10 Maio 2024, Sexta-feira

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O Dia de Portugal e de Camões

O Dia de Portugal e de Camões

O Dia de Portugal e de Camões

Passou mais um dia comemorativo de Portugal e de Camões! É um dia que devia ser sentido por todos nós com consideração e – porque não? – com vaidade, apesar do nosso País estar vivendo uma gravíssima crise nos mais variados aspetos.

O nosso Presidente da República, e quem com ele delineou a comemoração, fizeram um trabalho louvável ao levar as comemorações para o interior do nosso País razoavelmente ao abandono da “governança”. E ainda mais interessante ter sido escolhido o nosso Douro vinhateiro.

Um Douro pleno de paisagens e de monumentos reconhecidos como “patrimónios da Humanidade pela Unesco”. Um Douro belíssimo sob o ponto de vista paisagístico. Um Douro onde se produz uma das maiores riquezas do nosso País: o Vinho do Porto e. desde há tempos, muitas e variadas qualidades de outros vinhos de mesa.

As comemorações fizeram assim incidir os “holofotes” do País e dos meios de informação para o interior bastante abandonado.  Foi bonita a festa, o povo afluiu e os discursos dum vinhateiro de cabelo branco e voz um pouco trémula e do nosso Presidente da República, tiveram mérito. Como se tratava do Dia de Portugal estavam as autoridades nacionais ao lado – como é evidente – dos comandos militares, com as suas fardas de festa e as respetivas condecorações, e a maioria do nosso governo.

Para além de como português, que tem dado muito ao País, como jornalista “reformado” – já fui diretor de dois jornais e até já tive Carteira de Jornalista e sou um amante da liberdade de imprensa (ou não tivesse vivido a minha carreira de jornalista sob ditadura!) – sinto-me impelido a criticar alguns dos jornalistas que fizeram a cobertura do importante acontecimento.

Assim que foi declarado o fim das celebrações (que eram nacionais) alguns jornalistas “caíram em cima” do nosso Presidente da República com insistentes perguntas sobre as “tricas” do nosso Governo: “O que me diz aos assobios ao Galamba?”, “esteve bem ao lado do primeiro-ministro?” (e as máquinas dos operadores de imagem quase aos ombros do Presidente ou do primeiro-ministro. E “que me diz aos protestos dos professores?”. “E acha que o Galamba não devia ter aparecido?” e um ou uma metia pelo meio do grupo o seu microfone. “E o que me diz sobre a demissão da diretora do SIS?”. E a mole humana de fardas de festa e vestidos a rigor continuava serena e indiferente a tanto zelo informativo.

Marcelo, o alvo privilegiado, caminhava indiferente ou dizendo algo sobre um carro blindado ou parava para uma selfie com meninas ou senhoras que se punham a seu lado. Alguns ou algumas jornalistas dão a entender que têm na sua mente uma história já elaborada, por notícias ou boatos que correm pelas redes e querem à viva força que o visado lhes dê a resposta que dê crédito á sua história! E daí toda aquela sofreguidão e persistência sobre o seu “alvo”, uma frase confirmativa para uma boa abertura dum telejornal ou um bom cabeçalho de jornal.

Admiro a profissão de jornalista. Aprecio o jornalismo de investigação que tem trazido à luz do dia tantas trafulhices de alto gabarito contribuindo assim para a moralização dos nossos costumes e dos procedimentos que têm andado pela “rua da amargura”, com a intervenção de gente que devia ser responsável. Admiro trabalhos que levam, quantas vezes, anos a esclarecer e muito trabalho de procura e investigação. Muito devemos ao jornalismo! Mas isto nada tem a ver com aquele “ataque agressivo” a que me referia no início desta reflexão.

Muitas vezes não me sai dos olhos a imagem do nosso Presidente lambendo o seu cone de gelado com uma câmara de televisão à frente e outra sobre um dos seus ombros e quatro ou cinco jornalistas massacrando-o com perguntas sobre a comissão de inquérito – e admiro a sua calma lambendo o cone do gelado e comentando, indiferente, que “sabia a baunilha”!

Muitas vezes digo que quem não viveu a ditadura não aprecia o que é verdadeiramente a Liberdade e a liberdade de imprensa, mas sejamos comedidos na nossa nobre missão de informar!

E o nosso Luis de Camões merece que lhe demos o devido relevo ao fazer da nossa história uma jóia da literatura universal! Sejamos comedidos.

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