Líder garante que Chega é um “partido responsável”. Discurso acompanhado por Bella Ciao, som da resistência italiana
O Chega esteve em campanha eleitoral para as legislativas de Março, e acompanhado por Rita Matias, cabeça-de-lista do círculo eleitoral do distrito, André Ventura foi recebido ao som da resistência contra o fascismo.
Nas varandas de um prédio, numa das zonas onde o líder do partido parou para discursar, a música italiana Bella Ciao tocava na recepção ao líder do partido da extrema-direita. Foi no edifício, atrás de André Ventura, que minutos depois da chegada do líder, esta terça-feira, alguém decidiu que era hora de aumentar o volume das colunas para que a rua ouvisse Bella Ciao.
Esta é uma canção popular italiana que se tornou símbolo de resistência contra o fascismo de Benito Mussolini durante o período da Segunda Guerra Mundial, por volta do final da década de 40. A palavra partigiano, que aparece na música, significa partidário e refere-se aos membros do movimento de resistência italiana.
Chega garante que “não se move” por lugares no Governo
Apesar da número um da lista por Setúbal ser Rita Matias, foi André Ventura quem comandou as ‘tropas’ do partido ao longo das ruas.
O líder do partido reafirmou que só viabiliza um governo do Partido Social Democrata (PSD) se houver um acordo de governação com o Chega e até admite abdicar de ministros. No entanto, em sentido contraditório, também admitiu negociar medidas ponto por ponto, ao longo da legislatura.
“Sempre dissemos que só havendo um acordo de Governo é que havia uma maioria, porque percebemos nos Açores que o PSD é incapaz de combater a corrupção”, referiu.
André Ventura assegurou que o Chega “não se move” por lugares no Governo, mas sim por “valores, ideias e políticas”. “Da nossa parte já dissemos que estamos disponíveis, é preciso saber se o PSD está ou não”, salientou.
O partido social-democrata já mostrou não estar disponível, sendo que desta forma André Ventura quer virar a responsabilidade para Luís Montenegro.
“O líder do PSD é que diz não estar disponível e nós é que temos de ficar com esse ónus? O Chega já disse estar disponível, o PSD diz que não, mas a culpa é nossa, isto é das coisas mais ridículas que já ouvi na política portuguesa”, afirmou.
No entender de André Ventura, o Chega já mostrou nos Açores que é um “partido responsável”. “O País deve ser poupado a estar permanentemente em eleições e, portanto, temos um cenário de um orçamento que cai, no caso dos Açores, por haver instabilidade e agora o proponente [PSD], quer ir outra vez sem uma maioria para a governação”, frisou.
As eleições legislativas estão marcadas para 10 de Março. Nas últimas legislativas, em 2022, o Chega foi a quarta força política mais votada no Distrito de Setúbal, ficando atrás do PS, do PSD e da CDU. O partido obteve 9,03% da votação – equivalente a 39.135 votos – conseguindo eleger um deputado pelo círculo eleitoral, ficando com esse lugar Bruno Nunes.
