“Eu sou a minha própria mulher” é o Espectáculo de Honra da edição deste ano. O programa já revela grandes nomes
O Festival de Teatro Almada celebra este ano a 40.ª edição onde vai apresentar alguns dos “mais destacados criadores e companhias nacionais e internacionais”, adianta já a Companhia de Teatro de Almada (CTA), que organiza aquela que é considerada a maior festa das artes cénicas do País, e com grande relevo além-fronteiras.
De 4 a 18 de Julho, vão estar em nove palcos vinte espectáculos de teatro, dança e novo circo. Em Almada, serão apresentados no Teatro Municipal Joaquim Benite, Escola D. António da Costa, Fórum Romeu Correia, Incrível Almadense e Academia Almadense, do lado de Lisboa vão ter palco no Centro Cultural de Belém.
Com toda a programação a ser apresentada ao público a 16 de Junho, às 21h00, na Casa da Cerca – Centro de Arte, a CTA levanta a ponta do véu ao destacar o ‘teatro da palavra’, iniciativa ancorada na literatura que, em 2023, é representada por vários encenadores que se têm dedicado à montagem de peças seminais da dramaturgia universal.
Realce para Peter Stein, o decano encenador alemão, mundialmente aclamado, que já apresentou no Festival de Almada textos de Beckett como a “A última gravação de Krapp”, com Klaus Maria Brandauer, Labiche em “O prémio Martin” ou Pinter com “O regresso a casa”, volta este ano com nova produção: “O aniversário”, também de Harold Pinter, numa produção italiana com Maddalena Crippa no elenco. Vai estar no Palco Grande da Escola D. António da Costa, a 12 de Julho.
Escrita em 1957, quando Pinter tinha apenas 27 anos, a peça “O aniversário” é tida como uma das suas ‘comédias de ameaça, entre o cómico e o trágico. “Nunca estamos seguros de as personagens nos dizerem a verdade, ou estarem pura e simplesmente a mentir: os espectadores são mantidos num estado de incerteza contínua”, escreveu Harold Hobson, crítico do Sunday Times, no dia seguinte à estreia absoluta da peça.
Já conhecido é o Espectáculo de Honra da edição deste ano. Votado pelo público do Festival de 2022, volta ao palco em Almada, no Fórum Romeu Correia a 07, 09 e 11 de Julho. A peça “Eu sou a minha própria mulher” decorre num monólogo de Doug Wright dirigido por Carlos Avilez e interpretado por Marco D’Almeida.
Vencedora de múltiplos prémios, incluindo um Pulitzer e um Tony Award, a peça conta a fascinante biografia de Charlotte von Mahlsdorf, que viveu sob o regime nazi, e na Berlim Oriental da República Democrática Alemã. Esta personagem real revela o seu museu-antiquário, em cuja cave apresentava clandestinamente espectáculos para a comunidade gay de Berlim.
No Teatro Municipal Joaquim Benite, a 17 e 18 de Julho, vai estar o encenador Declan Donnellan e o cenógrafo Nick Ormerod, que fundaram em 1981 a companhia Cheek by Jowl. Baseada em Inglaterra, esta estrutura acabou por montar espectáculos em vários países, com elencos franceses, russos e italianos. Desta vez a dupla de criadores aportou em Madrid, dirigindo “A vida é sonho”, de Pedro Calderón de la Barca, para a Compañía Nacional de Teatro Clásico.
Depois de um inesquecível “Rei Ubu”, de Alfred Jarry, apresentado em 2014, Donnellan regressa ao Festival de Almada com um dos mais emblemáticos textos do siglo de oro.
Até Lisboa, no Centro Cultural de Belém, a 13 e 14 de Julho, a programação do Festival leva “uma das mais renomadas companhias de dança do Mundo”, comenta o CTA. Agora regressa a Portugal com nova criação: “Momo”, uma coreografia de Ohad Naharin, com colaboração de Ariel Cohen, e banda sonora assente no álbum Landfall, que a lendária Laurie Anderson gravou com o Kronos Quartet.
