20 Maio 2024, Segunda-feira

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Caminhar com Sebastião da Gama

Caminhar com Sebastião da Gama

Caminhar com Sebastião da Gama

Gosto de imaginar e pensar nas coisas, também nas coisas do conhecimento, como se estivesse em viagem. Há sempre um ponto de partida, um começo, algumas vezes por um percurso já batido, rotineiro, outras, que esperamos as mais desafiantes, numa jornada rumo ao desconhecido. É verdade que o ponto de partida é, já ele, conhecimento. Mas, para quem tem gosto no caminhar, o conhecimento do lugar de onde se parte sabe a pouco. É preciso ir mais além, para o outro lugar onde mora o mistério, outros mundos que fazem expandir o espaço e parecer o nosso mundo um lugar exíguo. Move-nos, nessa busca, o desejo de mergulhar mais fundo, subir mais alto, derrubar barreiras, saltar fronteiras. Tem sido assim a minha caminhada na descoberta do mundo. E foi também assim que cheguei a Sebastião da Gama.

A banda In Situ tinha entrado, a partir de 1993, pela poesia de Bocage, musicando oito sonetos do Vate Sadino, apresentando-se, depois, ao público, em 1994, com três concertos marcantes sob o lema “Evocação de Bocage”.  Com estes concertos, focados na palavra de um poeta, a que se acrescentava a poesia e a pintura ao vivo, iniciou-se um ciclo virtuoso que viria a estender-se no tempo, até aos dias de hoje. Em 1996, ainda sob a chancela In Situ, a abordagem desta forma de expressão musical e poética chegou à poesia de Sebastião da Gama. As Rosas, As Serpentes, Quem me quiser Amar, Soneto do Tempo Perdido, A Corda Tensa que Eu Sou (poemas de “Serra-Mãe”, 1945), Elegia Segunda (poema de “Cabo da Boa Esperança”, 1947) e O Sonho (poema de “Pelo Sonho é Que Vamos”, 1953) foram as primeiras composições a ser levadas ao público, também elas acompanhadas de declamação e pintura ao vivo.

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Levada pelo In Situ, a poesia de Sebastião da Gama andou em digressão em concertos desde Setúbal e Azeitão, onde começou, até Lisboa e Açores. Em 2002, o In Situ deu lugar ao e-Vox, grupo que procurou, numa sonoridade mista de referências de música contemporânea, ambiental e erudita, associar também às suas composições a poesia de grandes poetas portugueses, com uma especial incidência em poetas do arco Arrábida, Azeitão e Setúbal. Em 2012, mercê do trabalho continuado sobre a poesia de Sebastião da Gama, o e-Vox gravou um trabalho discográfico, o CD “Pelo Sonho é que Vamos”. Depois dos concertos, a música do e-Vox chegou, em 2022, ao cinema, com a estreia do filme “Itinerário – O meu caminho até Sebastião da Gama”, de Alberto Pereira.

Passo a passo, através da música, do cinema e de outras formas de expressão artística, como quem deambula por dentro do imenso espaço poético de Sebastião da Gama, fui-me chegando à vizinhança do Poeta. Quando partimos para uma jornada rumo ao desconhecido, muitas vezes nem um vislumbre de caminho nos serve de guia. Depois, há o caminhar e no acto de andar o horizonte estende-se, alarga-se em dimensões nunca antes adivinhadas. A pouco e pouco, a luz que resplandece nos versos do Poeta, revela-se e vai fazendo caminho connosco. Tem sido assim, calcorreando por veredas e atalhos, que me fui aproximando de Sebastião da Gama.

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