9 Maio 2024, Quinta-feira

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Obstetra de Sara Santos critica conduta de colega em morte de bebé em Setúbal

Obstetra de Sara Santos critica conduta de colega em morte de bebé em Setúbal

Obstetra de Sara Santos critica conduta de colega em morte de bebé em Setúbal

Médico que acompanhou a gravidez testemunhou no processo em que José Sacramento responde por homicídio negligente

 

O médico que acompanhou a gravidez de Sara Santos, a mulher que veio a perder a bebé após dar entrada no Hospital de Setúbal em Fevereiro de 2018, testemunhou esta quinta-feira no Tribunal de Setúbal no processo em que o obstetra José Sacramento responde por homicídio negligente. “O resultado do Cardiotacograma (CTG) feito quando Sara deu entrada no Hospital de Setúbal obrigava à transferência da grávida para outro hospital ou a uma cesariana de urgência logo após os primeiros 20 minutos, não passadas três horas, como aconteceu”, disse Rui Fialho Gomes, que acompanhava Sara no Hospital São Francisco Xavier e que também era médico prestador de serviços no Hospital de Setúbal.

Sara Santos deu entrada perto das 15 horas no dia seis de Fevereiro de 2018 no Hospital de Setúbal com dor de cabeça, náuseas e diarreia e só perto das 19 horas foi submetida a uma cesariana de urgência, tendo a bebé morrido por anóxia aguda, ou falta de oxigénio.

O médico José Sacramento responde em tribunal por, de acordo com o Ministério Público (MP), não ter procedido a uma cesariana de urgência e transferência da bebé e da grávida para um hospital com Cuidados Intensivos Pré Natais, que o Hospital de Setúbal não tem, logo que Sara Santos deu entrada no hospital. Isto tendo em conta que a bebé com 30 semanas de gestação ia nascer nesse dia, tal como indicava o Cardiotacograma (CTG) ao ritmo cardíaco da bebé, que se mostrava não tranquilizador, considera o Ministério Público.

Rui Fialho Gomes disse que no dia 25 de Janeiro, duas semanas antes do episódio de urgência, atendeu a utente no Hospital São Francisco Xavier e que esta estava bem, de acordo com os resultados da última ecografia realizada. “Ela ligou-me no dia em que se sentiu mal e disse-lhe para se dirigir ao serviço de urgência mais próximo, que era o de Setúbal, e o que esperava era que perante o resultado da CTG, que vim mais tarde a analisar, que fosse logo feita a transferência para outro hospital para o nascimento do bebé”.

Artur de Carvalho, médico obstetra expulso após o caso do bebé Rodrigo, esteve no tribunal esta quinta-feira a testemunhar. Era chefe da equipa de urgência obstétrica no dia em que Sara Santos deu entrada nas urgências e perdeu o bebé, a seis de Fevereiro de 2018. “A utente estava a ser acompanhada pelo meu colega José Sacramento, nunca falei com ela nem acompanhei o seu caso antes de dar entrada no Bloco de Partos e ser realizada a cesariana”, disse em Tribunal o antigo obstetra, agora reformado.

Artur de Carvalho disse que só teve com Sara Santos depois das 18 horas, quando deu entrada no bloco de partos. “Antes não sei o que aconteceu, a utente estava na sala de admissão com CTG e não sei se foi pedida pelo colega a transferência para outros hospitais, sei que esse processo é muitas vezes demoroso, várias horas”.

José Pinto de Almeida, director do Serviço de Obstetrícia quando Sara Santos perdeu a bebé, explicou em tribunal que cabe a cada médico proceder à transferência de grávidas. “Não estive de serviço nesse dia, mas no dia seguinte, o médico José Sacramento disse-me que avançou com esse pedido de transferência”. Ainda assim, não havia registo do pedido, que de acordo com José Pinto de Almeida é feito pelo próprio médico ou através dos telefonistas.

“O CTG mostrava que a bebé não estava bem e a primeira coisa a fazer era a transferência para uma unidade hospitalar com capacidade de receber um bebé com 30 semanas de gestação, de preferência dentro do útero da mãe, para que depois nesse hospital seja realizada a cesariana”, explicou José Pinto de Almeida.  A fase de produção de prova do julgamento de José Sacramento terminou esta quinta-feira e agora seguem-se as alegações finais.

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