6 Maio 2024, Segunda-feira
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Abril de nervos mil para a esquerda e para a direita

Cerimónia marcada por discursos críticos, de um e de outro lado. Intervenção do PSD foi a mais feroz. CDS esteve ausente

 

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Nem a leitura de poemas de Sophia de Mello Breyner e Maria Teresa Horta, pelo colectivo PICA, que intercalou os discursos da praxe, pôde salvar o espírito de Abril na sessão solene da Assembleia Municipal do Montijo realizada ontem, nos Paços do Concelho, para evocar os 50 anos da Revolução dos Cravos. Abril foi de “nervos mil” para os representantes das forças políticas com assento no órgão, numa cerimónia que não contou com o CDS (Carlos Ferreira justificou a ausência por motivos de doença e os centristas não se representaram).

Os discursos ficaram marcados por ataques da esquerda à direita e vice-versa – “salvaram-se” as intervenções da jovem Inês Henriques, do PS, e Ricardo Caçoila, do Bloco de Esquerda, bem mais comedidas. E o mais feroz chegou pela voz de Pedro Caria, do PSD. “Onde estão os valores de Abril quando em 2015, por ideologia e sede de poder, o PS abre as portas da governação a partidos extremistas de esquerda que encerram, ou encerraram, nas suas fileiras antigos terroristas, criminosos condenados?”, atirou o social-democrata que, mais à frente, foi corrosivo para os socialistas do Montijo.

“Infelizmente, fruto de governação do PS, o nosso concelho não apresenta o desenvolvimento e qualidade expectáveis. Um partido político e uma família restringiram, nestas quase três décadas, o Montijo a uma terra refém de teias de interesses, clientelismo e nepotismo”, disparou.

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Mas a tónica de ataque, que acabou por ser denominador comum, foi dada logo na intervenção de abertura pela socialista Catarina Marcelino, presidente da Assembleia Municipal. “É preciso ser-se radical na defesa da democracia, defesa essa que hoje assume especial dimensão, contra os extremismos, onde a extrema direita ocupa lugar cimeiro”, frisou.

Luís Neves, pela Iniciativa Liberal, debruçou-se mais sobre as linhas programáticas do partido. Ainda assim, apontou o dedo a “forças populistas, extremistas e totalitárias”. “É imperativo resgatar o cidadão desta espiral populista e a única alternativa é o liberalismo”, afirmou, sem deixar de criticar as “forças de esquerda”.

Ricardo Caçoila, pelo BE, lembrou o papel secundarizado das mulheres antes do 25 de Abril e criticou “alguns movimentos populistas de direita” que “gostariam de voltar à luz daqueles tempos”.

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O ataque à esquerda não tardou. “Temos vivido nos últimos anos sob uma ditadura disfarçada de democracia, que serviu os corruptos, os oportunistas… Portugal precisa de uma limpeza”, considerou Alice Seixas, pelo Chega. E a resposta surgiu de seguida, por Francisco Salpico, da CDU. “O revanchismo reaccionário e fascizante que tem no Chega o seu exemplo mais visível passou a falar grosso em nome de quem não lhes deu procuração. Tomam-se como senhores do País”, criticou.

Já Inês Henriques, do PS, foi mais suave numa crítica implícita ao partido liderado por André Ventura. “Tenhamos ainda confiança no nosso futuro colectivo e não nos deixemos cair em pessimismos doentios com aventuras, até porque sabemos todos nós que teremos de o edificar”.

Nuno Canta, presidente da Câmara, encerrou os discursos com uma espécie de balanço às conquistas alcançadas no concelho com o poder local democrático. E em jeito de resposta à intervenção de Pedro Caria, do PSD, lembrou que em democracia “é o povo que escolhe, que determina os seus representantes autárquicos, e não a cabeça de um ou de outro”.

Orquestra CRAM evoca Liberdade em praça cheia de gente madura

Logo após a sessão solene da Assembleia Municipal, as comemorações do 50.º aniversário da Revolução dos Cravos prosseguiram com um concerto a cargo da Orquestra do Conservatório Regional de Artes do Montijo (CRAM), que juntou largas dezenas de pessoas na Praça Gomes Freire de Andrade. O espaço transformou-se numa praça de gente madura, de olhos e ouvidos postos num palco repleto de jovens.

A orquestra foi dirigida por Ceciliu Isfan e apresentou um reportório apenas composto por canções de Abril, para acentuar o histórico virar de página em Portugal em 25 de Abril de 1974, com a substituição da ditadura pela Liberdade. Como solistas apresentaram-se em palco Martim Saragaço d’ Aires, Carolina Santos, Beatriz Santos, Francisca Lóia, Mariana Fernandes, Letícia Melo e a professora Helena Ferreira.

Durante cerca de 60 minutos, os jovens do CRAM interpretaram temas que contribuíram para a construção de um futuro que hoje é presente. A actuação terminou com a mítica “Grândola, Vila Morena”.

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