27 Abril 2024, Sábado
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Ilídio Massacote: “Ainda hoje luto e trabalho diariamente para me superar”

É ‘Tuba Solista A’ na Sinfónica Portuguesa e reconhecido internacionalmente como um dos melhores. O currículo é impressionante e já lá vão quatro décadas de carreira

Começou pelo trompete, mas foi pelo bocal da tuba que se afirmou como referência maior no panorama nacional e até mesmo internacional. O montijense Ilídio Massacote, 59 anos, é desde 1999 “Tuba Solista A” na Orquestra Sinfónica Portuguesa/Teatro Nacional de São Carlos e está a comemorar 40 anos de carreira. Nesta sexta-feira, sobe ao palco da Casa da Música Jorge Peixinho para dar um concerto que assinala um percurso recheado de êxitos e que o colocou entre a “nata” dos intérpretes profissionais de tuba, aquém e além-fronteiras.

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Iniciou-se na Filarmónica 1.º de Dezembro, do Montijo, em 1980 ingressou na Banda da Sociedade Imparcial de Alcochete, onde ainda se mantém, e volvidos três anos foi aceite na Banda Sinfónica da GNR. Estudou no Conservatório Nacional, em Lisboa, e em 1993 ganhou uma bolsa de estudo da Gulbenkian para Paris, onde bebeu conhecimento junto de nomes como Gérard Buquet e Philippe Légris. Integrou a Orquestra da RDP, a Nova Filarmonia Portuguesa, a Régie Sinfonia (todas extintas), a Orquestra da Silésia (Katowice, Polónia), a Sinfonia Varsóvia (Polónia), a Orquestra Nacional do Porto, a Sinfonietta de Lisboa, e as orquestras Metropolitana de Lisboa e Sinfónica Portuguesa, além da Orquestra Gulbenkian.

E tem leccionado inúmeras “Master Class” em Portugal, Brasil e Espanha. Actualmente, junta a função de primeiro tuba na Orquestra Sinfónica Portuguesa com os cargos de Professor Adjunto Convidado na ESART (no Politécnico de Castelo Branco) e Director Pedagógico do Conservatório Regional de Artes do Montijo.

O que lhe vai na alma, ao fim de 40 anos de carreira?

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Gratidão a Deus pela Graça que me concedeu, de poder ser músico, gratidão aos meus pais e avós pelos ensinamentos e, principalmente, ao meu querido pai porque foi muito por ele que hoje sou músico. Gratidão à minha esposa, aos meus filhos, aos meus amigos, colegas e antigos professores, todos contribuíram para eu ser o que hoje sou e para a consistência na minha vida profissional. Sinto-me um privilegiado por “trabalhar” naquilo que amo.

A tuba foi amor à primeira vista ou só surgiu depois de ter experimentado outros instrumentos?

Experimentei outros instrumentos, o primeiro foi o trompete e só por sugestão do professor José Augusto Carneiro, na altura Maestro da Filarmónica 1.º de Dezembro [do Montijo]. Sugeriu-me experimentar a tuba, devido à minha constituição física que iria ser um obstáculo para atingir um nível de excelência no trompete. Uma semana após experimentar a tuba os resultados foram surpreendentes e o amor dura até hoje.

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Qual o segredo para se conseguir atingir quatro décadas de carreira a figurar entre os melhores intérpretes musicais?

Não é um segredo, é a atitude, o foco, a capacidade de trabalho, o prazer em estudar, a alegria de todos os dias, até hoje a competir comigo mesmo e trabalhar no presente para amanhã poder ser melhor músico e melhor pessoa. Ainda hoje luto e trabalho diariamente para me superar. Acordar às 6 horas da manhã para estudar e trabalhar ainda me dá um enorme prazer.

Consegue eleger dois ou três momentos mais marcantes, ao longo deste percurso?

Sim, vários. A minha entrada na Banda da GNR, porque era a única possibilidade de ser músico profissional, a primeira vez que toquei com uma orquestra sinfónica, a antiga Orquestra da Emissora Nacional, a Bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian que me permitiu estudar em Paris com excelentes pedagogos e fazer amizades que duram até aos dias de hoje, os concursos internacionais que ganhei para o lugar de “Tuba Solista A” da Orquestra Sinfónica Portuguesa…

O que pode esperar o público do recital desta sexta-feira na Casa da Música? Alguma surpresa?

Pode-se esperar um excelente concerto, com jovens músicos de enorme talento e outros menos jovens, como é o meu caso, e nesta simbiose de várias gerações uma partilha de emoções com o público. Um programa muito agradável que irá ser interpretado de forma diferente dos cânones habituais. O próprio reportório é a surpresa.

Tem mais alguma actuação prevista para assinalar estes 40 anos de carreira?

Sim, dia 10 de Abril, no Teatro Nacional de São Carlos, e outras actuações em datas ainda a confirmar.

É fácil ou difícil ser músico profissional em Portugal?

Continua a ser muito difícil, temos excelentes gerações de músicos em Portugal, músicos que ganham concursos internacionais um pouco por todo o mundo e são obrigados a emigrar porque não criamos condições para que se possam fixar no nosso país… Um ensino superior com contratos sem segurança, estabilidade e falta de orquestras com salários dignos em Portugal.

O que recorda dos tempos em que iniciou a carreira?

Tenho muitas recordações desses tempos, os primeiros concertos com a Banda da GNR no Teatro da Trindade, com a Orquestra da Emissora Nacional no São Luís, a primeira vez que toquei um concerto a solo com uma orquestra, com músicos de várias orquestras na Aula Magna “Concertos Insólitos”, as digressões com a Orquestra Gulbenkian pela Europa e Estados Unidos…

Até quando pensa continuar a actuar?

Até ao dia em que deixe de ser um prazer estudar música e ir para o palco, nessa altura terei de terminar.

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