Criação colectiva agrega um conjunto de memórias e histórias ligadas ao antigo monumento da Rua de Olivença
Kim Prisu, João Palmela e Pedro Botelho são os criadores do mais recente monumento que veio acrescentar memória identitária à vila de Pinhal Novo. O Memorial do Arco da Ponte já brilha desde domingo, 1, na Avenida dos Ferroviários, inaugurado que foi no âmbito das celebrações do Dia da Restauração do Concelho de Palmela.
A obra, localizada na urbanização de Val’Flores “agrega um conjunto de memórias e histórias ligadas ao antigo Arco da Ponte da Rua de Olivença”, explica a Câmara Municipal de Palmela, em nota de Imprensa.
“O resultado, agora partilhado com a comunidade, é este Memorial do Arco da Ponte que, com os seus oito elementos, evoca diversas leituras e narrativas, a partir das vivências de uma população que, em particular, durante o Estado Novo, não dispunha de muito”, salienta a autarquia.
Em tempos idos, o antigo Arco da Ponte foi um local onde “se namorava, brincava e escorregava pelo contraforte”. Ali, lembra a edilidade, “deixavam-se sapatos já usados para que os menos afortunados lhes dessem, ainda, aproveitamento”.
Daí o “grande valor sentimental” que o antigo Arco da Ponte tem para a população pinhalnovense.
O memorial faz agora renascer uma parte significativa do ADN da comunidade. Exalta o antigo Arco da Ponte que “foi construído nos anos 30 do século XX” e que “viria a ser desmantelado entre 2002 e 2003, no âmbito das obras de construção da nova estação ferroviária”, deixando para trás memórias de muitas vidas, recorda o município. Na altura as autarquias “lutaram pela manutenção ou deslocalização” do antigo monumento, porém “a REFER alegou a impossibilidade de salvaguarda” da referida obra de engenharia. Ainda assim, a Junta de Freguesia viria a conseguir que “a pedra de cantaria fosse salvaguardada para utilização futura”.
O passado, o presente e o futuro são agora assinalados com o memorial erigido da autoria de Kim Prisu, João Palmela e Pedro Botelho. Artistas que, segundo o presidente da autarquia, Álvaro Balseiro Amaro, “souberam ler e interpretar os testemunhos partilhados para idealizar o monumento”. O processo, participativo, para a construção do memorial “foi iniciado em 2017”. Englobou “uma sessão pública, recolha de fotografias e memória oral pelo Museu Municipal, no âmbito do projecto ‘Álbum de Família’”, além da “apresentação pública na Semana da Freguesia”, elencou Álvaro Amaro, durante a cerimónia de inauguração, sem deixar de enaltecer o contributo de todos os que “enriqueceram” o processo, ao mesmo tempo que recordou os “usos e vocações” do antigo Arco da Ponte, quer ao nível da “cultura ferroviária” quer enquanto “ponto de socialização”.