5 Maio 2024, Domingo
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Vitória que futuro?

Começo por agradecer ao Senhor Director a disponibilidade para publicar estas breves reflexões.

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O Vitória atravessa uma das piores crises da sua longa e brilhante e centenária história.
A criação da SAD, uma solução encontrada pelo poder politico para gerir o futebol profissional na sua vertente “negócio” trouxe a muitos clubes e em especial ao Vitória uma torrente de problemas e ilusões, causados pela impreparação, falta de competências e aproveitamentos pessoais, que consumiram e definharam o clube.

O Vitória nunca foi capaz de parar e perceber o que lhe estava a acontecer e deixou-se envolver pela voragem do dito “futebol negócio” que levou a confundir o clube com a sociedade anónima desportiva (SAD) como se fossem, e não são, a mesma coisa
Chegados a esta altura impõe-se uma análise fria e descomplexada da situação da SAD.

Na verdade a “descida aos infernos” que foi a despromoção aos campeonatos não profissionais, coloca na ordem do dia a cedência de parte do capital social da SAD.

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E sobre isto sejamos claros, o Vitória, não pode,nem deve, continuar a pôr em risco a sua própria sobrevivência para tentar salvar a SAD, que sucumbirá naturalmente se não fôr encontrada uma solução, bastando referir que na presente época são necessários dois milhões e meio de euros, quando sabemos da inexistência de receitas suficientes.

Que solução?

Temos para nós que a maioria do capital social da SAD tem de ser cedido a terceiros, com cuidados e segurança, que impeçam o repetir da situação dramática de outros clubes, muitos deles, quase centenários.

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Para isso, é essencial garantir:
– Que o equipamento e o emblema do Vitória têm de ser os constantes nos Estatutos do Clube;
– Que os jogos em casa se realizem obrigatoriamente no Estádio do Bonfim;
– Que a nomeação e destituição do(s) administrador(es) nomeados pelo Clube é feita pelos órgãos sociais do Vitória e não pelos accionistas da SAD;
– Que o investidor terá de honrar todos os compromissos e obrigações, designadamente garantindo (garantia real, garantia bancária etc.) o plano de pagamento do PER, as contribuições e impostos que não estejam incluídos neste, as despesas correntes com o seu funcionamento, designadamente pessoal, incluindo jogadores, equipas técnicas,deslocações, água, electricidade etc etc.;
– Que pela utilização do Estádio, ginásios e instalações do clube a SAD pagará uma compensação justa, que ousamos indicar de € 350.000,00/ano;
– Que a gestão da SAD é feita de forma profissional e competente, de acordo com altos valores de exigência para a rentabilização do “negócio futebol”, tendo e mantendo equipas competitivas;

Se este cenário não se verificar teremos de apresentar um novo plano aos credores, tendo em conta as especificidades do momento, que permitam viabilizar a SAD.
Aproveito para opinar sobre a insolvência e dissolução da SAD.

Uma solução destas deverá ser sempre negociada com os credores, não podendo esquecer, que os prazos de prescrição são muito dilatados e que a existência de dívidas a profissionais que a FIFA sancione, nos impede de inscrever qualquer equipa de futebol, nas diversas modalidades e escalões( futsal,feminino..)

Julgar que defender a insolvência da SAD, de forma imediata e fácil, não é, nem nunca será uma solução.

Quanto ao Clube

O Vitória por aquilo que atrás dissemos está refém de dívidas de valor absurdo relacionadas, entre outros, com o famigerado Vale da Rosa, designadamente à Parvalorem (cerca de 13 milhões de euros) e a uma entidade bancária. Se em relação a esta Município já encontrou uma solução, a questão da Parvalorem está em aberto e não terá solução se o Município não conseguir inverter esta situação, sabendo nós, do empenho e cuidado que a Câmara Municipal,tem, no encontrar de soluções.

Resolvidas estas duas questões essenciais, temos todos de encontrar soluções para pagar o passivo do clube, porque sendo nós gente honrada, temos obrigação de tudo fazer para cumprir as nossas obrigações.

Vai ser fácil ? NÃO

Mas não podemos desistir da reestruturação profunda do modo de funcionamento do Clube, por meios democráticos e participativos, envolvendo todos os associados e os Setubalenses, chamando-os para a tarefa de salvar o Vitória, que só pode ser conseguida se, pelo menos, duplicarmos o número de sócios, que cumpram as suas obrigações, definindo e regulamentando o sistema de fixação do valor da quota, em função da categoria de sócio e não da ocupação de lugares no Estádio.

Os sócios que não gostam de futebol, merecem o mesmo respeito que os demais, porque é essencial defender e consolidar o ecletismo do Vitória.

Entendi escrever esta reflexão a título pessoal, antes da entrega de qualquer candidatura, tanto mais que não integrarei ou participarei na apresentação de qualquer candidatura, embora nºão desista do Vitória e designadamente da necessária alteração dos Estatutos.
Não me conformo, nem aceito a posição simplista de insolver a SAD e fundar outro clube.
O Vitória pela sua grandeza e história vai sobreviver e levantar-se , mas se o não conseguir terá de saber morrer de pé.

Tudo quanto escrevi, só a mim me responsabiliza.

Setúbal, 8 de Outubro de 2020
Cândido Casimiro – Sócio nº 1530

 

 

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