‘A Garota Não’ foi a escolha do público para Figura do Ano na categoria de Cultura
A cantora e compositora teve um ano repleto de prémios e concertos, incluindo um ciclo de espectáculos em Lisboa e Porto. Um dos prémios foi da Sociedade Portuguesa de Autores. Outro foi um Globo de Ouro. Na gala da SIC foi distinguida na categoria de Melhor Intérprete e, quando subiu ao palco para receber o galardão, a artista sadina fez questão de lembrar as suas raízes. “Eu sou do 2 de Abril, que é um bairro lixado, em Setúbal. Espera só um bocadinho até ao final” começou por avisar. Depois, declamou um poema com frases de intervenção, como “saibamos agradecer aos bancos os juros que nos cobram na habitação” e concluiu confessando que a sorte tem-lhe “dado muito trabalho”. Um dos “feitos” d’A Garota Não’ no ano passado foi integrar o Encontro da Canção de Protesto, em Grândola, ao lado de nomes como Vitorino ou Miro Casabella. Cátia Mazari Oliveira, setubalense, nascida no Hospital de São Bernardo, passou a infância e adolescência no Bairro 2 de Abril, entre a Terroa e a Bela Vista.
Nasceu em 1983, nove anos depois do 25 de Abril, mas essas raízes sociais formaram a pessoa e conformaram a sua música. Por isso mesmo, em 2022 lançou o seu segundo CD, intitulado, precisamente ‘2 de Abril’, que fez o seu caminho e consolidou ‘A Garota Não’ como um nome incontornável da nova música portuguesa. “Pelas visitações feitas – a Eugénio de Andrade, Criolo, Fausto, Francisca Camelo ou José Mário Branco, homenageado na última composição -, pela vida que nele perpassa, pela dose de vivências sugeridas, pelos sentimentos que povoam os seus 70 minutos de música, canto (em que também entram as vozes de Xullaji e Ohmonizcente) e poemas, este ‘2 de Abril’ de ‘A Garota Não’ é experiência cuja intensidade se sente contra o conformismo e em prol do compromisso.”, como escreveu João Reis Ribeiro nas páginas d’O SETUBALENSE. O prémio de Figura do Ano na categoria Cultura foi entregue por Pedro Pina, vereador da Cultura na Câmara Municipal de Setúbal.