Agentes da região preparam-se para um novo fomento de olhos postos nos dados que colocam a península acima das médias registadas em todo o País
Os anúncios da construção do novo aeroporto em Alcochete, a Terceira Travessia do Tejo, o prolongamento do Metro Sul do Tejo e outras infra-estruturas fazem com que vários actores da região estejam confiantes de que, nos próximos anos, a Península de Setúbal seja alvo de grande desenvolvimento.
Antes disso, é necessário olhar para os números para que, daqui por uns tempos, se possam perceber as consequências destas construções.
Esse trabalho esteve à responsabilidade de Joana Malta, directora do serviço de estatísticas territoriais do departamento de estatísticas demográficas e sociais do INE que fez um retrato da NUTS II Península de Setúbal com dados de Dezembro de 2022.
Assim, sabe-se que a Península de Setúbal é das sub-regiões com mais baixo índice de envelhecimento num valor de 158,8 idosos por 100 pessoas com 65 ou mais anos por cada 100 pessoas com menos de 14 anos, estando abaixo do valor nacional (188,1).
Outro dado relevante é que a península foi uma das 26 regiões onde a taxa de cobertura das importações pelas exportações foi superior 100% (114,51%), com as importações a excederam as exportações.
Nem todos os dados são positivos porque, no que diz respeito aos créditos para habitação permanente na população residente com 18 ou mais anos, a região tem os valores mais altos, estando no primeiro lugar à frente de todas as outras 26 regiões.
Uma “fotografia optimista” porque muitos dos indicadores colocam a península acima das médias registadas em todo o País, como explicou o moderador e director do jornal O SETUBALENSE Francisco Alves Rito.
Nuno Maia recua ainda mais nos dados e aponta que “desde os anos 90 não houve mais nenhum salto significativo na riqueza da região” e que, até agora, não existiram “grandes investimentos que sejam estruturais da região”, esperando, por isso, que estas novas infra-estruturas possam dar algum alento à região.
O director-geral da AISET considera que a TTT vai ser uma mais-valia no que diz respeito à empregabilidade. “A Terceira Travessia do Tejo vai aproximar a margem sul da margem norte e o contrário também vai acontecer. criando oportunidades de emprego na península podemos importar população da margem norte”.
Já Fernando Pinto considera que o anúncio do aeroporto em Alcochete é “uma decisão que tarda, que é necessária e que se enquadra naquilo que são os desafios do futuro”. O presidente da Câmara Municipal de Alcochete entende que os autarcas têm de zelar pelas populações e pelos territórios.
“Tem que haver, da parte dos autarcas, uma visão pombalista no sentido de não termos receio de encarar o futuro e podermos apostar naquilo que é a verdadeira matéria-prima que são as pessoas para quem trabalhamos”.
Ao elogiar os investimentos anunciados para a península, mais concretamente para o Arco Ribeirinho Sul, refere que os presidentes das autarquias têm de estar “preparados para acolher estes investimentos”.
Destaca também o Porto de Setúbal como um ponto estratégico. “Sabemos que a indústria tem grandes desafios estratégicos, mas temos também grandes oportunidades no sentido que temos o Porto de Setúbal e uma frente marítima-portuária que pode ser uma grande porta atlântica do País”.
Laura Caldeira, presidente do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), considerou um outro aspecto explicando que “hoje a habitação é um problema de todas as sociedades” e que as novas tecnologias podem ser colocadas neste terreno por forma a “construir de forma rápida e com qualidade”.
