Não pensem que vou voltar a escrever sobre a pandemia. Todos estamos fartos de notícias sobre vírus, as vacinas e as mortes.
Não pensem que desprezo esse problema, mas eu estou convicto que a ciência do mundo inteiro unida no mesmo propósito, mais tarde ou mais cedo vai resolver esse dramático problema dependente duma vacinação maciça e duma difícil consciencialização das pessoas.
As mortes e a avalancha constante de notícias vão – estou certo – conseguindo que as pessoas, mesmo as mais renitentes, vão cumprindo as atitudes necessárias à ultrapassagem desta tremenda crise mundial.
Estamos realmente em perigo mas veneremos.
Quero referir-me realmente a outro perigo, muito real mas bem menos consciente para muita gente – o da inevitabilidade das condições de vida no nosso planeta.
Por aparentemente ser menos evidente o seu perigo muita gente acha-o uma fantasia de alguns profetas da desgraça – as alterações climáticas.
E abordo este tema – em pleno período pandémico, por o considerar realmente uma ameaça à habitabilidade do nosso planeta.
E já aqui disse em tempos que não temos opção B pois a Lua ou Marte são fantasias de mentes delirantes. E vem o tema à ordem do dia por se realizar dentro de dias uma cimeira do clima.
No decorrer deste século já se realizaram outras conferências sobre este tema mas nunca na iminência de realmente “estarmos em perigo” real.
Como sabemos esse perigo advém das alterações do clima provocadas pela nossa actuação neste caminho orientado apenas pela produção e pela exploração das riquezas da nossa “mãe Terra”. Ele são os combustíveis fosseis – carvão, petróleo, diamantes, lítio e muitas outas riquezas existentes nos solos. E isto tem sido feito sem se olhar aos efeitos nefastos sobre a natureza.
Além da exaustão das terras temos a emissão de gazes com efeito de estufa, isto é, provocando o aquecimento global que por sua vez faz derreter gravemente os gelos polares que fazem subir o nível do mar corroendo as orlas marinhas. E não me estou referindo ao desmoronar de arribas no Algarve ou ao desaparecimento das praias da Caparica, estou pensando no desaparecimento de certas ilhas, engolidas pelo mar e até de grande parte de certos países noutros continentes.
É fácil observar o desaparecimento das condições típicas das estações do ano, o aparecimento de tremendas enxurradas destruidoras de bens, em geral das pessoas mais pobres, ou períodos de chuvas torrenciais, até com granizo, destruidoras de colheitas.
Entre nós, por exemplo, as temperaturas médias subiram dois graus nos últimos anos com consequências sobre a agricultura e as colheitas. E a água vai faltando em certas zonas facilitando incêndios incontroláveis, queimando imensas áreas, alterando a vida de muitas espécies de animais.
E isto não é mero folclore pois essas alterações da temperatura trazem condições de vida para certos agentes de doenças desconhecidas numa zona – por exemplo, os corona vírus só existiam na região equatorial, quente desde sempre, e agora aparecem noutros ambientes mais temperado.
Até a actual pandemia pode ter tido no seu começo algo ralacionado com estas alterações.
Os poderes políticos começam a ser cada vez mais sensíveis a este problema das alterações do clima, daí a importância desta “Cimeira do clima”, importante por nela participar o Presidente dos Estados Unidos, um dos países mais poluidores.
A poluição está associada ao desenvolvimento económico mas os países mais pobres, na corrida ao desenvolvimento industrial, não possuem nem tecnologia nem dinheiro para, por exemplo, substituírem o carvão por outras formas de fazer energia.
Por exemplo na Islândia as suas turbinas geradoras de energia são movidas pela força de vapor de água colhido nas profundezas da terra.
Entre nós vamos produzindo energia com o vento ou com as ondas do mar. Tudo isto tem de ser encarado com muita responsabilidade para que não se perca a capacidade de vivermos neste nosso planeta – repito não há solução B – a Lua ou Marte são “utopias”.