2 Maio 2024, Quinta-feira
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Hélder Guerreiro:“Com o caminho que se pretende trilhar o orçamento em 2024 terá de ser superior”

Futuro passa por transformar oficinas municipais em espaços de criação, por aquisição de casas no Largo Miguel Bombarda para residências artísticas e recuperação da Fábrica do Miranda

 

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Rica e diversificada. É assim que o presidente da Câmara de Odemira, Hélder Guerreiro, descreve a cultura no concelho, tratando-se de uma área que contribui para o desenvolvimento económico do território. Para o executivo municipal, tal representa “um factor fundamental e crucial”, com a cultura a ter “um impacto claro e inequívoco no apoio à criação de empregos e circulação de bens e serviços na economia criativa”. “Odemira é sinónimo de diversidade e esse conceito é transversal a toda a política cultural municipal”, reconhece o autarca.

Da programação anual, destaca três eventos: o Abril em Odemira, o Festival Danças da Terra e o Setembro Cultura. Sobre o MEO Sudoeste no concelho, assegura que acontece
“uma simbiose tranquila”, acrescentando que as associações e colectividades “são o motor associativo concelhio”. Com os objectivos que pretendem atingir, revela que é necessário “existir um aumento de equipamentos e a recuperação de espaços e edifícios culturais”, assim como será necessário que o orçamento municipal seja superior no próximo ano. Além disso, o futuro passa ainda por dar início a “um trabalho de inclusão maior”, uma vez que “Odemira, neste momento, tem cerca de 80 nacionalidades com
diferentes matrizes culturais”.

 

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Como caracteriza a cultura no concelho de Odemira?

Diversificada, rica, histórica, criativa, inovadora e centrada nas, e para, as pessoas. O património de Odemira, nas suas vertentes cultural e natural, caracteriza-se por uma riqueza e diversidade.

 

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Quais são os princípios estruturantes da política cultural que o município procura seguir?

A política cultural do município assenta na promoção da qualidade de vida para todos, na aposta na atractividade do concelho, ancorada no seu património cultural e natural, como base para a produção e promoção do conhecimento e inovação.

A implementação de um programa cultural plurianual que conjugue o património e o saber fazer locais com a contemporaneidade, com conteúdos pedagógicos e com a necessidade de fomentar a cultura e a criatividade como base para a atractividade do concelho para novos habitantes e visitantes, bem como para a valorização de saberes.

Desenvolver uma política cultural para o concelho que se traduza numa programação estruturada, diversificada e acessível a todos, apostando nas indústrias culturais e criativas com base em programas e na estruturação de espaços e/ou “ecossistemas” para o desenvolvimento de pólos criativos.

 

Odemira abarca realidades distintas, como Vila Nova de Milfontes ou São Teotónio. Como é que estas diferenças são integradas na política cultural do
município?

Odemira é sinónimo de diversidade e esse conceito é transversal a toda a política cultural municipal. Através do reconhecimento e valorização do território e das suas diferentes manifestações culturais procura-se chegar a todo o concelho, quer através do trabalho da programação cultural do município, quer através da valorização dos agentes culturais locais, associações e entidades e através da descentralização da programação de forma directa e indirecta (através de apoios).

 

Da programação anual, há algum evento que destaque?

O município de Odemira destaca três momentos da sua programação. O Abril em Odemira, comemorado desde 77 (se não estou em erro), que implica uma forte vivência dos valores de Abril, da liberdade e justiça e que, além de oferecer um programa cultural diversificado, pretende afirmar a construção de diálogo e a discussão em torno dos temas em cima descritos. É um evento que tem como objectivo tornar a vila em recinto, centrando toda a sua programação num período temporal de 15 dias, focado na vila de Odemira.

Para assinalar o solstício de Verão, criou-se este ano o Festival Danças da Terra, que se centra na componente da tradição (danças tradicionais/ folclore). Pretende-se celebrar o tempo da terra, do caos que gera manifestações e celebrações pagãs do solstício de Verão, alargando a outras culturas.

E, em Setembro, existe o Setembro Cultural, uma descentralização da programação cultural por todo o concelho durante o mês. Inclui o aniversário da Biblioteca, o Festival Sete Sóis Sete Luas, o Simpósio de Escultura, as Festas da Nossa Senhora da Piedade, o feriado municipal, as Jornadas Europeias do Património e o Festival TassJazz.

 

O Festival MEO Sudoeste é um dos maiores festivais de Verão a nível nacional. Quais os impactos da sua realização em Odemira?

Odemira convive perfeitamente com o Festival MEO Sudoeste. Se nas primeiras edições o concelho não estava preparado para a “avalanche” de festivaleiros, nos dias de hoje e, com a alteração do público-alvo do referido festival, pode-se afirmar que acontece
uma simbiose tranquila, na qual os fruidores podem conhecer o território, experienciar o que de melhor cá temos e voltar.

 

Câmara Municipal mantémuma relação de proximidade com as associações e colectividades culturais do concelho? De que forma é desenvolvido este trabalho?

O trabalho desenvolvido na área da cultura vive das suas relações e interacções com as associações e colectividades culturais. Elas são o motor associativo concelhio e têm uma importância enorme na dinamização cultural local.

O PAACR (Programa de Apoio às Actividades Culturais e Recreativas do Concelho) é o principal canal de relação com as associações e colectividades em termos de apoios financeiros, que será substituído pelo Odemira Criativa – programa de apoio à actividade cultural que tem modelos de inovação. Além desta componente, existe uma estreita relação entre o município e as associações e colectividades no que concerne a apoio logístico, transporte e comunicação.

 

Sobre o orçamento anual da Câmara Municipal para a cultura, em que áreas incide principalmente? Qual o montante global atribuído aos agentes culturais do concelho?

Em 2023, o orçamento para a cultura foi de 1 milhão e 658 euros, dos quais 787 mil euros foram atribuídos através de parcerias estratégicas, do PAACR e uma cal realizada no final/início do ano a artistas em nome individual. De referir que todos estes apoios alimentam a programação anual do município, bem como apoiam a criação e produção local, no sentido da sua valorização e empoderamento local.

O orçamento garante a programação anual do sector, na qual incluem-se os equipamentos, como a Biblioteca Municipal “José Saramago”, o Cineteatro Camacho Costa, a Igreja da Misericórdia e o Quintal da Música, e os grandes eventos, nomeadamente o Abril em Odemira, as Danças da Terra, o Setembro Cultural e momentos pontuais. Com o caminho que se pretende trilhar, o orçamento em 2024 terá de ser superior.

 

Quais os benefícios económicos que a cultura traz ao concelho?

A contribuição da cultura para o desenvolvimento económico do concelho é vista por este executivo municipal como um factor fundamental e crucial. É importante destacar a importância da cultura, da produção cultural e a sua relação directa com o desenvolvimento e melhoria da produtividade dos territórios e Odemira está a realizar esse caminho.

A cultura tem um impacto claro e inequívoco em termos económicos através do apoio à criação de empregos e circulação de bens e serviços culturais na economia criativa. Não só destacar as consequências económicas, mas também a sua contribuição para o bem-estar da população, reforçando o sentimento de pertença ao mesmo.

 

Como avalia o apoio do Estado Central, nomeadamente da Direcção-Geral das Artes, aos agentes culturais do concelho?

Existem entidades/agentes culturais que procuram desde sempre concorrer aos diversos apoios do Estado Central e com os quais o município tem mantido relações de parceria.

No entanto, este ano o número de candidaturas e cartas de apoio solicitadas cresceram
de forma exponencial, pelo que, neste momento, como ainda não saíram os resultados, não nos é possível avaliar de que forma este aumento de candidaturas se traduz em investimento no nosso sector cultural, mas é importante reforçar que esta nova dinâmica local é extraordinariamente positiva para o desenvolvimento deste concelho e para a criação de inovação e atractividade desta zona do País.

 

Qual o papel das juntas de freguesia na cultura do concelho?

As juntas de freguesia são as aliadas do município. Têm um papel de extrema importância na proximidade com o território e com os agentes culturais locais. A relação de proximidade e conhecimento do tecido cultural local é fundamental para uma boa política cultural.

Também são responsáveis pela programação cultural das suas freguesias, a qual o município reforça com apoio financeiro através de protocolos como incentivo à criação de uma programação cultural anual nas 13 freguesias do concelho.

 

A cultura é actualmente acessível a todos os cidadãos do concelho?

Sim, sem qualquer dúvida!

 

O número de equipamentos culturais do concelho é o adequado às necessidades e à política que se procura seguir, ou são necessários novos equipamentos?

Com os objectivos que se pretendem atingir, tendo por base o Plano Municipal de Cultura
2030, terá de existir um aumento substancial de equipamentos para as indústrias culturais e criativas e para ‘hubs’ de criação e a recuperação de espaços e edifícios culturais, nomeadamente a recuperação dos frescos da Igreja da Misericórdia, a transformação das oficinas municipais em ‘hub’ de criação/produção – Odemira Factory, a recuperação e transformação da Fábrica do Miranda e a aquisição de casas no Largo Miguel Bombarda para residências artísticas.

 

Os públicos correspondem ou mostram-se interessados na programação que o município tem procurado oferecer?

O município de Odemira transformou e aumentou a sua programação cultural, redefiniu o
seu planeamento e tem procurado chegar a todos os públicos e alargou a sua rede de parcerias e sinergias de forma a activar a produção, criação e inovação cultural. Sente-se
satisfação por parte da população neste novo modelo, pelo que afirmamos que está a ser percorrido o caminho certo.

 

Quais os principais desafios da política cultural municipal actuais e futuros?

Os actuais referem-se à adaptação das alterações significativas no aumento da programação cultural do município, do crescente número de projectos locais, do crescente número de artistas em nome individual e do crescente aumento da produção cultural local. Em termos futuros, podemos falar no desafio da inclusão das novas culturas locais. Odemira, neste momento, tem cerca de 80 nacionalidades com diferentes
matrizes culturais, pelo que teremos de iniciar um trabalho de inclusão maior.

 

 

 

 

 

 

 

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