Qualquer Setubalense sabe que há uma grande afluência de carros nos últimos anos.

Há duas semanas faleceu uma pessoa na Avenida Infante D. Henriques. Há uns dias, no Monte Belo, na Rotunda Zéfiro, houve outro acidente embora sem vítimas. E entre estas há muitas outras situações semelhantes e quase-ocorrências reportadas pelos munícipes nos últimos tempos. Esta apreciação é sugestivamente corroborada pelo relatório da ANSR (Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária) de 2023, face a 2022, em que se verificou um aumento no número de acidentes em geral e de vítimas mortais no distrito de Setúbal.

Além disto, a própria conduta dos condutores tem-se deteriorado.

Outra tendência que se verifica é o aumento do uso da buzina como um novo instrumento musical que aparenta, muitas vezes, não ter o seu devido descanso durante a noite…

Por cá, já tínhamos o ocasional carro estacionado em 2ª fila como se vê na Avenida Luísa Todi (que também não era visto com bons olhos) e sempre tivemos carros estacionados em cima do passeio. Contudo, a intensidade deste tipo de comportamento subiu e bastante: com mais carros estacionados em segunda fila e em passeios (e não ajuda serem, muito deles, mais volumosos como os SUVs), condutores com uma condução mais descuidada, como fazer a rotunda por fora, a inutilização dos piscas, etc.

Esta epidemia de comportamento viário, que se afigura numa negligência ao civismo, comporta um risco a uma qualidade de vida sadia, pois impacta negativamente a relação entre o munícipe e os elementos urbanísticos bem como a própria dinâmica social. Isto é particularmente verídico durante os períodos de férias e durante o Verão – um frenesim que vai fatiando, em grandes lascas, um traço característico da nossa cidade: a serenidade.