30 Abril 2024, Terça-feira
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Filipe Damasceno: “A Câmara Municipal do Seixal serve de sustento a um partido há 40 anos”

Cabeça-de-lista da coligação ‘Seixal às Direitas’ quer cumprir quatro décadas em quatro anos

 

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Filipe Damasceno, do Partido Democrático Republicano (PDR), é o cabeça-de-lista às autárquicas de Setembro pela coligação “Seixal às Direitas”. As outras formações políticas que compõem a coligação são o CDS-PP, a Aliança e o Movimento do Partido da Terra. O candidato, sendo natural de Salvador da Bahia, no Brasil, possui também nacionalidade portuguesa e reside no Seixal há década e meia. Tem 30 anos, é programador informático e proprietário da empresa unipessoal de desenvolvimento de software ‘Damascode – Digital Agency’, com sede no Seixal. Damasceno filiou-se, em 2014, no Partido Socialista, que abandonou cinco anos depois. Já este ano, decidiu aderir ao PDR. Diz querer “cumprir quatro décadas em quatro anos”, sendo este o lema da coligação. Afirma, ainda, ser capaz de “pôr fim à estagnação do concelho e acabar com a usurpação do património do Seixal por uma máquina partidária”.

O que o move a aceitar um desafio eleitoral desta dimensão?

Quero dizer, antes de tudo, que a minha candidatura surgiu na sequência de um convite da direcção nacional do partido, e só a tornei oficial depois de alcançar um apoio alargado de todos os partidos que formam a coligação. Por outro lado, acredito que nenhuma das outras é a candidatura necessária. A Câmara Municipal do Seixal serve de sustento a um partido há quarenta anos, e está estruturada para que assim seja. Trata-se de uma política que já não tem espaço no século XXI. Há que vencer os vícios dos interesses partidários. No fundo, é tudo isto que explica a minha candidatura.

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Qual é a base de sustentação da campanha de “Seixal às Direitas”?

Como membro do PDR, afirmo que a minha candidatura é francamente de direita. Portanto, no Seixal, ser-se de direita só tem sentido quando colocamos como objectivo endireitar o que está mal. A minha candidatura pugnará por mais qualidade de vida para o concelho, que se tornará num grande pólo de atracção de investimento, com a consequente criação de mais postos de trabalho. O concelho tem de mudar porque se transformou, em grande parte, num dormitório e num foco de imigrantes pendulares. Quero dizer, as pessoas vêm ao concelho para dormir e logo dele saem para trabalhar. Até aos fins-de-semana tal se observa. O concelho não tem um hospital, nem hotéis. Em termos de turismo, perdemos para todos os concelhos. Ora, nós propomo-nos a alterar este estado de coisas.

Que modelo de desenvolvimento defende para o concelho?

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Um modelo assente na captação de investimentos e na rápida execução dos mesmos. O nosso programa, que realmente está muito bem elaborado, contempla a resolução do problema das AUGI (Áreas Urbanas de Génese Ilegal), que se arrasta há demasiado tempo. Vamos dar atenção à eficiência energética, sobretudo, no que toca à população mais idosa, que não tem condições nem dinheiro para dar mais conforto às casas onde vive. Nesta área, será preciso trabalhar com o Governo. A Câmara do Seixal devia levar isto em consideração, até porque sabemos que há idosos que morrem com o frio. A nossa Agenda Local 21 prevê um Seixal inteligente, com um urbanismo sustentável, orçamento participativo, implicando nestes as associações e os movimentos da sociedade civil. Nós vamos pôr em prática um plano da captação de empresas nunca visto. Só impulsionando a economia local teremos recursos para cumprir quatro décadas em quatro anos. Há candidatos que prometem grandes obras. Todavia, se não se enquadrarem num plano de trabalho bem elaborado, poderão vir a traduzir-se em mais impostos, redução de investimentos no sector público e congelamento de carreiras. Tenho falado com funcionários públicos, que não escondem a sua grande preocupação.

Que mais critica na gestão autárquica da CDU?

A Câmara do Seixal é um partido. Vê-se nos concursos, por exemplo. Trata-se de uma amputação da vida democrática. Vamo-nos empenhar em pôr cobro a isto, em acabar com uma gestão submetida a interesses partidários. Quanto ao que me diz respeito, sinto-me capaz de trabalhar mais, melhor e mais honestamente, sinto-me capaz de empurrar o concelho para o salto de desenvolvimento de que precisa há muito. Contudo, a taxa de abstenção nas eleições, talvez por falta de lideranças, constitui um perigo.

Que explicação poderá dar para a longa permanência da CDU na gestão da Câmara Municipal?

Talvez seja a descrença numa alternativa ao longo destes anos todos. Depois, há a questão cultural, que o Partido Comunista sabe trabalhar muito bem. Nós também usamos como símbolo o cravo branco, pois os nossos caminhos são diferentes. Seja como for, estamos prontos para desmistificar e buscar alternativas mais válidas. Neste momento, essa alternativa existe e é mais consistente.

Caso seja eleito, ou esteja em posição de tomar medidas, quais as mais urgentes?

Primeiro, e como já disse, converter o concelho num pólo de atracção de desenvolvimento. Segundo, não acredito na extinção do IMI, como defendem outros candidatos. O que nós propomos é a devolução de parte do IMI [Imposto Municipal sobre Imóveis] através do Seixal Voucher. Pelo menos em 50 por cento. Esse voucher poderá ser gasto em qualquer casa comercial do concelho, serviço público ou associação. Seria uma medida visando impulsionar o comércio local. Devolver aos cidadãos também parte do IRS. E, muito importante, levar para a frente a construção do Hospital do Seixal e outras infra-estruturas prometidas há décadas. E, repito, tudo isto seria para cumprir nos primeiros quatro anos de mandato.

Em termos de realizações, qual o seu sonho, mesmo que hoje lhe parece impossível de materializar?

Fazer do Seixal um Mónaco, claro está que com o seu grande prémio. As casas, por exemplo, passariam a valer milhões…

Quando se fala no Seixal, é quase obrigatório falar no hospital por construir, apesar de prometido desde há muito. A seu ver, o que é preciso para desbloquear o processo?

Nós temos um plano apontado para adquirir mais autonomia, no início da construção. É o programa mais eficaz que eu já vi para dar solução a este ponto. Se for preciso ajuda do Partido Socialista, e ele a der, até proponho que o estabelecimento se chame Hospital António Arnaut, em homenagem ao fundador do Serviço Nacional de Saúde. A construção do Hospital do Seixal é um imperativo, até porque estamos numa zona sísmica de risco. Se acontecer um cataclismo, um terramoto, por exemplo, o concelho pode ficar isolado, caso o hospital não esteja em funcionamento. Há dinheiro que entra na Câmara do Seixal, todos os anos, para a construção do hospital, dinheiro que ninguém vê, mas que poderia servir para lançar a obra. Ora, como não há dinheiro, o projecto vai encolhendo, tanto em espaço como em valências, vai perdendo capacidade de resposta. Mais uma razão para mudarmos esta administração de décadas. É por me sentir tão indignado, recusando seguir estes vícios, que encaro a concretização da minha alternativa como uma missão.

Como vê a ascensão, no País e um pouco pela Europa, da extrema-direita?

Temos de contrariar este tipo de populismo, que surgiu como o canto da sereia. E, perante ele, reconheçamos que todos nós estamos a falhar de forma contundente. Acho que temos de romper com a velha política, de forma honesta e limpa. Só assim poderemos dar combate a estes populismos, que atiram irmão contra irmão, rico contra pobre.

O que sente ao analisar as percentagens alcançadas nas últimas eleições pelas outras formações políticas?

Digo, apenas, que nos tem surpreendido a adesão das pessoas às nossas acções de campanha. Quando tomam conhecimento das nossas propostas, dizem que nos vão confiar o seu voto. E noto nelas muita alegria, porque pressentem que as coisas vão mudar este ano. Talvez tenhamos uma surpresa.

Está verdadeiramente optimista?

Estou optimista e confiante. Espero reforçar esta confiança com a apresentação, durante a campanha, dos candidatos em todas as freguesias do concelho, acção que vamos transmitir online. Venceremos se tivermos a capacidade de conquistarmos os votos dos eleitores que optaram pela abstenção nas últimas eleições.

O que seria, para “Seixal às Direitas”, uma boa percentagem?

Nós não falamos em percentagens, mas em vitória. É para isso que estamos a trabalhar. Temos gente preparada, como nenhuma outra, para assumir as responsabilidades. Poucas candidaturas terão, como a nossa, gente tão preparada.

Que poderão esperar os trabalhadores da autarquia, caso seja eleito?

Conheço-os bem. São trabalhadores com brio, educados, que gostam de ajudar os outros. Todavia, há que pensar oferecer-lhes melhores condições de trabalho. Os funcionários terão de acreditar que poderão progredir na carreira sem que precisem de ter no bolso o cartão do partido A ou B. Isso pertence ao passado. Poderão deixar de dar importância ao cartão de militante.

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