10 Maio 2024, Sexta-feira

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Setubalense procura irmãos perdidos há décadas após separação em tenra idade

Setubalense procura irmãos perdidos há décadas após separação em tenra idade

Setubalense procura irmãos perdidos há décadas após separação em tenra idade

Ana Patrícia foi notícia há 37 anos por viver em condições precárias. Agora quer encontrar quem nunca conheceu

 

Numa emocionante busca pelas suas raízes familiares, Ana Patrícia, de 37 anos, está empenhada em encontrar os seus irmãos perdidos há décadas. Com uma determinação inabalável, a setubalense tem percorrido um longo caminho na sua jornada pessoal na procura dos seus irmãos.

A história de Ana Patrícia é marcada por um início de vida em condições higiénicas deploráveis, até aos nove meses de idade. Ainda em tenra idade, a agora mãe de três fi lhos, foi separada dos seus cinco irmãos, que nunca teve oportunidade de conhecer. Ana Patrícia Nunes Ribeiro. Este é o nome com que a setubalense foi registada no Conservatório do Registo Civil de Setúbal a 14 de Maio de 1986, fi lha de Ezequiel António da Costa Ribeiro e Maria Fernanda Nunes Ribeiro.

Ana era a mais jovem de cinco irmãos, sendo que neste momento apenas sabe o nome de uma irmã, graças a uma reportagem feita em Julho de 1986, no jornal O SETUBALENSE (ver caixa). Essa irmã é Carla Sofia, que na altura da separação tinha nove anos, e que vivia consigo e com outra irmã de três anos, juntamente com a mãe. Além destas duas irmãs, Ana Patrícia tinha ainda outros dois irmãos, de acordo com o que uma vizinha relatou no artigo d’O SETUBALENSE, sendo que na altura da notícia ambos já tinham sido levados por famílias adoptivas.

Após ter sido adoptada, a sua mãe biológica ainda teve mais um filho, pouco depois da sua saída de Setúbal. Desde então, a vida de Ana Patrícia tem sido impulsionada pelo desejo de reunir a sua família e compartilhar a vida com aqueles que compartilham o seu sangue. Apesar dos desafios e obstáculos ao longo dos anos, Ana Patrícia nunca desistiu da esperança de encontrar os seus irmãos.

Actualmente com outro nome, Ana Patrícia Duarte Soares de Andrade, falou com O SETUBALENSE e explicou o porquê de ‘apenas’ agora procurar os seus irmãos. “Isto já anda comigo há muitos anos, só que primeiro tinha medo de represálias e também porque não queria magoar os meus irmãos. Agora, com 37 anos e já com três fi lhos, gostava de saber mais. Até mesmo porque é um passado que faz parte de mim e já estou mais madura para tomar esta atitude”, explicou.

Ana Patrícia conta que os seus pais adoptivos nunca lhe esconderam nada, fazendo sempre questão que se soubesse de onde vinha. “Eu sempre soube, desde os meus três anos de idade. A minha mãe adoptiva contava-me uma história e depois no final, eu perguntava quem era essa menina, e ela dizia sempre “és tu”, ou seja, fui assimilando esta ideia. Sempre soube da minha história”, relatou.

Já com uma vida feita, Ana mostra-se muito orgulhosa daquilo que alcançou, principalmente dos seus fi – lhos. “Neste momento moro em Carnaxide, comecei a trabalhar aos 16 anos e aos 20 fui mãe pela primeira vez. Entretanto já me casei e divorciei e é com muito orgulho que digo que agora sou mãe de três crianças lindas e maravilhosas”, afirma, explicando que a sua curiosidade já se transferiu para um dos seus fi lhos, que quer também conhecer os seus familiares. “A minha fi lha mais velha também me faz muitas perguntas, ela quer conhecer os seus tios e tias”. Ana Patrícia garante que a sua luta é para manter e vai continuar a sua busca até ao túmulo. “Não quero morrer sem saber nada da minha história”.

 

Uma notícia que ajudou à saída da miséria em que vivia

Foi a 2 de Julho de 1986 que O SETUBALENSE fez uma reportagem sobre três crianças que viviam na miséria em Setúbal. Carla Sofia, de 9 anos, uma menina de 3 anos, e Ana Patrícia, com apenas nove meses. Esta notícia sobre “abandono por desleixo”, relata a história de três meninas que vivam em condições deploráveis em Setúbal.

O pai já não estava presente e a mãe não “ligava nada aos miúdos”, sendo que as crianças eram alimentadas pelos vizinhos. Foi precisamente graças a uma vizinha que esta história foi pública, após contactar a polícia, que a aconselhou a vir a O SETUBALENSE relatar as condições vividas pelas crianças.

O jornalista que escreveu esta peça questionou “que futuro” existia para estas crianças. Agora Ana Patrícia questiona, onde estão estes adultos.

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