“Estou aqui com toda a motivação possível e acredito muito, juntamente com o peso da cidade que vamos conseguir o nosso objectivo”, diz
O novo treinador do Vitória, Micael Sequeira, que em 2021 esteve ao serviço do Lokomotiv Tashkent (Uzbequistão), assinou contrato válido por um ano na tarde de segunda-feira. Logo após a formalização do vínculo, o técnico, de 48 anos, ex-adjunto de Rúben Amorim no Sp. Braga, concedeu ao jornal O SETUBALENSE, no balneário principal do Estádio do Bonfim, a primeira entrevista enquanto homem do leme dos sadinos, cargo que representa, “sem dúvida”, o maior desafio da sua carreira.
Esta entrevista decorre no balneário onde vai estar com a equipa em 2022/23. O que sente neste momento por ser o treinador do Vitória FC?
Tive um sentimento diferente dos que tive quando fui apresentado noutros clubes. O Vitória é, de facto, enorme e ao entrar aqui sentimos a grandeza do clube.
Depois de um período no Uzbequistão, quais as razões que o levaram a querer voltar a Portugal?
A família pesou bastante. Ao sair do Uzbequistão dei preferência ao regresso a Portugal. A minha vontade era regressar ao país e, felizmente, consegui. Também consegui resistir às propostas que tive do estrangeiro. Quando surgiu a hipótese de vir para o Vitória, esse facto facilitou bastante a minha decisão de regressar.
De que forma?
Não fiquei à espera das outras decisões e abracei este projecto. Estou aqui com toda a motivação possível e acredito muito, juntamente com o peso da cidade, dos nossos adeptos, a envolvência de todos e os jogadores com a mentalidade certa, que vamos conseguir o nosso objectivo.
Como surgiu a oportunidade de treinar o Vitória?
A possibilidade surgiu por intermédio do Bruno (Sousa) [n.d.r.: novo director do futebol profissional] e, mais tarde, através do Hugo (Pinto) [n.d.r.: investidor da SAD]. Por se tratar de um clube histórico e com esta dimensão, imediatamente levou-me a pensar aceitar. Independentemente da divisão em que se está, o importante é reajustarmo-nos à realidade e termos consciência daquilo que temos que fazer. Não podemos entrar a pensar que somos os melhores do mundo, bem pelo contrário, temos que entrar sempre com muito cuidado porque toda a gente vai querer ganhar ao Vitória. Por isso, temos que correr o dobro e ter atitude máxima para podermos ganhar os jogos.
Quais as razões que o levaram a aceitar o convite?
A dimensão do clube. Pela sua história e também pelo presente, pelas pessoas que estão envolvidas no projecto, levou-me a tomar esta decisão. O peso do clube, a dimensão e a história querem dizer pouco porque os clubes são orientados pelas pessoas e é muito importante para mim ter a noção de quem são as pessoas que estão à minha volta. Quando me apercebi de quem se tratava não hesitei em avançar com muita vontade de poder ajudar.
Falou com alguém antes de tomar a decisão ou tomou-a sozinho?
Não falei com ninguém. Acredito que foi a melhor decisão que podia ter tomado. Felizmente as coisas têm corrido muito bem aonde tenho estado e acredito que ter vindo para aqui vai ser uma viragem na minha carreira.
É o maior e mais aliciante desafio da sua carreira?
É, sem dúvida. Traz mais responsabilidade porque tenho perfeita noção do que é o Vitória. Nunca me preocupo muito como chego ao clube. A minha principal preocupação é sempre como é que eu saio do clube. Acredito que vou sair daqui de cabeça levantada, com boas relações com todos e que vamos passar uma boa imagem do nosso futebol. Espero que seja um futebol de acordo com aquele que o Vitória sempre teve.
Em termos de objectivos, o que lhe foi pedido pela administração da SAD?
É sempre complicado falar de objectivos. A prioridade é sempre ganhar o primeiro jogo e, à medida que o campeonato vai decorrendo, vamos reformulando os objectivos de acordo com o momento que estamos a passar.
Os adeptos do Vitória são conhecidos pela sua exigência e não anseiam por outra coisa que não a subida de divisão…
Isso é inerente à história deste clube. Quem representa o Vitória tem que ter essa mentalidade de vir para cá para suportar essa pressão. É uma pressão positiva. Complicado é não ter adeptos nas bancadas e felizmente aqui isso existe e só tem de nos servir de motivação. O compromisso de ganhar está enraizado neste clube. Agora, o importante é não estarmos obcecados, mas sim conscientes da realidade para conseguirmos atingir os nossos objectivos. O compromisso de todos com a vitória é obrigatório aqui e quem não tem essa mentalidade não pode fazer parte deste plantel. Se eu não tivesse essa mentalidade também não estaria cá. O compromisso que existe aqui é de enorme responsabilidade e espero poder ajudar os jogadores que vamos ter e que vão ser mentalmente muito fortes e conseguir devolver a mística do Vitória.