9 Maio 2024, Quinta-feira

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Mãe de Jéssica aceita condenação por homicídio mas quer pena mais leve

Mãe de Jéssica aceita condenação por homicídio mas quer pena mais leve

Mãe de Jéssica aceita condenação por homicídio mas quer pena mais leve

Recurso vai ser apresentado ao Tribunal da Relação de Évora

A mãe da menina selvaticamente agredida até à morte em Setúbal em casa de Ana Cristina, Esmeralda e Justo Montes em Setúbal ao longo de cinco dias em Junho de 2022, vai recorrer da pena máxima aplicada pelo Tribunal de Setúbal por deixar a sua filha morrer sem qualquer preocupação.

A advogada de Inês Sanches, Ana Calado Nunes, adianta que a mãe de Jéssica aceita o crime pelo qual foi condenada, homicídio qualificado, mas considera a pena de 25 anos demasiado elevada, razão pela qual vai dar entrada com um recurso ao Tribunal da Relação de Évora.

Os fundamentos do recurso não são conhecidos e ainda estão a ser preparados pela advogada oficiosa de Inês Sanches, que a arguida decidiu manter para apresentar o recurso nesta nova fase do processo. A ausência de indícios criminais pode ser um dos argumentos apresentados para tentar uma diminuição da pena.

Inês entregou a filha aos homicidas a 14 de Junho de 2022 por motivos que não se vieram a apurar, mas que não foram importantes. No acórdão do Tribunal de Setúbal, pode-se ler que Inês nunca procurou ajuda, nem quando se deslocou à casa dos agressores no dia 19 e “percepcionou o seu estado já moribundo com sinais de tortura, retomando a sua rotina normal, saindo ludicamente nessa noite com o companheiro, nem no dia seguinte de manhã, quando os co-arguidos, percebendo que Jéssica ia morrer, diligenciam pela sua rápida entrega.

Uma vez mais constatou o seu estado moribundo, mas optou por levá-la para casa e esperar mais 5 horas até finalmente chamar auxílio médico”. No caminho para casa, tinha a GNR, PJ e o hospital, onde podia pedir ajuda.

No Tribunal, o Juiz Pedro Godinho, considerou que a culpa de Inês foi a mesma de Cristina, Esmeralda e Justo Montes, os três que torturaram Jéssica com 150 pancadas, golpes, puxões, picadas, beliscões, esfacelos e pequenos cortes.

“O grau de ilicitude foi muito elevado quanto a todos os arguidos”. Jéssica foi espancada na sola dos pés, socada na zona púbica, foi-lhe vertido líquido fervente sobre o nariz, buço e boca e a sua cabeça foi embatida contra superfície dura, tendo sido aventada a possibilidade, não confirmada, de ter sido agarrada pelos pés e arremessada contra a parede como se fosse ela própria um objecto contundente”.

“A vítima era uma criança de 3 anos, e os arguidos, e por acção quanto a cada um e por omissão no que quanto aos outros não lograram impedir, torturaram com a mais grave das consequências que se possa imaginar traduzida na morte após longo e atroz sofrimento”, considerou o Juiz Pedro Godinho.

O motivo da entrega de Jéssica aos arguidos não foi provado, mas para o tribunal, tal não foi importante para aplicar a medida máxima ao crime que chocou o país. “Inês desprezou sempre o superior interesse da sua filha em detrimento do seu.

Ao produzir-se a chamada para a emergência médica na tarde de dia 20, Jéssica geme e arguida sabia que estava a morrer, mas ciente de tal, colocou sempre o seu interesse e bem-estar em primeiro lugar. O discurso, dispensando comentários traduz que para Inês, havia que garantir a sua desresponsabilização sobre o que viesse a acontecer a sua filha”.

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