9 Maio 2024, Quinta-feira

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Primeira longa-metragem de Leonor Teles estreia hoje em Setúbal

Primeira longa-metragem de Leonor Teles estreia hoje em Setúbal

Primeira longa-metragem de Leonor Teles estreia hoje em Setúbal

Filme da realizadora vencedora de um Urso de Ouro relata a procura de um abrigo, entre Lisboa e Banguecoque

 

A primeira longa-metragem de ficção da realizadora Leonor Teles, BAAN, estreia hoje, 14 de Fevereiro, no Cinema City, no Alegro Setúbal. O filme chega às salas sadinas depois de uma carreira internacional que começou com a estreia mundial em Locarno e lhe valeu ainda o mais importante prémio do cinema islandês, o Golden Puffin do Festival Internacional de Cinema de Reykjavík.

Produzido por Uma Pedra no Sapato, BAAN é o trabalho mais recente de Leonor Teles, vencedora de um Urso de Ouro com Balada de um Batráquio (2016) e realizadora de filmes como Terra Franca (2018) e Cães que Ladram aos Pássaros (2019).

BAAN conta a história de L (Carolina Miragaia), uma jovem arquitecta, que conhece K (Meghna Lall), uma rapariga de origem tailandesa com perfil de “nómada digital”. O filme acompanha os desafios da vida adulta, a carreira profissional e os traumas dos relacionamentos tornam-se avassaladores.

BAAN, cujo título significa “casa” em tailandês, trata esse espaço, mais afectivo do que físico, que serve de abrigo. “Vem de uma inquietação interior, vem de um lugar de procura do que é que é o sentimento de casa e um sentimento de pertença ou de procura de um lugar no mundo muito desigual e muito rápido, em que também há falta de propósito. Tudo isto tem com esta procura do que é que é a casa e de qual é esse lugar onde nos sentimos bem”, afirma Leonor Teles.

Baseando-se na sua experiência pessoal, Leonor Teles estreia-se na ficção com uma história de cidades (Lisboa e Banguecoque) que deixam de ser casa para as duas personagens, sobre o presente e futuro de uma geração que sente na pele a crise da habitação, a que se juntam outras camadas sociais como a gentrificação e a multiculturalidade que se sente nos grandes centros urbanos.

A realizadora explica, em entrevista a O SETUBALENSE, que escolheu filmar em Lisboa porque mora na capital “há alguns anos”, e sendo a cidade onde habita tinha o “desejo de filmar”. “É a cidade onde eu estou e onde eu caminho todos os dias e vivo a minha vida”.

No que diz respeito a Banguecoque há “várias razões”, sendo uma delas o facto de uma das actrizes principais, Meghna Lall, ter ascendência tailandesa. “Também porque, vivendo aqui no eixo Almirante Reis me deparo com todas estas comunidades que aqui, muitas delas asiáticas, senti que também devia filmar essa Lisboa”, aponta.

“Banguecoque é um território de descoberta, é uma cidade com muitos contrastes, com muita diversidade, mas com uma energia e uma estética que me atraem imenso. O desafio foi, basicamente, encontrar Lisboa na Ásia e encontrar a Ásia em Lisboa, e aproximar esses dois universos”, refere.

A realizadora explica que BAAN surge de um “impulso em perceber como a partilha com uma pessoa pode cicatrizar brutalmente aos 20 anos”. E surge também do “ponto-zero”, ou seja, como se “recomeça a partir daí, como nos comportamos quando conhecemos alguém novo, como sabemos se devemos confiar outra vez”.

Com esta obra Leonor Teles pretende explorar precisamente isso. “Sentimentos com os quais não conseguimos lidar; períodos da nossa vida que nos marcam e afectam para o que resta dela (ou, ingenuamente, assim o julgamos), e o que acontece depois disso, porque no final do dia todos nós já sobrevivemos ao fim”.

Relativamente ao feedback que tem recebido, tem sido “muito positivo”. “As pessoas que vão ver o filme têm apreciado bastante”, esclarece, mas reforça que “mais do que gostar e não gostarem, é importante que as pessoas vão ao cinema”.

Sobre uma possível gravação de um filme em Setúbal, Leonor Teles confessa que por enquanto não é uma hipótese em cima da mesa.

Filmado em 16mm na Tailândia, e com direcção de fotografia da própria realizadora, a estética do filme inspira-se no cinema do cineasta chinês Wong Kar-Wai(link is external), em filmes como “Felizes Juntos” (1997) ou “Chungking Express” (1994).

Da produtora Uma Pedra no Sapato, Leonor Teles assina também o argumento deste filme que é produzido pela Filipa Reis e protagonizado por Carolina Miragaia e Meghna Lall. Depois da estreia mundial na última edição do Festival de Locarno, o filme encontra-se em exibição nas salas de cinema portuguesas em 22 cidades.

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