Tribunal de Setúbal condenou a oito anos e seis meses quatro arguidos que integravam uma rede internacional
O Tribunal de Setúbal condenou a oito anos e seis meses quatro arguidos que integravam uma rede internacional com líderes em Espanha responsável por introduzir através do Algarve fardos de haxixe que eram trazidas em lanchas voadoras desde Marrocos. Os quatro, Paulo Pinto, ou Paulo Espanhol, Paulo Silva, Nélson Barbora e André Bastos foram condenados a oito anos e seis meses de prisão. A acusação considerava que Paulo Pinto, de Almada, era o cabecilha em Portugal da rede que respondia a líderes espanhóis, mas o Tribunal considerou que todos realizavam tarefas semelhantes e que não havia uma estrutura organizada em Portugal.
A investigação coube à GNR de Setúbal que desmantou esta rede que usava as chamadas lanchas voadoras para desembarque de fardos de haxixe no Algarve e com destino a Espanha. Numa das ocasiões, provadas em tribunal, a 25 de Junho de 2021, o arguido comprou uma lancha com 12 metros e dois motores de 550 cavalos, que foi colocada no mar através da baía do Seixal, mas viria a ser abandonada ao largo de Marrocos após confrontos com traficantes marroquinos. Sem a droga e com a embarcação danificada, os dois ocupantes foram resgatados por um cargueiro com destino a Gilbraltar.
A investigação da Secção de Informação e Investigação Criminal da GNR de Setúbal apurou que a rede internacional com sede em Espanha tinha dois líderes, Tito/Paquito e Pollo. Estes lideravam a organização de narcotráfico internacional a partir de Espanha e eram os compradores da droga a quem os portugueses respondiam.
A acusação do MP provada em tribunal descreveu vários episódios da actuação da rede de tráfico de droga, provados em tribunal. No dia 18 de Junho de 2020, na praia da Avenida Ville la Baule, sita em Vila Real de Santo António, Algarve, o arguido Ismael Manuel, acompanhado de, pelo menos, mais um indivíduo, retirou dois sacos de uma embarcação de recreio, contento no seu interior 21kg de canábis. A Unidade de Controlo Costeiro da GNR interceptou-os, mas estes conseguiram fugir, deixando os sacos com a droga escondidos junto a um muro e a viatura em Castro Marim. Na madrugada seguinte, tentaram reaver a viatura, mas foram detidos.
Outro dos episódios da rede ocorre a cinco de Novembro de 2020. Paulo Silva, Djako, deslocou-se a Marrocos na embarcação “Rio Maior 4”, carregou-a com haxixe e aparcou-a na marina de Portimão. Na madrugada do dia seguinte, a embarcação foi descarregada para vários veículos que partiram para Espanha, mas os movimentos suspeitos na marina levaram a que a Polícia Marítima fosse alertada, partindo em perseguição dos suspeitos. Numa das viaturas, a Polícia Marítima apreendeu 120 quilos de haxixe e viria a encontrar outros 90 quilos num descampado próximo do Edifício Varandas da Marina.
Guarda prisional tentou vender arma a traficante
No banco do tribunal sentaram-se 20 arguidos, entre os quais José Morais, guarda prisional no Estabelecimento Prisional anexo à PJ, apanhado a tentar vender uma arma a Ismael Manuel, traficante detido na tentativa de carregamento de 21 quilos de haxixe no Algarve. Na acusação, “o arguido José Morais propôs ao arguido Ismael Manuel a venda de um revolver calibre .357, pelo preço de 1.000,00€, não se tendo concretizado por este considerar o preço muito elevado, ficando a aguardar pelo aparecimento de uma arma de fogo “mais pequena”.
Este foi condenado por tráfico e mediação de armas tentado a dois anos e seis meses de prisão efectiva. A juiz decidiu que devido à sua profissão, a pena não podia ser suspensa e que todas as escutas mostravam claramente a tentativa de vender armas. Os restantes arguidos foram condenados em penas inferiores a cinco anos, a maioria suspensa, por tráfico de estupefacientes.
