9 Maio 2024, Quinta-feira

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Espelho meu, espelho meu, há alguém mais tacticista do que eu?

Espelho meu, espelho meu, há alguém mais tacticista do que eu?

Espelho meu, espelho meu, há alguém mais tacticista do que eu?

Desde dia 10 de Março que todos procuram o que não têm e querem o que não podem. O PS procura no bolso o deputado que lhe dê a vitória. A AD sem o “N” perdeu votos importantes, como quem dá por falta das chaves quando vai abrir o carro. O Chega encontrou o deputado do PS e tem as chaves da AD, mas não tem carta. A IL não quer ser pendura e a esquerda não aceita que AD conduza sob efeito de interjeições.
No Montijo há quem tenha e possa tudo, acham que podem enfiar todos os partidos juntos e baralhados no mesmo saco, sem se distinguirem. Só importa que eles são os donos da Direita e vão ganhar de certeza (o quê? Logo se vê!). Ser dono de um espaço político, é o mesmo que comprar um terreno em avos: não sabemos o que é nosso, nem quanto e não temos nada.
É claro, escrevo sobre a coligação que João Afonso deseja a “ADEGA” (PSD+Chega). O presidente do PSD Montijo adiantou-se aos deputados, à Distrital e aos militantes do Montijo que ainda podem escolher outro PSD antes das autárquicas. E a cereja no topo do bolo foi a ultrapassagem pela “direita” ao Primeiro-Ministro. Um truque clássico de João Afonso, que corre para a imprensa, como a criança que chega primeiro à professora para fazer queixinhas, pois pensa que falar primeiro é estar certo.
Não quero juntar mais uma voz à turba de histéricos, rasgar as vestes no meio do choro e ranger os dentes. O eleitorado do Chega não é radioativo nem tem lepra, é um eleitorado como os outros, mas o PSD não pode seguir a lógica do “não consegues vencê-los junta-te a eles”. Esta tentativa revela apenas desespero e necessidade de recuperar terreno perdido. É com tristeza que, como militante do PSD, vejo a Política transformada em Matemática.
A ligeireza com que se “compra” milhares de votos é reveladora de quem se considera proprietário dos eleitores que nele votaram. Quem é que disse que os dois eleitorados são compatíveis e que é só somá-los? Quem é que disse que os votos em legislativas se transferem para autárquicas?
Ao mostrar publicamente saber fazer contas de somar, esqueceu-se que a Política não é só Matemática. Primeiro, cada eleição é única, e segundo, ninguém fica com os votos no bolso. Não nos esqueçamos que o Chega ficou à frente do PSD nas legislativas no Montijo – assim, na lógica de João Afonso, será que o cabeça de lista deve ser indicado pelo Chega?
Este foi mais um tiro ao PSD, que não surpreende quando se falta a toda a campanha eleitoral e quando se mantém o “Quinta às 10” em dia de debate no Cineteatro Joaquim de Almeida. Salazar é que disse, mas é João Afonso que vive “orgulhosamente só”.
A posição de João Afonso não é consensual no Montijo, a começar por mim. Esta manobra só revela a falta de confiança que tem no PSD: comporta-se como se fosse um privilégio tê-lo como candidato. O Vereador sabe que o tempo está a esgotar-se, esta é a sua última oportunidade, mas começa a pagar os erros do passado – por isso quer os votos do Chega – para não ser recordado como o vereador Danoninho, a quem faltou um bocadinho.
O que retiro desta manobra tática é: João Afonso achou que era o momento ideal para iniciar o leilão dos votos à Direita e fez o primeiro lance. Assim, pensa que poderá compensar os votos que perdeu com anos de purga no PSD, mas não é com tacticismo e coligações baratas que lá chega. Pelo contrário, demonstra que no n.º 23 da Praça da República o bem comum foi substituído pela obsessão pessoal de um homem só.

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