Impossível não falar nesta coluna de opinião de Putin e da Ucrânia. Têm despertado não só o interesse dos meios de comunicação do mundo inteiro, mas essencialmente emoções e sentimentos que estavam razoavelmente soterrados pelas banalidades do nosso quotidiano.
Andávamos todos a começar a suspirar de alívio pelo fim (?) da pandemia, pelo regresso a uma vida normal (ou quase!), quando o senhor Putin se lembrou de dar início a um maquiavélico plano há muito elaborado para reconstruir a grande potência que foi a União Soviética de outros tempos.
E planeou isso bem às claras mas os países da União Europeia assobiaram para o lado, e até os Estados Unidos da América e o seu novo Presidente, assoberbados com os seus problemas internos e com o aumento do poder da China, fingiram não ver.
E o senhor Putin foi deslocando mais de cem mil militares, blindados, aviões e outro material de guerra junto à fronteira da Ucrânia para “manobras” – dizia ele – e o mundo, especialmente a Europa , continuaram mudos e surdos.
O presidente daquele país que fizera parte da tal União Soviética, começou a pedir socorro. A América ao ver tal concentração de meios militares também começou a clamar que os russos se estavam mesmo a preparar para invadir o seu vizinho que cometeu o erro (!!) de se tornar uma verdadeira democracia.
E só quando numa noite “choveram” mísseis sobre muitos objectivos militares e pela manhã entraram blindados pelos vários lados da Ucrânia, a União Europeia “acordou” e viu os atentados aos tratados internacionais e sentiu que o que estava a acontecer era mais do que um ataque a um país democrático mas era mesmo um ataque à democracia e o início duma verdadeira ameaça de Putin aos países da União Europeia.
E o eco das explosões, os discursos amaçadores, os motivos quase anedóticos com que se pretendia justificar aquele atentado à paz, despertaram finalmente os políticos dos países do resto da Europa que puseram em marcha sanções económicas fortes contra a Rússia e os mentores de Putin no poder.
A situação era tão escandalosa que o povo de todos os países europeus se manifestou massivamente contra Putin e em intensa e admirável solidariedade com o povo ucraniano que se defendia valentemente contra o poderio militar do invasor.
E os homens do povo ucraniano dispõem-se – militares e civis – a defender o seu território palmo a palmo e casa a casa enquanto as mulheres e os filhos fogem aos milhares para os países a ocidente – a Polónia, a República Checa, os países bálticos e todos os que fazem fronteira com a Ucrânia.
E o processo evoluía hora a hora, e as reuniões sucedem-se e finalmente se resolve ajudar a Ucrânia com armas e munições e não apenas com palavras bonitas. Mas a solidariedade popular não se fica pelas manifestações de protesto em todas as capitais, mas organizam-se grupos de apoio levando para os foragidos comida, medicamentos, e…carinho!
A acção assassina de Putin desperta o lado bom dos europeus como nunca se tinha visto. E o medo do coronavírus deu lugar a uma corrente de verdadeira solidariedade e ajuda fraterna às famílias ucranianas em fuga – sente-se no ar o odor da fraternidade e da solidariedade pondo a descoberto o lado bom do homem há muito abafado pelo consumismo e pela ganância do poder e do ter!
Mas Putin continua a ser uma ameaça para os países da União Europeia pois este louco czar ameaça com o seu poder atómico voltando assim a renascer o receio duma hecatombe atómica, uma verdadeira ameaça de destruição da humanidade.
Mas a solidariedade em curso dá novo alento à ideia de que é possível viver uma sociedade guiada pela fraternidade e pelo …amor aos outros!
Eis como uma verdadeira tragédia provocada por um louco veio trazer ao de cima o lado bom dos homens!