12 Maio 2024, Domingo

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Nuno Mascarenhas: “Sensibilizar os jovens para as artes é o melhor que a Cultura pode fazer pelo ser humano”

Nuno Mascarenhas: “Sensibilizar os jovens para as artes é o melhor que a Cultura pode fazer pelo ser humano”

Nuno Mascarenhas: “Sensibilizar os jovens para as artes é o melhor que a Cultura pode fazer pelo ser humano”

O executivo afecta 2,75 milhões de euros à área cultural, o equivalente a 6,5% do Orçamento Municipal deste ano. E os resultados “são positivos”, garante o autarca

 

Os resultados das políticas culturais de Sines, além de “positivos”, mostram-se “alinhados com os princípios e objectivos” definidos pela gestão municipal. Esta é a avaliação de Nuno Mascarenhas, chefe do executivo e responsável pelo pelouro da Cultura, num raio-x à estratégia e à oferta cultural proporcionada no concelho que, sublinha, tem desde logo o foco nos públicos infantil e juvenil.

Até porque, diz, a Cultura é fundamental para “a formação de cidadãos atentos, sensíveis, com sentido crítico”.

O autarca debruça-se sobre o FMM Sines, as ‘Tasquinhas’ e a Mostra de Artes de Rua, que são alguns dos exemplos de um cartaz que tem o condão de ajudar a afirmar e destacar Sines noutro plano: o turístico. E revela planos para o futuro.

Como gosta de definir a política desenvolvida pelo município no sector cultural?

A política cultural do município de Sines tem três vertentes principais: a valorização do património e da memória; a dinamização dos equipamentos culturais; e o calendário de eventos. Na programação, o município procura ser o mais abrangente possível nos perfis de gosto a quem dirige a sua oferta, bem como manter uma ligação estreita às famílias e à comunidade educativa.

A sensibilização para as artes junto dos públicos infantil e juvenil é muito importante para nós, pois é a base do que de melhor a Cultura pode fazer pelo ser humano: ajudar na formação de cidadãos atentos, sensíveis, com sentido crítico.

Quanto aos conteúdos da programação, procuramos um equilíbrio entre os valores locais e uma visão universalista, aberta ao mundo e às novas tendências. Sines tem uma marca cosmopolita que também passa para a sua programação cultural, no Festival Músicas do Mundo, mas não só.

Finalmente, e mesmo sabendo que o valor da Cultura vai muito além do que é o seu valor económico, a política do município é a de não descurar a ligação da Cultura ao Turismo, em especial, quando se trata de planear os seus grandes eventos.

Enquadrando aquele que é o Orçamento Municipal disponibilizado para a Cultura com aquele que é o produto final do investimento realizado nesta área, como classifica a oferta que é apresentada ao público?

Sines tem um orçamento para a Cultura de 2,75 milhões de euros, 6,5% do orçamento global do município para este ano. Metade deste valor é para a organização do Festival Músicas do Mundo (FMM) Sines, que, é bom ressalvar, é um investimento que as receitas de bilheteira e patrocínios, entre outras, cobrem de forma significativa. A avaliação de como este investimento se traduz na oferta apresentada ao público caberá ao próprio público fazer. A nossa avaliação é que os resultados são positivos e estão alinhados com os nossos princípios e objectivos, que atrás referi.

O Festival Músicas do Mundo é uma das principais referências de Sines em termos artísticos, cujo reconhecimento ultrapassa fronteiras. Considera que o certame tem ainda margem para crescer ou inovar-se? Ou manter o patamar alcançado, por si só, já é um desafio?

Qualificação e inovação, mais do que crescimento, é o que pretendemos para o FMM Sines. Quer os espaços em que se realiza, quer o modelo de organização assente na estrutura autárquica, não recomendam um festival de maior dimensão. Existe margem para melhorar – por exemplo, nas condições de recepção ao público e na sustentabilidade ambiental – e é nesses aspectos que nos queremos focar. Queremos chegar a 2025, quando se comemoram as bodas de prata, com um festival ainda mais sólido e preparado para o futuro.

A iniciativa “Tasquinhas” é outro dos principais eventos anuais e até se “conjuga” no calendário com o FMM. Face ao cariz que apresenta, muito promocional da riqueza gastronómica, dos produtos locais e do património ambiental, a juntar à vertente de animação, acaba por entrar também no domínio do Turismo. Qual é a estratégia?

Integração, articulação, para melhor rentabilizar a oferta? As Tasquinhas Sines estão efectivamente integradas com a nossa estratégia de Turismo, uma vez que proporcionam um factor de atracção no período do Verão, parcialmente coincidente com o FMM Sines, e porque contribuem para divulgar a nossa gastronomia e produtos locais.

O objectivo é também aqui fazer melhor a cada edição, quer na oferta de expositores quer no serviço prestado e condições do recinto, quer ainda no programa de animação.

Quanto à Mostra de Artes de Rua, que nasceu em 2016, que balanço faz a este projecto organizado em parceria com o Teatro do Mar?

A Mostra de Artes de Rua (MAR) era um sonho antigo do Teatro do Mar, que há muito ambicionava transpor para um evento em Sines todo o conhecimento que acumulou sobre o panorama nacional e internacional das artes de rua. O balanço da nossa colaboração é excelente, pois acreditamos que os seus objectivos de formação de públicos e de dinamização da cidade estão a ser largamente cumpridos. É uma iniciativa que abre a cidade às artes – com o que de melhor se faz neste género em Portugal e na Europa – e já com uma projecção suficiente para trazer também um contributo relevante para a economia local.

Apesar de os espaços existentes darem resposta “a todas as necessidades” de realização de eventos culturais, Nuno Mascarenhas reconhece que a oferta pode ser melhorada com um polivalente, que aporte uma capacidade maior de acolhimento de público. E admite a possibilidade de a autarquia trabalhar num “projecto dessa natureza”, que possa vir a ser uma realidade num futuro próximo.

Em termos de infra-estruturas mais vocacionadas para acolher eventos culturais, considera que o concelho está suficientemente apetrechado ou existe a necessidade de projectar mais algum equipamento?

Neste momento, temos espaços com características que respondem a todas as nossas necessidades. Para grandes eventos ao ar livre temos o Castelo e para grandes eventos em espaço coberto temos o Pavilhão Multiusos. Idealmente, o nosso auditório deveria ter maior lotação.

Sines necessita de ter um espaço polivalente que permita ter 600/700 espectadores, e é expectável que trabalhemos num projecto desta natureza para ser possível concretizar nos próximos anos.

Como classifica a capacidade e a qualidade do que é produzido pelos agentes culturais locais? Pode dizer-se que o concelho está bem servido nas mais variadas artes ou há alguma que gostaria de ver com mais apostas?

Sines tem um movimento associativo dinâmico, com uma oferta rica, sobretudo nos campos das artes performativas e da música. Infelizmente, o projecto do Centro Cultural Emmerico Nunes encontra-se suspenso, o que representa alguma perda na oferta, sobretudo, no campo das artes plásticas e visuais, que temos procurado colmatar, dando espaço aos criadores locais na programação do Centro de Artes de Sines.

 

 

Futuro ‘Rota do Património’ é aposta principal na área cultural

 

O desenvolvimento cultural “não se restringe aos eventos”, diz Nuno Mascarenhas. O património também entra nas contas e o autarca revela que uma das principais apostas do município passa pela criação de uma rota que ligue todos os equipamentos culturais. O Observatório do Mar será um dos “nós” desse projecto.

“Sines tem criado novos eventos nos últimos anos: por exemplo, o festival Maré de Fado e o festival Batuta, de música clássica. Antes de pensar em criar novos eventos, julgo que devemos primeiro consolidar esses eventos. No entanto, é importante realçar que o desenvolvimento cultural não se restringe aos eventos. Sines aposta no património, com o novo Observatório do Mar, centro interpretativo da memória oceânica de Sines, cuja obra de arquitectura está praticamente concluída.

Será um dos nós de uma Rota do Património que queremos desenvolver na cidade, ligando todos os equipamentos culturais associados à história de Sines, e que é uma das principais apostas do município na área cultural para os próximos anos”, assume o autarca.

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