Já não sabemos há quantos dias os nossos professores estão em greve – são aos milhares do norte ao sul do País – sindicalizados e não sindicalizados, velhos ou novos, dinamizados não sabemos bem por que organização saída do nada mas com diretrizes bem definidas. E, como é evidente, não sabemos há quanto tempo os nossos alunos não têm aulas, nem mesmo com o Governo a decretar “serviços mínimos”.
Até ao momento em que à minha mente vinham estes pensamentos os protestos das associações de pais ainda não se tinham ouvido, apesar da base da aprendizagem das nossas crianças estar fortemente ameaçada. E não esqueçamos que na base de tudo está a educação para que um país seja “alguma coisa”.
Mexe comigo ver as concentrações de milhares enchendo as nossas avenidas ou o Terreiro do Paço. Atordoado, mudo de canal e vejo centenas ou milhares de enfermeiros, nesta ou naquela cidade, igualmente em greve, reivindicando melhores condições de trabalho.
Agora é a nossa saúde que está em perigo, mesmo sem pensar nas maternidades que ora abrem ora fecham, mesmo esquecendo os milhares de portugueses sem médico de família. Até os circunspectos médicos têm uma greve marcada. Ai! A nossa saúde ameaçada!
Mudo de novo de canal da TV e vejo em mais do que uma cidade filas de tratores agrícolas, em marcha lenta, protestando contra medidas do Governo que serão – segundo eles – uma ameaça para a organização da nossa agricultura. E aí as coisas “chiam mais fino” pois é uma ameaça à produtividade dos produtos para a nossa alimentação.
Isto sem pensar que agora, em oito dias, gasto na minha casa em alimentação mais uns quinze por cento! “Á pala” dos terríveis terramotos na Turquia e na Síria consciencializamos que estamos igualmente sobre um fenda da crosta terrestre que já arrasou Lisboa, Setúbal e parte do Algarve, e tomamos conhecimento que as nossas cidades estão sobre uma fenda sísmica e as construções, na sua maioria, não obedecem aos cuidados necessários antissísmicos. Falta-nos um Marquês de Pombal! E a fiscalização, dizem os órgãos de informação, não existe ou “esquece-se” de atuar.
Fico intranquilo! Distraído com os terramotos até me esqueci por momentos da Ucrânia, mesmo com o seu presidente pedindo com os seus comoventes pedidos que o salvem do “urso russo”. Lá soubemos que o nosso exército tem uma trintena de tanques moderníssimos “Leopard” donde conseguimos dois para, depois de reparados na Alemanha, ajudarmos a Ucrânia. A solidariedade assim obriga!
Entretanto temos uns bons milhares de imigrantes trazidos ilegalmente e usados por cá igualmente ilegalmente – mas são uma boa ajuda para os nossos agricultores! Se anotarmos o número e a frequência das rusgas da nossa Polícia Judiciária ficamos mesmo tranquilos com os nossos bens. Com um general, dois juízes, vários presidentes de câmara, à bica de serem julgados por “gamanços” de milhões e lembrando que devido à “enorme rapidez” da nossa Justiça temos vários políticos e banqueiros esperando julgamento, parece-me legítimo perguntar se teremos País para os nossos filhos.
Se juntarmos a tudo isto a certeza de que o mar nos vai “comendo” lentamente e que a ameaça de inabitabilidade do planeta dentro duns 50 anos é mesmo real, penso entrar em contato com o milionário americano que põe gente na Lua ou em Marte e marcar um lugar. Estou mesmo pessimista.15