Eis um acontecimento histórico! O afluxo a Lisboa de mais de um milhão de jovens vindos das “sete partidas” do mundo. São “vagas” de jovens que há vários dias se têm distribuído pelas várias dioceses nacionais com uma alegria esfusiante (e contagiante!) acompanhados e orientados por voluntários conscientes dos muitos pormenores que têm de ensinar aos que chegam.
Nas nossas dioceses já há dias que grandes grupos de peregrinos (pois trata-se duma organização religiosa) estão sendo conduzidos para onde hão-se dormir e comer. Mas nesses dias que antecedem a tal Jornada Mundial da Juventude todos dão largas à sua alegria e ao seu intenso desejo de confraternizarem uns com os outros numa miscelânea de línguas, de cores de pele, de hábitos e costumes – estamos perante a fraternidade em acção! Todos tocam, todos cantam e dançam, todos rezam em conjunto!
E em pano de fundo está Fátima e – essencialmente – a vinda a esse encontro do Papa Francisco! É talvez a resposta mais frequente dada aos numerosos repórteres que pergunta “a que veem?”: “Ver e ouvir o Papa Francisco”. Mas esta resposta escapa aos verdadeiros motivos desta organização. As “jornadas” têm outra profundidade. Levaram uns quatro anos a organizar e até se chegar a Lisboa, muito trabalho teve de ser feito.
Estas jornadas são realizadas há poucos anos e têm uma finalidade apostólica e dinamizadora já que a Igreja Católica tem vindo a perder a posição de destaque que tinha há centenas de anos pois tem-se anquilosado e ignorado, na prática, todo o processo evolutivo das nossas sociedades. Tem ignorado os extraordinários progressos da ciência, cavando um enorme fosso entre a sua prática litúrgica, a posição da sua hierarquia e os problemas reais das pessoas.
Apesar do Concilio Vaticano II e de muitas Cartas Encíclicas, a rigidez da “carapaça” dos tempos pouco treme!
Depois da inesperada desistência de Bento XVI é nomeado um cardeal argentino que toma o nome de Francisco, pensando no outro Francisco de Assis que amava a natureza e adoptava a pobreza como modo de vida. E é este Francisco que puxa pela juventude e proclama a alegria como sinal de renovação.
Mas reunir a alegria de mais de um milhão de jovens para verem o Papa é pouco pois é necessário que destas reuniões saiam orientações de mudança e força para cada grupo levar de Lisboa uma dose de energia dessa alegria que contagie os seus meios e inicie um ambiente de mudança. Francisco propõe uma “revolução da ternura” e faz análises à nossa sociedade que – diz ele – é conduzida por uma “economia que mata”, que exclui, que cria barreiras!
Eis a responsabilidade desta juventude reunida em Lisboa: levar o fermento do Cristianismo para os seus países. Por isso vir a Lisboa “para ver o Papa” é “curto” pois o mundo em que vivemos politicamente está um “terror”. Além da real gravidade das alterações climáticas, que estão á nossa vista (não são teoria!), tornando ainda mais urgente que a sociedade e a Igreja mudem. E com urgência.
Sairá deste encontro mundial esse impulso? Quando veremos cristãos assumidos pela sua vida a lutarem pelas mudanças que são urgentes? Para que isso seja possível, e visível, é necessário que o centro da vida duma sociedade cristã esteja no “povo de Deus” e não apenas na sua hierarquia “tolhida” pela teia da antiguidade, pela cristalização e saudade dum poder que está ultrapassado.
Portanto, meus queridos leitores, tenhamos muita atenção ao “encontro mundial da juventude” mas não nos fiquemos por Fátima e pela visão de Francisco! Ouçamos os nossos jovens, ajudemo-los e vivamos com eles esta alegria de colaborarmos numa revolução. E uma revolução, mesmo da ternura, como lhe chama Francisco, obriga a esforço e a ir buscar “dentro de nós”, ao nosso coração, a fé no amor que é Deus!
Muita atenção (à séria) à Jornada Mundial da Juventude. Também é para os mais velhos! Até para um nonagenário que gostava de ouvir Francisco ao vivo!