Ritual ganha cada vez mais expressão no calendário cultural do concelho. Este ano “o traidor foi dez vezes ao castigo”
A tradição voltou a ser o que era em 1995, mas saiu reforçada sob o “chapéu” do teatro local. E o “castigo” àquele que, de entre o grupo dos 12, ficou eternamente conhecido por se vender por 30 moedas cumpriu-se por “dez vezes” em Palmela. No passado Sábado de Aleluia, foi queimada uma dezena de Judas no centro histórico da vila, numa iniciativa que tem vindo a crescer desde que foi recuperada pelo município há 29 anos. Pelos números da autarquia, a “queima” deste ano foi seguida por largas centenas de pessoas.
“Cerca de mil visitantes deslocaram-se até Palmela no dia 30 de Março, para testemunharem mais uma ‘Queima do Judas’”, contabiliza a edilidade em jeito de balanço ao evento, cada vez mais enraizado no calendário das expressões culturais locais. E esta edição contou com uma particularidade. “A Liberdade, o 25 de Abril e a Paz foram mote da generalidade dos testamentos apresentados pelos grupos participantes”, realça o município.
A iniciativa envolveu “a participação de 12 associações”, “a queima de dez Judas no centro histórico da vila” e culminou “em convívio no Largo de S. João com o tradicional fogo-de-artifício e o desfile de ‘Diabos com Fogo’”.
O ponto de partida para o percurso que integra o cumprimento do ritual tem lugar no Largo dos Loureiros. O itinerário abrange o Largo do Município, a Praça Duque de Palmela, o Largo D. Afonso Henriques, o Largo D. João I, o Largo do Mercado, o entroncamento entre as ruas Hermenegildo Capelo e Heliodoro Salgado, o Largo do Marquês de Pombal e o Largo Passo da Formiga. E arrasta os participantes que dão corpo a uma tradição “de origens pagãs, ligada à celebração do equinócio da Primavera e ao início de um novo ciclo de vida”, lembra a autarquia. Uma tradição que em Palmela está cada vez mais viva, conforme faz notar o município. “O ritual, recuperado pela Câmara Municipal em 1995, no âmbito do Programa Municipal do Teatro, regista, 29 anos depois, uma adesão crescente, quer da parte dos visitantes quer do movimento associativo.”
A iniciativa é organizada anualmente pela Câmara Municipal de Palmela, em parceria com os grupos de teatro e o movimento associativo do concelho.