7 Maio 2024, Terça-feira
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Sessão solene dos 50 anos do 25 de Abril lembra os 416 presos políticos almadenses

Almada terra de Abril foi a principal ideia veiculada nas comemorações. Ficou também o alerta de que a democracia no País ainda é frágil

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Foram 416 os antifascistas do concelho de Almada que estiveram presos por lutarem contra a ditadura; contra o regime do Estado Novo. Destes muitos, o presidente da Assembleia Municipal de Almada, Ivan Gonçalves, lembrou dois homens: O operário corticeiro Joaquim Montes, anarquista e membro da Confederação Geral do Trabalho, que foi preso e enviado para o Tarrafal, em Cabo Verde, por participar na revolta e greve-geral de 18 de Janeiro de 1934, e nesse campo de concentração morreu.

Também no Tarrafal, morreu Pedro Matos Filipe, estivador e anarco-sindicalista, preso pelo autoritário Estado Novo por ter participado na mesma greve geral revolucionária.

Ivan Gonçalves lembrava estes dois antifascistas durante a sessão da Assembleia Municipal comemorativa do 25 de Abril de 1974, e, logo a seguir, a socialista Inês de Medeiros, presidente da Câmara Municipal de Almada, desafiou todos os autarcas eleitos no concelho a reflectirem sobre as suas próprias responsabilidades para defenderem os valores de Abril, e transmitirem esses mesmos valores às gerações futuras.

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“Que País extraordinário é este que desabrochou de Abril. Que progresso fantástico teve Portugal nestes 50 anos de democracia; saiu do obscurantismo, deu-nos liberdade, educação, saúde, justiça e capacidade de sonhar”, palavras também usadas minutos antes por Ivan Gonçalves.

E depois do presidente da Assembleia Municipal ter alertado para as ideias que estão a surgir, as quais “põem em causa o sistema democrático, propagam o ódio e criam a ilusão de soluções fáceis, Inês de Medeiros foi ainda mais clara e afirmou que a “grande preocupação é a tentativa sistemática daqueles que querem minar a legitimidade das instituições que o 25 de Abril nos deu”, e acrescentou que em liberdade podemos, hoje, “interrogar, reivindicar e sonhar o futuro para melhorar o que temos, mas coisa diferente é minar o interior das instituições com o objectivo de as destruir e substituir o regime democrático”.

Na celebração dos 50 anos da Revolução dos Cravos, que se realizou na manhã de ontem no Fórum Romeu Correia, no centro da cidade de Almada, todos os porta-vozes dos partidos políticos eleitos neste órgão do poder local, lembraram aqueles que lutaram contra a ditadura, a guerra colonial e o papel fundamental dos militares de Abril para abrirem as portas da Liberdade a Portugal.

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António Pedro Maco, eleito pelo CDS, apontou que as lutas de Abril “tem de ser salvaguardadas” e que o actual Governo tem de dar atenção às reivindicações das forças de segurança e militares. Margarida Paulos, do PAN, apontou que a luta pelos direitos das mulheres tem de continuar; Nuno Mendes, eleito pelo Chega, mesmo sendo crítico de alguns caminhos da actual democracia, admitiu que se não fosse a liberdade, o seu partido não poderia existir.

José Rocha, do BE, defendeu o combate contra a direita liberal, enquanto António Salgueiro, do PSD, elevou as potencialidades de Almada, sendo “um concelho de Abril que aposta no desenvolvimento, na luta contra a exclusão e combate às alterações climáticas”. Luís Palma, presidente da União de Freguesias do Laranjeiro Feijó, eleito pela CDU, foi o primeiro a apontar os 416 antifascistas de Almada presos pelo Estado Novo, e lançou a ideia de que todos os nomes sejam inscritos numa praça no concelho para que “sejam conhecidos da população”. Por sua vez João Couvaneiro, eleito pelo PS, vincou que a democracia que Abril trouxe ao País “ainda é frágil e tem de ser defendida”.

“Cada cravo vermelho simboliza a esperança num futuro mais justo”

Com a amanhã de comemorações dos 50 Anos do 25 de Abril de 1974 a decorrer no centro da cidade, com a participação de várias associações do concelho e a terminar com a deposição de flores no monumento aos Perseguidos, o presidente da Junta de Freguesia da Costa da Caparica, em nome dos presidentes de todas as freguesias do concelho, vincou a importância de transmitir aos jovens a importância da liberdade de expressão.

Para José Ricardo Martins é preciso demonstrar a todos que “cada cravo vermelho simboliza não apenas a resistência [no tempo do Estado Novo], mas, também, a esperança num futuro mais justo e equitativo. O autarca da Costa da Caparica alertou ainda para as “ondas de populismo e o surgimento de ideologias que ameaçam as conquistas democráticas”, e frisou: “A democracia de que hoje disfrutamos foi arduamente conquistada e deve ser vigorosamente defendida”.

E, logo a seguir, Inês de Medeiros afirmava: “Sejamos todos nós aqueles que nunca deixarão fechadas as portas que Abril abriu. Sejamos quem passa a esperança no futuro às novas gerações e construir o dia de amanhã”, disse perante centenas de pessoas que estiveram na Praça da Liberdade para assistirem à cerimónia oficial dos 50 anos da Revolução dos Cravos. Uma manhã que terminou com o lançamento de pombas.

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