30 Abril 2024, Terça-feira
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Catarina Branco é a bailarina de Dança Oriental mais premiada do país

Dizer que a dança lhe está no sangue é dizer pouco. “É como respirar”. Aprendeu os primeiros passos nos ginásios, subiu às academias e hoje conhece os palcos das maiores competições internacionais. Com 24 anos e quase vinte prémios, é bailarina profissional, coreógrafa e professora de Dança Oriental. Catarina Branco vai actuar na Festa Jovens Revelação, sendo um dos 14 jovens distinguidos este ano pelo município

 

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DIÁRIO DA REGIÃO: Como te sentes a dias de receber o prémio de Jovem Revelação?

Catarina Branco: O facto de ter sido considerada para receber agora este prémio da Câmara Municipal de Setúbal deixa-me muito feliz, não só por aquilo que eu conquistei, mas também pela Dança Oriental. Este prémio significa que reconhecem a Dança Oriental como uma dança como as outras. Em Setúbal, com base nos espectáculos que já fiz com as minhas alunas, sinto que o público se tem interessado genuinamente pela Dança Oriental.

 

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És a bailarina portuguesa mais premiada. O que representam os prémios?

Os prémios representam muito o reconhecimento das pessoas e dão-me a confiança de que aquilo que estou a fazer é bom e as pessoas gostam. Agora tenho recebido formação, fatos de dança e oportunidades para actuar em espectáculos e festivais, o que me permite poupar dinheiro – a formação e os fatos são muito caros – e são oportunidades para evoluir no meu trabalho.

 

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Que reconhecimento te dão pelo teu trabalho no estrangeiro?

As minhas alunas apoiam-me muito e ficam orgulhosas de terem uma professora que ganha prémios internacionalmente. Algumas pessoas da área, como bailarinos ou organizadores de eventos, seguem efectivamente o meu trabalho, dão-me os parabéns e incentivam a continuar. Até sinto mais o reconhecimento de outras bailarinas que não fazem aquilo que eu faço, mas o facto de conseguir estes prémios passa um pouco à margem da comunidade portuguesa de Dança Oriental. Ou se não passa, pelo menos não expressam. Calculo que isso tenha a ver com o facto de os portugueses serem muito fechados. Sinto muito mais o reconhecimento lá fora.

 

Quando é que começaste a participar nas competições?

A primeira competição em que participei foi o festival East Fest Lisbon, em 2011, na categoria de Amador e quando ainda só tinha dois anos de experiência. Concorri contra sete bailarinas, ganhei e foi aí que fiquei com o bichinho das competições. Já participei em 19, das quais tenho 15 prémios, cinco ganhos este ano. A última foi o Oriental Dance Weekend, em Lisboa. Ganhei em Solo Profissional, a concorrer com quase vinte pessoas, e em Grupo, tendo sido avaliada por jurados internacionais.

Como vives os papéis de bailarina, coreógrafa e professora de Dança Oriental?

Desempenho cada um dos papéis da mesma maneira: com paixão, dando tudo de mim. Quando danço, quero libertar as minhas emoções e chegar às pessoas. Quando faço coreografias, ouço uma música e penso na história que ela me está a contar e como é que eu posso contá-la através da Dança Oriental. Como professora, a dar aulas em Lisboa e Setúbal, sinto que transmito a paixão e o testemunho da Dança Oriental às minhas alunas.

 

Quando surgiu a tua vocação para ensinar?

Quando decidi que queria levar a sério o trabalho na Dança Oriental também já tinha o foco no ensino, sempre foi uma coisa que eu gostei de fazer. Comecei a dar aulas o ano passado, quando senti que já tinha a técnica mais consolidada. É uma oportunidade de aprofundar o meu conhecimento e passar isso para as minhas alunas. Estou a trabalhar para evoluir na dança e ao mesmo tempo para evoluir no ensino.

 

Ficaste fascinada pela Dança Oriental depois de assistir a uma aula…

Tinha 16 anos quando me inscrevi num ginásio para fazer exercício. A certa altura assisti a uma aula de Dança Oriental e fiquei fascinada com a elegância e delicadeza dos movimentos, muito suaves e naturais. Fui experimentar e nunca mais parei até hoje. Depois, durante um ano de aulas com uma professora, aqui em Setúbal, despertei para a paixão da dança. Acordava todos os dias para dançar e via as coreografias no YouTube. Quando fui tirar a minha licenciatura em Gestão, na NOVA School of Business and Economics, em Lisboa, comecei a ter aulas com a Sara Naadirah e essa foi uma das melhores decisões que tomei na minha vida. Ela ensinou-me a dançar, não há melhor maneira de dizer.

 

Como bailarina profissional, que condições já consegues ter?

Como bailarina profissional já consigo extrair rendimentos da minha actividade, especialmente desde que criei o meu website, comecei a divulgar a minha marca, a dar aulas e a dançar em estabelecimentos. O meu objectivo é construir uma carreira internacional, indo aos festivais lá fora, dando formação e a ser jurada nas competições.

 

E no nosso país, como é ser bailarina profissional de Dança Oriental?

Em Portugal temos de valorizar esta dança e educar o público, porque além de um grande desconhecimento, ainda existe a mentalidade de que a Dança Oriental é uma dança de sedução do homem, mas não tem nada a ver, nem sequer é erótica nem exótica: é uma dança feminina com origem em rituais religiosos. Por outro lado, o desafio também é desenvolver o ensino da Dança Oriental no país.

 

O que é que a Dança Oriental representa na tua vida?

A Dança Oriental, para mim, é uma paixão. É como respirar. Sinto que tive a sorte de entrar num ginásio com 16 anos de idade e ter encontrado a minha paixão. Há muita gente que chega aos 40 ou 50 anos e não encontrou ainda a sua paixão de vida. Eu sinto-me sortuda por ter conseguido isso. Por outro lado, a Dança Oriental deu-me tudo e mais alguma coisa: deu-me confiança, abriu-me horizontes, tornou-me mais madura e melhor pessoa. A Dança Oriental, para mim, é tudo.

André Rosa
Jornalista
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