26 Abril 2024, Sexta-feira
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PENSAR SETÚBAL: Um livro de Alexandre Patrício Gouveia sobre o crime de Camarate

Quatro de Dezembro de 1980. O avião Cessna faz-se à pista no Aeroporto da Portela, acelera e levanta voo. A bordo seguem, entre outros, Francisco Sá Carneiro, Primeiro Ministro e Adelino Amaro da Costa, Ministro de Defesa.

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Encontravam-se na pista, o chefe da segurança do primeiro ministro, Inácio Costa e outro colaborador. Segundo o seu testemunho na X Comissão Parlamentar de Inquérito, pouco minutos após o avião levantar voo, deu-se uma violenta explosão, seguida de rápido despenhamento do mesmo, na freguesia de Camarate.

Nessa tragédia morreram Francisco Sá Carneiro, Primeiro Ministro, Snu Abecassis, a sua companheira, Adelino Amaro da Costa, Ministro de Defesa, Manuela Pires, sua mulher, António Patrício Gouveia, chefe de gabinete do primeiro ministro e os pilotos Jorge Albuquerque e Alfredo de Sousa.

Na passagem do 40º aniversário do atentado de Camarate, Alexandre Patrício Gouveia (irmão mais novo de António), escreveu um excelente livro intitulado “Os Mandantes do Atentado de Camarate”.

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A criação da Aliança Democrática (AD), uma coligação entre PSD, CDS e PPM, foi uma lufada de ar fresco no panorama político português.

A AD venceu as eleições legislativas de 1979 e, de seguida, as de 1980, conseguindo a primeira maioria absoluta no Parlamento.

Era a tentativa de pôr ordem no país, após os acontecimentos decorrentes do PREC e da sua perigosa deriva revolucionária, sob a batuta do Partido Comunista.

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Com a AD a formar governo, foi escolhido Adelino Amaro da Costa para Ministro da Defesa.

Amaro da Costa iniciou duas importantes investigações, que se entrecruzaram; uma às irregularidades financeiras do “Fundo de Defesa Militar do Ultramar” que supostamente deveria ter sido extinto em 1975, com as independências da ex-colónias, mas que ainda existia e funcionava em 1980, e outra relacionada com a exportação de material de guerra para o Irão, o que era ilegal dado o embargo que este país sofria, em virtude de ter feito reféns 52 americanos, aquando da invasão da embaixada americana em Teerão, ocorrida em 1979.

Pouco tempo depois, Amaro da Costa começou a ser alvo de ameaças de morte, solicitando e obtendo uma arma para uso pessoal e um segurança militar.

Esta sua investigação colidia com os interesses do Partido Republicano americano, com a dupla candidata à presidência Ronald Reagan/George Bush a efectuar criminosamente diplomacia paralela, uma vez que o presidente dos EUA era James Carter.

Foram realizadas reuniões secretas com os iranianos, em que Bush participou, para que pudessem adiar a libertação dos reféns somente após as eleições presidenciais nos EUA, a troco da venda ilegal de armas.

E, de facto, cinco minutos após Ronald Reagan tomar posse como presidente dos EUA, os reféns foram libertados.

Alexandre Patrício Gouveia, no seu soberbo livro que recomendo vivamente, consegue estabelecer e provar uma relação directa entre o Partido Republicano, as armas para o Irão, os reféns e o atentado de Camarate.

Contrariamente à nossa justiça, que foi rápida a concluir que Camarate tinha sido um acidente, as dez Comissões Parlamentares de Inquérito conseguiram determinar que foi colocada no avião uma bomba de forte poder explosivo e que o alvo a abater era, de facto, Amaro da Costa, o Ministro da Defesa.

O próprio Marcelo Rebelo de Sousa declarou que o antigo primeiro-ministro morreu na sequência de um atentado e não de um acidente, sendo a primeira vez que um Presidente da República em funções faz uma declaração nesse sentido.

Quanto a Camarate, ficará para sempre como uma nódoa e um dos episódios mais vergonhosos da justiça portuguesa.

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