28 Março 2024, Quinta-feira
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Será que o processo evolutivo parou?

 

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Continuo muito atento, apesar da minha idade, a tudo o que se passa no mundo em que vivemos, e muito especialmente aos processos tecnológicos extraordinários que a mente humana vai produzindo, encaminhando-nos para um futuro melhor.

A nossa inteligência parece não ter limites nessa caminhada para o futuro. A nossa caminhada é estonteante, seja na observação minuciosa da fisiologia humana, que vai até às minúcias do funcionamento íntimo das nossas células e dos pormenores do genoma humano, seja nas tecnologias da comunicação que nos colocaram ao lado da inteligência artificial, seja ainda no conhecimento profundo dos milhões de seres vivos microscópicos, lutando contra uns que nos fazem adoecer, ou aproveitando as potencialidades terapêuticas de outros, como por exemplo os bacteriofagos que destroem bactérias super-resistentes a todos os antibióticos.

E em muitos campos da cultura a inventiva humana deixa-nos com frequência quase em êxtase. Mas há uns dois ou três dias acompanhei na TV um pouco de história da Alemanha, responsável pelo extermínio de milhões de judeus nos campos de concentração. Não é possível imaginar sequer uma maior agressão à dignidade humana, não é possível ver maior exemplo de crueldade e de ausência total de sentido de fraternidade. E isto passou-se vai fazer 100 anos!  E bastou mudar de canal da TV para ver um barco de migrantes à procura dum lugar para viver, afundando-se no Mediterrâneo, juntando-se a tantos outros – milhares, dizem – que nos últimos anos se afogaram igualmente.

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Na ilha de Lesbos (na Grécia) estão uns milhares em condições indignas para seres humanos. E na Inglaterra, muitos dos que não morrem afogados no Canal da Mancha, são metidos num avião e devolvidos a um país africano que participa no negócio. Em várias outras fronteiras de outros países, além da grande vedação da fronteira dos Estados Unidos com o México, juntam-se famílias inteiras com mulheres e muitas crianças em fuga de guerras imparáveis, de secas absolutas, de vadiagem, de tráfico humano – tudo isto perante o silêncio dos países ditos civilizados e ricos pelo uso e consumo das riquezas minerais dos solos dessas terras donde tantos são obrigados a fugir!

Estamos, duma maneira mais capciosa, perante a mesma ausência de sentido de fraternidade, e perante uma forma de crueldade, apenas mais disfarçada com proclamações de paz, a coberto do grande negócio mundial da produção de armas de destruição cada vez mais potentes e sofisticadas.

Ora, o Homem evoluiu das cavernas (e no Coa até já era artista) até às grandes metrópoles que pululam em todos os continentes, com prédios de mais de uma centena de andares! O espaço sideral é hoje cruzado com naves espaciais e, em muitos pontos, por bombas supersónicas destruindo cidades onde vive gente que devia ser considerada fraternalmente.

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É irónico que, há cerca de uns dois meses, de uma reunião dum organismo formado especialmente para lutar pela paz, só saiu um documento com o acordo de todos: uma verba para comprar mais munições para a Ucrânia!

É por tudo isto que me interrogo se o processo evolutivo dos seres humanos estagnou. E se equacionarmos os perigos reais esta “Mãe Terra“ está realmente ameaçada de se tornar inabitável se não se travar o tal “aquecimento global”. Se os mandantes actuais não ouvirem os “gritos da terra”, realmente a nossa evolução parou pois ao lado da inteligência há também a ética e a fraternidade.

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