28 Abril 2024, Domingo
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A memória

Não podíamos progredir nem mesmo existir se não tivéssemos memória. Sem memória não havia história, perdiam-se todas as experiências da nossa vida passada. Pior ainda – sem memória não haveria o sonho, o motor das nossas vidas. Ora as memórias duma família vão sendo arquivadas no íntimo dos mais idosos que são assim verdadeiras “Torres do Tombo”. Sem a memória dos idosos numa família as experiências sem sucesso poeriam ser repetidas pelos mais jovens tal como os avanços deixariam de ser a base para os passos seguintes – sem a memória não há progresso !!

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Na  sociedade em que vivemos, nesta sociedade consumista, individualista e tendo como guias o “deus mercado” e os anseios permanentes de poder sobre os outros, os idosos em geral e os avós em cada família, deixaram pela idade ou pelas doenças ou mesmo sem qualquer razão plausível, deixaram de ser agentes de produção, passaram a ser um peso para as famílias e tratados como inúteis. Assim assistimos nesta pandemia aos milhares de idosos em lares – muitas vezes sem quaisquer condições de comodidade ou mesmo de higiene – ceifados pela covid19.   Veem estas considerações a propósito de ter sido criado “um dia dos avós e dos idosos”- no passado domingo – criado pelo Papa Francisco. E por que esta criação veio mexer com as consciências de muita gente, não posso deixar de opinar sobre tal problema e pondo em destaque que os avós são testemunhos vivos do que é uma vivência do amor, pedra angular da família, elemento fulcral do desenvolvimento harmónico dos filhos, rampa de lançamento de mulheres e homens construtores do futuro. E – já o dissemos acima – detentores das memórias que alimentam os sonhos, motor do progresso (nem sempre no bom caminho)   Estamos portanto falando de agentes que transformem a sociedade em que vivemos, doente não só da pandemia, mas doente na sua constituição, a tal sociedade que – como diz o Papa Francisco – centrifuga para as margens todos os que não seguem as suas regras, que despreza os deficientes, os  pobres e que até MATA ! Ora estando nós a atravessar esta tragédia da pandemia, estando nós no limiar duma entrada no nosso país de uma ajuda financeira da União Europeia, de milhares de milhões de euros, é bom que a sua utilização seja criteriosa, e criando bases sólidas não só para a solução de infraestruturas sólidas mas igualmente – talvez deva dizer principalmente – que sirvam para resolver  os nossos atrasos sociais, como  o ensino, as desigualdades sociais, o abandono cultural, a valorização do trabalho, o desenvolvimento científico e …um Serviço de Saúde mais eficiente, E o simulacro do “estado da nação ”feito há dias na nossa Assembleia da República não tranquilizou ninguém.

E então aos idosos deste país, e aos avós das nossas famílias, também se detetou algum  “miligrama” de esperança?  É evidente que nós, os avós e os idosos em geral, temos de sair do nosso anonimato forçado, e participar dando o exemplo de puxar pela memória, proclamar que o amor é o mais importante na vida, e assumir as nossas responsabilidades na participação que tivemos na maneira de ser dos filhos e netos que temos. Somos a memória viva, temos os dados necessários para construir a tal mudança que se impõe. Falemos alto, sejamos inconformados com os males de hoje para que, em especial a juventude pense que tem de ser ativa e comprometer-se na “nova realidade” que pode e deve evitar que a Mãe Terra sucumba a desvarios, como prazer de estar quatro minutos sem gravidade e flutuar, gastando milhões, enquanto cá por baixo se vai morrendo de fome em muitos pontos do globo, que esses senhores – donos do dinheiro –  olham sempre de  longe! Milhões por quatro minutos de prazer e exibicionismo – um escândalo que guardo na minha memória para me dar força para lutar pela reabilitação dos idosos e…dos avós!

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