pondera avançar com acusação de difamação

Ricardo Crista garante estar “completamente tranquilo”. Artista que se diz plagiado quer obra muito alterada

 

A saga relativa ao memorial a Zeca Afonso parece não ter fim, mas Ricardo Crista, autor da obra, garante estar “completamente tranquilo”. O autor do memorial a Zeca Afonso afirma que aquilo que o artista sul-africano pretende é “absurdo” e garante que a acusação de difamação já está a ser preparada, sendo depois decidido se irá avançar ou não.

O artista sul-africano Marco Cianfanelli, que havia acusado o autor setubalense de plágio do seu trabalho de homenagem a Nélson Mandela, quer que o memorial a José Afonso seja sujeito a “substanciais ajustes e alterações” ao conceito e design, de forma que ganhe uma nova configuração. Caso não aconteça, o artista considera avançar pela via judicial contra Ricardo Crista e a Câmara Municipal de Setúbal.

O ultimato de Marco Cianfanelli foi feito através de um e-mail enviado a Ricardo Crista e à autarquia sadina, incluindo outras entidades e um jornalista. Sobre este assunto, a autarquia setubalense, contactada por O SETUBALENSE, diz estar ainda a analisar o conteúdo do e-mail. A postura de Ricardo Crista é clara, e garante que não vai aceder a nenhuma das exigências, sendo que a única coisa que até já foi feita foi tirar o nome do artista sul-africano do QR Code, onde o tinha como referência, mas que tudo o resto é “completamente absurdo”.

No documento enviado por Marco Cianfanelli, este não tem dúvidas que a peça de Ricardo Crista não presta homenagem a ninguém, e “em última análise, nem ao próprio Zeca Afonso”. Para o sul-africano, Crista, de forma “decepcionante e bastante insultuosa”, pegou nas suas ideias e designs para criar algo que “não é novo e original, mas uma pobre repetição do aclamado trabalho conceitual de outra pessoa”.

Em declarações a O SETUBALENSE, Crista garante que a acusação não faz sentido, sublinhando que é o mesmo de alguém pintar uma paisagem e depois já ninguém poder pintar paisagens. “Não faz sentido nenhum”, reforça.

O artista sadino está a ponderar avançar pela via legal. “Trata-se de uma difamação, aquilo que me estão a fazer e isso é crime”, realça, explicando que só quer trabalhar, tendo vários projectos em andamento, mas assegura que acusação de plágio tem vindo a prejudicar a nível profissional e por isso mesmo pondera a acusação de difamação a algumas pessoas.

“Para mim é quase um não assunto, só quero poder continuar a trabalhar e ser acusado de plágio é muito mau para um artista. Não é só o artista, devem existir outras pessoas por trás que querem fazer essa difamação”, salienta, reforçando que “a acusação já está a ser encaminhada”, e quando estiver mais avançada decide se vai “mesmo para a frente com isso ou não”.

Técnica Crista explica diferenças entre peças

Apesar da acusação de plágio, que Ricardo Crista diz não ter fundamento nenhum, Marco Cianfanelli insiste que o seu trabalho foi copiado, mas o artista setubalense explica quais as diferenças óbvias que diferenciam estes dois trabalhos.

Enquanto o trabalho de Cianfanelli, de Mandela, cria uma espécie de floresta entre os ferros, estando eles muito distanciados, o de Ricardo Crista está em linha recta, não sendo possível circular entre ferros.

Outra das grandes diferenças é a forma de se ver a peça. O trabalho sobre Mandela só é perfeitamente visível num ponto exacto, ao contrário do trabalho do artista sadino, que tem vários locais de visão. “Ela é vista de frente, de trás e vista de cima. Com toda a sombra projectada vamos ver a cara do homenageado, porque foi virada para um determinado local e estudado para isso”.

Também o formato dos ferros é diferenciado, algo que apenas é visível olhando de perto, como é possível ver nas imagens colocadas.

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