9 Maio 2024, Quinta-feira

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O fenómeno “greenwashing” (lavagem verde)

O fenómeno “greenwashing” (lavagem verde)

O fenómeno “greenwashing” (lavagem verde)

A sustentabilidade e a transição climática são os temas fulcrais das próximas décadas, para não referir mesmo do próximo século. Cada um de nós acaba por ter noção, no seu quotidiano, que as alterações climáticas estão a ter impactos substanciais na qualidade de vida de todas as comunidades e países, afetando, naturalmente, também os recursos naturais do planeta, fauna e flora.

Mais do que se redigirem leis, planos de mitigação, diretivas europeias e projetos municipais, urge que a formação e sensibilização seja feita junto daqueles que, por algum motivo, têm acesso a menos informação ou acesso a meios/métodos mais ecológicos. Mais importante ainda é que a informação seja transmitida de forma clara e precisa, por meios fidedignos, que não alimentem a crescente onde de “greenwashing”.

O greenwashing surgiu através, nomeadamente, de grandes empresas com a publicidade falaciosa e mal-intencionada de fazer passar uma falsa imagem de sustentabilidade e preocupação ambiental que, efetivamente, não existe e não é real.

Rótulos com meros indicativos como “ecológico” ou “biodegradável” não são, necessariamente, indicadores essenciais que certificam dado produto como mais sustentável ou mais ecológico, gerando menos impacte ambiental na sua produção. Pelo contrário, usualmente, este tipo de empresas ou entidades operam de forma flagrante contra o ambiente e políticas de trabalho desadequadas, contribuindo para as alterações climáticas e aquele que é o seu impacto negativo e nocivo. O exemplo claro que se tem passado nas últimas semanas é a “perseguição” feita às grandes empresas da fast fashion, onde as autoridades para o consumo começam a exigir explanações mais concretos, clara e corretas dos métodos de produção dos produtos; há uma contradição evidente entre “produção sustentável” vs. produção real.

Em março de 2020, a Comissão Europeia publicitou um novo “Plano de Ação para a Economia Circular”[1], permitindo à Europa adotar medidas para um novo crescimento climático, com o fim de chegar à neutralidade climática até 2050. Neste plano, muito diretamente, a prática do greenwashing é abordada, exigindo que as marcas comprovem aquilo que publicitam, isto é, se utiliza materiais sustentáveis, políticas de produção eficientes e com pouco impacte ambiental ou que existe um menor impacto carbónico, por exemplo.

O ato diário de cada um de nós na adaptação de um novo modelo mais sustentável é inevitável e necessária, no entanto, em termos globais, as nossas atitudes individuais apenas vão mudar e impactar mentalidades para a construção de um futuro melhor e, necessariamente, mais sustentável.

O ónus deste encargo “verde” é, muitas vezes, entregue somente às novas gerações, vulgo millennials, o que não deve ser a conduta mais adequada para conseguirmos avançar positivamente rumo à neutralização tão ambicionada. Precisamos, cada vez mais, de líderes governamentais e de empresas que se destaquem e tenham o pulso e a mentalidade de querer acompanhar estas mudanças, e que tudo isso seja transmitido da forma mais clara e gritante na maneira como lideram, com a presença que têm na comunidade e no mercado, na redação de leis.

Todos somos necessários; cada passo conta.

[1] Novo Plano de Ação para a Economia Circular (europa.eu)

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