Concerto verdadeiramente intimista ficará na memória dos que assistiram
Ao chegar às imediações do Fórum Luísa Todi, na passada sexta-feira à noite, dava para perceber que ali iria decorrer um evento com um público oriundo dos dois lados do Atlântico. Os dois sotaques da mesma língua, portuguesa, misturavam-se para receber um dos maiores nomes da música do Brasil, Alceu Valença.
A abrir a noite, a colombiana Mari Segura (que andou pelo programa The Voice Portugal em 2020) apresentou o seu EP de estreia, com uma prestação que deixou pistas para ficarmos atentos ao seu caminho. Foi rápida a sua passagem pelo palco. O preço a pagar pelos novos quando fazem primeiras partes.
Este concerto de Alceu Valença, só com violão, desde o seu anúncio, deixou-me um pouco confuso, pois era difícil imaginar aquele músico elétrico e eletrizante, que leva ao rubro multidões, a tocar calmamente violão numa sala.
E afinal a sua relação com o violão até nem era muito regular (aliás, como Alceu Valença referiu na entrevista que lhe fiz, publicada no jornal O SETUBALENSE no passado dia 27, só tinha tocada violão num concerto em Paris, no longínquo ano de 1979), tendo sido a pandemia a responsável pelas noites que Alceu passou com o violão e que deram origem aos álbuns gravados neste período.
Mas Alceu chegou e disse ao que vinha: com a mestria dos grandes, de imediato conquistou o publico (maioritariamente conhecedor da sua obra), desfilando temas, contando histórias, e qual maestro, dirigindo o público que cumpria exemplarmente o seu papel colaborante.
Num desfile de cerca de hora e meia, não faltaram temas icónicos como “Estação da Luz”, “Tropicana” ou “Cavalo de Pau” e ainda um dueto com o seu filho, num concerto verdadeiramente intimista, que ficará sem dúvida na memória dos que estiveram no Fórum Luísa Todi.
*Opinião musical
