10 Maio 2024, Sexta-feira

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Pedro Ferreira: “As populações de Moita e Montijo podem estar descansadas com os seus bombeiros”

Pedro Ferreira: “As populações de Moita e Montijo podem estar descansadas com os seus bombeiros”

Pedro Ferreira: “As populações de Moita e Montijo podem estar descansadas com os seus bombeiros”

O comandante dos Voluntários da Moita garante que os elementos das duas corporações apresentam “grandes capacidades técnicas”. Mas lamenta a falta de meios

 

Saiu do cargo de Comandante dos Bombeiros do Montijo em completa ruptura com a direcção e acabou por assumir a mesma função na corporação da Moita, perante a contestação de alguns elementos que pretendiam outra escolha da direcção. Volvidos pouco mais de três meses, Pedro Ferreira, 54 anos, garante que a estabilidade reina no seio do corpo activo moitense.

Revela as principais medidas do projecto que pretende concretizar na unidade e lamenta o “desinvestimento” dos sucessivos governos nos bombeiros.

Qual é actual situação nos Bombeiros da Moita, após a contestação de que foi alvo? É estável?

Tudo o que existiu, passou. Está também a ser tratado. E agora temos uma situação estável.

Houve ameaças de deposição de capacetes junto ao quartel.

Essa tentativa nunca foi concretizada. Foi um movimento que foi feito por meia-dúzia de bombeiros, não mais do que isso. Os 80% [dos elementos] de que se falava que quereriam sair e tudo mais, saíram três. Estão dois na inactividade. Portanto, não passou disso.

Esta foi uma situação um pouco idêntica à experimentada aquando da sua ida para a corporação do Montijo. Onde reside o problema, na pessoa de Pedro Ferreira ou dentro dos corpos activos de bombeiros que pretendem escolher comandantes?

Na pessoa de Pedro Ferreira não deve ser, porque as provas estão dadas há bastantes anos. As pessoas que me conhecem a nível nacional sabem do meu trabalho, sabem o que sou. O que posso dizer é que este sistema de bombeiros voluntários no nosso país está um pouco falido. São as direcções que têm de dar o passo para a escolha do comandante, poderão ou não ouvir o corpo activo, depois compete ao comandante escolher o seu elenco e propô-lo à direcção. Todo o elenco de comando é aprovado pela direcção. Será assim, enquanto não se mudar a lei.

E acha que deveria ser mudada?

Penso que poderíamos achar aqui outro tipo de soluções. E a escolha como foi feita nos Voluntários da Moita até podia ser ponto de partida. Éramos três pessoas a concorrer para o lugar, que responderam a questões iguais colocadas pela direcção (só havia duas pessoas encarregues deste processo) e as respostas foram levadas a reunião de direcção identificadas por letras e não pelos nomes dos candidatos. Ou seja, escolheram o comandante consoante as respostas dadas. Só depois é que as restantes pessoas da direcção souberam quem era o candidato.

Que diferenças encontrou entre corporação do Montijo, de onde saiu, e esta que agora assumiu na Moita?

São bombeiros com grandes capacidades técnicas, quer no Montijo quer na Moita. São muito capazes e as populações podem estar descansadas com os seus bombeiros. Em termos de direcção, houve algumas diferenças. A direcção dos Bombeiros da Moita dá abertura para que possamos trabalhar, existe mais diálogo e isso faz com que as coisas corram muito melhor do que no Montijo.

O projecto que delineou para os Bombeiros da Moita já permitiu começar a implementar medidas?

Estes últimos três meses têm sido nesse sentido, de uma aproximação maior dos bombeiros à população que queremos aprofundar. Colocar mais equipas a funcionar 24 horas no pré-hospitalar. Já está a ser feito, tínhamos uma equipa com profissionais na emergência médica e neste momento já temos duas e estamos a caminho de uma terceira. Já existe a possibilidade de renovar o nosso parque de viaturas. Temos veículos com 30 anos, o que faz com que a nossa resposta possa às vezes ser posta em causa, se houver uma avaria, por exemplo. Tivemos um acidente com o nosso veículo INEM há cerca de três semanas, ficámos reduzidos a três ambulâncias de socorro, e na semana seguinte avariaram-se duas. Ficámos com uma para dar socorro a 66 mil habitantes. Também quero criar um posto de emergência com motos, para que se possa chegar à vítima enquanto não chega uma ambulância, o que pode ser o garante para salvar a vida de uma vítima.

Como está o processo de criação de uma 2.ª Equipa de Intervenção Permanente (EIP)?

Foi assinado recentemente com a Câmara Municipal, espera-se a homologação do Ministério da Administração Interna que irá acontecer.

Uma das questões prementes nos últimos tempos tem sido a falta de ambulâncias na região, com necessidade de se recorrer a corporações de outros pontos da Área Metropolitana de Lisboa. É assim ou nem tanto?

É verdade! Também se deve um pouco ao desinvestimento que tem sido feito nos corpos de bombeiros, sobretudo na margem sul. Notamos isso, não só deste como de outros governos. E ainda à retenção de macas que é feita nas urgências dos hospitais.

O futuro dos bombeiros passa pela profissionalização ou por um aprofundamento de um sistema misto, profissional e voluntário, até porque há quem diga que a profissionalização total implicaria qualquer coisa como 2 mil milhões de euros/ano?

Passa sempre por profissionalizar os corpos de bombeiros, por fazer uma situação mista em que os voluntários sejam para apoio e assentar sempre o socorro no profissional. Por isso é que quero profissionalizar as ambulâncias de socorro na Moita, para podermos prestar um melhor serviço à população.

O que mais o preocupa, face aos teatro de operações já vividos neste período na Moita?

Preocupa-me muito estarmos afastados da zona do Vale da Amoreira e da Baixa da Banheira. Está prevista a criação de um destacamento, com a segunda EIP a ser colocada na zona do Vale da Amoreira.

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