9 Maio 2024, Quinta-feira

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A revolta dos computadores

A revolta dos computadores

A revolta dos computadores

Mais de uma centena de cientistas das coisas de alta tecnologia escreveram uma carta/manifesto solicitando que os seus companheiros, artífices da inteligência artificial (AI), façam uma paragem de seis meses nas suas investigações e invenções para se poder ponderar bem até onde podem ir os malefícios desses progressos tecnológicos.

Na realidade, a AI está a desenvolver as suas capacidades, até de improvisar, a uma velocidade alucinante. As suas potencialidades estão a surpreender os seus inventores com raciocínios e respostas próprias e imprevisíveis até pelos construtores desses supercomputadores. A par dos progressos científicos e tecnológicos, veio a miniaturização a tal ponto que todas as potencialidades podem ser postas em prática em mini-robos. Estamos perante um verdadeiro mundo novo!

Ao ser possível dispor de milhões de dados nas suas memórias, ao tornar-se quase instantânea a associação desses dados, surgem as respostas quase imediatas. Mais, com essas possibilidades os super-robos tornam possível verdadeiros raciocínios e verdadeiras capacidades de criação. Isto é; a AI pode muito bem superar a capacidade de raciocínio e de poder criativo do próprio ser humano!  Até os super-cientistas estão – pelos vistos – a temer a perda do controle dessas super-máquinas!

Isto é assustador para o cidadão normal, de inteligência e conhecimentos acima da média, mesmo familiarizado já com o poder e as possibilidades dos que chamamos, indevidamente, de telemóveis! E o cidadão comum não tem a percepção deste perigo, duma possível “revolta dos computadores”, isto é, da muito próxima possibilidade de sermos conduzidos, ou governados, pela super-inteligência artificial que não tem capacidade para distinguir a verdade da mentira, o bom do mal, o justo do injusto, que não tem valores morais nem pode saber que algo tem de ser preterido por ofender a “dignidade do ser humano”.

E, se pensarmos que os nossos jovens e até a maioria dos adultos actualmente, não lê, não estuda, pouco ou nada sabe do processo evolutivo do ser humano no decorrer dos seculos, estamos perante uma quase total inexistência de capacidade de crítica às decisões com origem “mecanizada”. Alem de que este progressivo crescimento das capacidades e do poder das tecnologias tem tido um verdadeiro poder sedutor nos normais seres humanos – tudo parece facilitar-lhes a vida! E, na verdade, que seria hoje de nós sem automóvel, sem telemóvel (5G), sem aviões, sem a variedade de maquinas nas nossas cozinhas, e – dirão outros – sem foguetões, sem energia atómica, sem “chips” e muitas outras maravilhas da tecnologia? Usada para o bem e para o mal!

Mas o facto de mais de uma centena de cientistas mostrarem este receio deixa o cidadão comum a pensar. Será que realmente ainda vai ser possível assistirmos a “uma revolta dos computadores”? Será que os seus criadores lhe perdem mesmo o controle? Não aconteceu isto para quem acredita que existe um Criador de tudo isto? Não predominam as forças do mal sobre o bem? Não vemos à nossa volta tudo em revoltas, em greves, em protestos, em violências e guerras? Não poderão as “super-inteligências” “assumir-se” e desligar-se dos seus criadores?

Quem me ler não pense que sou um super-conservador, que desprezo o progresso. Bem longe disso, pois toda a minha vida lutei por algo que poderei chamar de progresso e tenho proclamado, como Camus, que “é preciso mudar este mundo e depois mudar este mundo mudado”. Mas confesso que a chamada de atenção da tal centena de cientistas de alto gabarito me deixou um certo mal-estar! Certamente pela instabilidade do nosso mundo actualmente e pelo sinal de mal-estar geral que se sente nas manifestações de vária natureza que vemos diariamente nos telejornais

E não é que até a própria Natureza anda agitada? São tufões, uns após outros, na América, são tremores de terra, são erupções de vulcões há muito parados, é o degelo dos polos e a subida do mar, são as estações do ano que perderam a sua regularidade, são inundações e sei lá que mais. Também dizem que em 50 anos, se tudo seguir assim, este mundo se torna inabitável!

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