26 Abril 2024, Sexta-feira
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Presidente da Assembleia Municipal recorda que ditadura “é a repressão do potencial humano”

Frederico Rosa lembra efeitos da pandemia e deixa esperança num futuro melhor

 

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As comemorações do 48.º aniversário do 25 de Abril no Barreiro incluíram, além do regresso do Desfile da Liberdade, ao final da tarde de domingo, um concerto com a banda The Gift na noite da véspera da Revolução dos Cravos, perante o olhar atento de centenas de barreirenses que se deslocaram até ao Parque da Cidade para assistir ao espectáculo, frente ao Auditório Municipal Augusto Cabrita (AMAC), por Sónia Tavares e pelos restantes membros da banda.

The Gift cantaram e encantaram no Parque da Cidade, na véspera do 25 de Abril

Frederico Rosa, presidente do município, e os restantes eleitos do executivo, munidos de um cravo, subiram ao palco situado naquele espaço verde, tendo o autarca lembrado que, após dois anos de interrupção marcados pela pandemia, com “uma vida que nunca imaginámos” e após a perda de “familiares e muitos amigos [e da] nossa liberdade de poder sair, num esforço colectivo que foi necessário”, a população viu-se ainda confrontada com uma guerra na Ucrânia.

O presidente acrescentou que, com “democracia, com liberdade de expressão, com pluralismo e acima de tudo, com a inclusão de todos […], estamos juntos nesta sociedade e todos temos de deixar um mundo melhor para os nossos filhos e netos”, frisou. Terminado o momento musical, naquele local teve ainda lugar o espectáculo “Cantigas de Rua”, que procurou reviver o clima das canções populares.

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Entretanto, após as cerimónias do hastear das bandeiras, que tiveram lugar durante a manhã de segunda-feira, por todas as freguesias do município, os eleitos e parte da população participaram ainda na sessão solene evocativa da Assembleia Municipal, que teve lugar no AMAC e que contou com um animado momento musical por Catarina dos Santos, acompanhada por Cláudio Andrade e Leo Espinosa.

Autarcas barreirenses subiram ao palco, no Parque da Cidade, para escutar o edil Frederico Rosa

André Pinotes Batista, presidente do órgão autárquico, saudou todas as forças políticas que integram a assembleia, assim como as forças militares, as autoridades que marcaram presença, IPSS e tecido empresarial, além das forças de bombeiros. O responsável lembrou muitos dos homens que perderam a vida ou despedaçaram as suas famílias, tendo como causa principal a liberdade, lembrando que “uma ditadura é a repressão do potencial humano”, das vozes e da educação, da ciência e de todas as formas de cultura e de associação.

O responsável lembrou que, actualmente, “quem dá mais valor ao 25 de Abril são os jovens com menos de 44 anos”, sendo que hoje em dia “80% das mulheres consideram que [esta data] foi muito importante, mais 10% do que os homens e, em todos os partidos democratas, menos num, entre 75 e 98%, consideram que [a revolução] foi muito importante ou importante”, informou. “A verdade é que se queremos mais e melhor democracia, e não apenas mais dias de democracia, convêm percebermos que existem três eixos nos quais temos todos que trabalhar”, alertou.

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Além da ascensão social e da sustentabilidade ambiental, também a “transparência diz respeito a todos” e os políticos, defendeu, devem assumir que “não devem ter medo de dizer que são políticos, que servem a causa pública, porque não podemos ter uma construção democrática sem políticos”, frisou.

Durante o encontro, Frederico Rosa defendeu que “a democracia, de facto, em Portugal ainda é jovem, mas é algo que tem de se aprofundar e tem de ser defendida, em primeiro lugar, por todos nós políticos, eleitos pelas populações”. Segundo o autarca, “defender é ajudar a construir opções, oposições, e este é um caminho que a todos deve comprometer”, defendeu.

“Assusta-me verdadeiramente que temos que cortar na política, temos que cortar nos deputados da Assembleia, meus amigos não se enganem: o fascismo é mais barato que a democracia, pois não tem eleições, não tem representantes do povo, tem nomeações muitas vezes a quem não deve”, sublinhou, mostrando-se assustado com populismos que querem resolver todos os problemas “com uma bala de prata”. O edil frisou que “a táctica política substituiu a ideologia política”, tendo deixado o desafio de “construir e ouvir todos e melhorar a democracia”.

Partidos discursam durante encontro em Auditório

No decorrer da sessão, Paula Serralha, em representação do Bloco de Esquerda, chamou a atenção para a ascensão da extrema-direita e para a inquietação da precariedade dos jovens, para a falta de habitação social acessível, baixos salários e reformas, falta de acesso aos transportes e a própria corrupção, entre outras questões, nomeadamente, a inquietação “perante as desigualdades cada vez mais acentuadas em prol do capital”.

Nuno Chambel, eleito do partido Chega, por sua vez, começou por lembrar que a revolução “ajudou a trazer a liberdade de expressão, uma maior oportunidade de igualdades, um pensamento livre e o pluralismo uns anos depois”. O deputado defendeu que “a democracia e a liberdade em Portugal nunca mais deverão ser postas em causa, não deveremos andar para trás nesses valores”, realçou, e que deverão ser “escolhidas ideias” através da “escolha de reformas que Portugal necessita há muito”.

Em representação do PSD esteve o deputado Vítor Castro Nunes, que relembrou o papel decisivo dos cidadãos portugueses e do Movimento das Forças Armadas para construção de “um futuro em liberdade”. O responsável falou da descolonização e do “processo em construção” do 25 de Abril, lamentando a falta de presença de muitos na iniciativa. “Neste Abril os impostos são asfixiantes, são inimigos do crescimento e da criação de riqueza e, infelizmente, Portugal hoje fixa-se na cauda da Europa em termos económicos, sendo um país pobre, de ordenados médios-baixos, incapaz de reter os seus melhores e de atrair os melhores, provenientes de outros países”, sublinhou.

Dado a CDU ter abdicado de participar na sessão, o presidente da Assembleia deu a palavra ao deputado do PS, João Pintassilgo. O responsável lembrou que este momento deve ser “visto e vivido como uma data maior da nossa história contemporânea” e destacou que o 25 de Abril “não foi uma mera transição de regime”, afirmando “que a nossa jovem democracia terá de ser vivida diariamente”. Referiu ainda que a revolução deu ao povo “a liberdade e a democracia”, que contém os princípios da “solidariedade, o diálogo, a tolerância de todos e para todos”.

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