Número de viagens em transporte público equivale a cerca de 80 mil carros, a uma média de três ocupantes por carro
A venda de bilhetes para os autocarros que servem as praias da Arrábida atingiram, este ano, os 227 mil, o que, pelas contas do presidente da Associação da Baía de Setúbal, Ricardo Oliveira, equivale à substituição de 80 mil carros, a uma média de três ocupantes por carro.
Os números do programa ‘Arrábida sem Carros’ foram apresentados pelo presidente da Associação Baía de Setúbal no congresso mundial das Mais Belas Baías do Mundo, que está a decorrer até esta terça-feira no Camboja.
Ricardo Oliveira informou que o programa implementado pela Câmara de Setúbal em 2018, ultrapassou, nesta última época balnear, os 227 mil bilhetes vendidos para os autocarros que fazem a ligação às praias a partir da cidade e de outros locais da região.
No ano passado a utilização dos transportes públicos para as praias da Arrábida cresceu fortemente relativamente a 2020 (153 mil bilhetes vendidos) e 2021 (182 mil) e aproximou-se das 250 mil viagens de 2019.
Além do aumento da oferta de transporte público e da proibição de circulação automóvel entre as praias da Figueirinha e do Creiro, a estratégia de Setúbal para “compatibilizar a actividade humana com a preservação da biodiversidade e da riqueza ambiental” inclui também o investimento na qualidade e acessibilidade das praias, a promoção do uso da bicicleta e o “ordenamento do estacionamento”.
O investimento nas acessibilidades, num total de 408 mil euros em quatro anos, já valeu às praias de Albarquel, em 2020, e da Figueirinha, em 2021, o estatuto de praia mais acessível de Portugal.
Na prática, foi aumentado o número de lugares de estacionamento para pessoas com mobilidade reduzida, criadas passadeiras de acesso à água e locais de estar com equipamento adequado.
Há também uma parceria com o Instituto Politécnico de Setúbal (IPS) em que os estudantes são voluntários no auxílio aos banhistas com pouca mobilidade. Para disciplinar o estacionamento, o município colocou pilaretes que impedem o uso das bermas, pelo que os lugares disponíveis na Serra são agora 600.
Deixou de haver espaço, na Arrábida, para os milhares de carros que entupiam a estrada no Verão. Mas, mesmo assim, ainda haverá outros “cerca de 600” espaços que são usados para estacionamento “irregular”.
Apesar da polémica e contestação que o programa ‘Arrábida sem Carros’ gerou, o responsável e o município acreditam que não há alternativa. “Não vejo futuro para o turismo na Arrábida se não aprofundarmos esta estratégia porque, como os estudos em todo o mundo indicam, os locais e projectos que não têm um compromisso com a sustentabilidade acabam por perder-se”, sublinha Ricardo Oliveira.
Esta política para a baía de Setúbal foi apresentada no congresso, esta segunda-feira, como um exemplo para as mais de 40 baías que integram a associação das Mais Belas Baías do Mundo. Um exemplo que o presidente da associação internacional, Michel Bujold, classificou como “formidável”.
No final da apresentação, Ricardo Oliveira disse a O SETUBALENSE que o balanço destes anos de restrições à circulação automóvel na Arrábida, no Verão, é positivo. “É fundamental pra salvaguardar este património e o acesso das pessoas à praia com segurança e um nível de qualidade muito elevado”.
O presidente da Baía de Setúbal conclui que “esta cultura”, de gestão sustentável das praias, “tem de ser mais regional, estender-se a Troia, ao Litoral Alentejano e a todos os concelhos da Península de Setúbal”.
O SETUBALENSE viajou a convite da associação ‘The most beautiful bays in the world’
