19 Junho 2024, Quarta-feira

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Censura na última reunião pública de Nuno Canta [actualizada com reacções]

Censura na última reunião pública de Nuno Canta [actualizada com reacções]

Censura na última reunião pública de Nuno Canta [actualizada com reacções]

A sessão de câmara terminou assim que o presidente deixou um alerta: “Isto não é para ficar filmado”. A parte em que respondia ao vereador do PSD sobre a sua saída da autarquia para ir assumir funções na AMARSUL foi, esta quinta-feira, apagada do vídeo partilhado no YouTube

Nuno Canta tem pretendido fazer tabu da sua saída da presidência da Câmara Municipal do Montijo e na reunião pública desta quarta-feira optou por não comunicar ao executivo que está de abalada para ir assumir o cargo de vogal na Comissão Executiva da AMARSUL. Insólita acabou por ser a forma como o socialista tentou contornar a questão, quando foi interpelado no final da sessão (que se prolongou até às duas da madrugada) por João Afonso, vereador do PSD. Depois de ter respondido aos esclarecimentos solicitados pelo social-democrata, Canta chamou a atenção ao funcionário que estava a realizar a transmissão “on-line” da reunião: “Isto não é para ficar filmado…”, disse. E a emissão terminou.

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Já na manhã desta quinta-feira, quem acedeu ao vídeo da transmissão publicado no canal do município no YouTube não pôde assistir às respostas que foram dadas pelo presidente ao vereador. A parte final foi censurada, ou seja, eliminada. Para memória futura, a última reunião pública de Nuno Canta como presidente da autarquia ficou partilhada de forma incompleta, sem as respostas às questões colocadas pelo vereador do PSD (e sem as palavras de despedida com que o edil habitualmente encerra os trabalhos).

O caso ganhou forma após a votação da última proposta da ordem de trabalhos. João Afonso solicitou a Nuno Canta que esclarecesse se ia sair da autarquia, conforme foi noticiado em primeira-mão por O SETUBALENSE em 8 de Abril último, por entender que o socialista o deveria fazer na reunião, por “uma questão de respeito institucional pelo órgão”.

“Não me parece”, respondeu Nuno Canta, a propósito do respeito institucional a que aludiu o social-democrata, sem deixar, contudo, de comentar a notícia avançada por O SETUBALENSE.

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“Quanto mais o jornal especular ou quiser dizer sobre isso, melhor para nós. Toda a gente no Montijo já sabe que o presidente pode ir embora. Até agradeço isso ao jornal. Agora, a verdade das coisas: há um convite, o presidente está a ponderar e poderá aceitar ou não o convite. Se aceitar o convite, o limite é até dia 20 [de Junho]”, admitiu.

E adiantou: “O presidente a ir embora agora ou daqui por um ano não tem de dizer à Câmara – ‘olhe, vou-me embora’. Eu não estou agarrado ao lugar”, afirmou Nuno Canta, que terminou a intervenção com uma chamada de atenção ao funcionário que estava a realizar a transmissão “on-line” da reunião. “Isto não é para ficar filmado…”, disse. E a emissão terminou.

O SETUBALENSE questionou, por e-mail, se foi o autarca a ordenar o corte da parte final do vídeo da reunião e porquê. Na resposta, por escrito, Nuno Canta defendeu que o diálogo com João Afonso foi informal e evocou a lei. “De acordo com a alínea p) do n.º 1 do artigo 35, do anexo I, da Lei n.º 75/2013, de 12 de Setembro, compete ao presidente da Câmara Municipal ‘abrir e encerrar as reuniões, dirigir os trabalhos e assegurar o cumprimento da lei e a regularidade das deliberações’. Assim, as conversas informais posteriores ao término da reunião não fazem parte dos trabalhos da reunião de câmara, pelo que não devem fazer parte da gravação da reunião.”

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O SETUBALENSE sabe que o edil tem há muito a decisão tomada e que irá mesmo assumir funções na AMARSUL (https://osetubalense.com/ultimas/nuno-canta-confirma-que-tem-ate-dia-20-para-continuar-na-camara/). Esta quinta-feira à tarde, presidirá a uma reunião extraordinária, à porta fechada, com o executivo.

REACÇÕES
PSD diz que acto é “inaceitável em democracia”

O “apagão” das imagens dos minutos finais da sessão de câmara motivou a reacção da Comissão Política do Montijo do PSD. Em comunicado enviado à redacção de O SETUBALENSE, os social-democratas lembram que a “reunião municipal só terminou após o decurso da discussão entre o presidente e o vereador João Afonso e não antes”, ao mesmo tempo que consideram o acto “inaceitável em democracia”.
“O PSD do Montijo considera totalmente inaceitável que os autarcas do Partido Socialista obriguem os funcionários municipais a truncarem a filmagem da sessão de câmara sem qualquer fundamentação legitima. Infelizmente são recorrentes os actos de censura de Nuno Canta e seus camaradas de partido. Mas, apesar de recorrentes não deixam de ser inaceitáveis numa democracia”, acusam os social-democratas, que deixam ainda duras críticas ao ainda líder do executivo.
“Nuno Canta abandona a presidência da Câmara Municipal não como um democrata respeitado, mas como um pretor que permanentemente desrespeita os seus pares e os cidadãos do Montijo, deixando a Câmara entregue a uma presidente em ‘part-time’, também ela cúmplice da censura. É este o seu legado”, concluem.

CDU prefere criticar as políticas socialistas

Pela CDU, o vereador Joaquim Correia escusou-se a comentar a eliminação da parte final do vídeo da reunião. O eleito do PEV preferiu, porém, centrar a discussão noutra vertente.
“Mais do que as pessoas, o que nos interessa são as políticas que são feitas. E relativamente às políticas do Partido Socialista, somos muito críticos. Temos demonstrado isso em todas as reuniões de câmara. Não vamos pronunciar-nos em relação à sua atitude, os eleitores depois farão esse juízo”, disse, ao princípio da tarde de ontem, a O SETUBALENSE.
Em relação à saída do líder do executivo municipal para a AMARSUL – a eleição está prevista para o próximo dia 21 –, Joaquim Correia adiantou que Nuno Canta é livre de tratar da sua vida. Mas salientou que a questão já não é segredo para ninguém, apesar de o socialista continuar a adiar a comunicação de que está de saída. “Ele não quer dizer que se vai embora. Mas até disse que o convite está em cima da mesa e que vai decidir. Mas já decidiu, como nós sabemos. A atitude fica com ele, os eleitores é que têm de fazer o juízo de valor”, finalizou.

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