8 Maio 2024, Quarta-feira

Irmãs setubalenses voltam a estar juntas após décadas separadas

Irmãs setubalenses voltam a estar juntas após décadas separadas

Irmãs setubalenses voltam a estar juntas após décadas separadas

Em crianças viram as suas ligações serem cortadas, mas ao fim de 37 anos já podem reunir toda a família

 

Após 37 anos de incertezas e dúvidas sobre se alguma vez voltariam a estar juntas, eis o reencontro. Ana Patrícia e Carla Sofia tiveram o tão desejado momento, repleto de emoções intensas e que trouxe uma mistura de sentimentos à flor da pele.

O vínculo familiar que Ana Patrícia e Carla Sofia partilhavam foi interrompido quando ainda eram crianças, por viverem em condições higiénicas deploráveis, e terem uma mãe que tinha alguns problemas. Estas irmãs foram separadas e seguiram caminhos distintos, com pouca ou nenhuma informação uma sobre a outra, apenas um artigo escrito no jornal O SETUBALENSE, que relata a história desta família quando ainda eram pequenas. Ao longo dos anos, ambas mantiveram a esperança de se reencontrarem, mas o destino parecia conspirar contra essa possibilidade.

No entanto, o inesperado aconteceu quando Ana Patrícia entrou em contacto com O SETUBALENSE, que contou a sua história para ajudar nesta busca por respostas. O tempo de espera não foi muito e depressa Carla Sofia entrou em contacto com o jornal, tendo-se identificado como “a irmã da menina”.

O primeiro ‘encontro’ aconteceu por via telefónica, numa chamada onde as palavras foram poucas e as emoções levaram a melhor. “No primeiro telefonema não houve muitas palavras, mas sim muitas lágrimas de alegria por sabermos que podíamos voltar a estar juntas depois de tanto tempo separadas. Chorei muito porque fui eu quem lhe mudei as fraldas, fui eu quem lhe dei biberon, estabeleci uma grande ligação com ela”, contou Carla Sofia.

A O SETUBALENSE, estas duas irmãs explicaram que após este primeiro contacto, a ligação manteve-se muito acesa e, também graças à tecnologia, as chamadas eram constantes. “Assim que estabelecemos o primeiro contacto depois nunca mais parou. Todos os dias falamos ao telemóvel ou então fazemos videochamada. O importante é podermos manter esta ligação”.

Quando chegou o dia do encontro as emoções foram muito fortes, e quando se deu o encontro ‘cara a cara’, foi um forte abraço que selou as saudades e os anos que já não vão ser recuperados.

Entre muita conversa, Ana e Carla compartilharam histórias das suas vidas separadas. Descobriram as experiências que tiveram, as adversidades enfrentadas e os momentos felizes que vivenciaram durante todo este tempo. Perceberam que, embora estivessem distantes fisicamente, algumas coincidências e eventos marcantes ligavam-nas indirectamente.

O reencontro também trouxe à tona o desejo de recuperar o tempo perdido. Ana e Carla querem “continuar a reconstruir sua relação, aproveitando cada oportunidade para fortalecer os laços familiares”. Pretendem “compartilhar momentos preciosos, celebrar aniversários, feriados e criar novas memórias juntas”.

Após se conhecerem um pouco melhor, as irmãs reconhecem que partilham muitas coisas. “Temos imensas coisas em comum. A maior prenda disto tudo foi saber que além de uma irmã, ainda ganhei três sobrinhos. Até nisso somos iguais, porque ambas temos duas filhas e um filho. Somos as duas muito espontâneas e também temos um gosto musical muito parecido”.

Foi Ana Patrícia quem deu início a esta busca pelos seus irmãos, e agora pode-se dizer que esta procura teve sucesso. Além de se ter reencontrado com Carla Sofia, Ana Patrícia agora já conhece o paradeiro dos seus restantes irmãos, graças à irmã Carla, que nunca perdeu o contacto com eles.

Laura, Carla Sofia, Joaquim, Felisbela e Ana Patrícia. São estes os cinco irmão, do mesmo pai e da mesma mãe, que podem agora ser felizes juntos e tentar recuperar os 37 anos que não puderam viver como a família que são.

Apesar dos anos de separação, estes irmãos finalmente encontraram-se e agora estão determinadas a valorizar esta segunda oportunidade que a vida lhes deu.

 

Uma notícia que mudou a vida de cinco irmãos

Foi a 2 de Julho de 1986 que O SETUBALENSE fez uma reportagem sobre três crianças que viviam na miséria em Setúbal. Laura, de 10 anos, Carla Sofia, de 9 anos, e Ana Patrícia, com apenas nove meses. Esta notícia sobre “abandono por desleixo”, relata a história de três meninas que vivam em condições deploráveis em Setúbal.

O pai já não estava presente e a mãe não “ligava nada aos miúdos”, sendo que as crianças eram alimentadas pelos vizinhos. Foi precisamente graças a uma vizinha que esta história foi pública, após contactarem a polícia, que a aconselhou a vir a O SETUBALENSE relatar as condições vividas pelas crianças. À data desta notícia, o autor da mesma questionou “que futuro” existia para estas crianças. A resposta está dada, após 37 anos, são de novo uma família.

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