No Montijo, a estreia é dia 18. Em Setúbal, no dia 24, às 10h30, na Casa da Cultura
No âmbito de uma residência artística desenvolvida por Ricardo Guerreiro Campos, com 18 turmas do 1.º ciclo do ensino básico do município do Montijo nasceu “Lugar-Abrigo”, um espectáculo participativo que explora a relação entre os direitos humanos e as práticas artísticas.
“Esta é uma história-viagem em que quem está, está. Todos navegamos juntos, todos somos este país e tudo aquilo que fazemos traz consequências para o colectivo”, começa por dizer Ricardo Guerreiro Campos, o responsável pela criação e interpretação do espectáculo.
“Fui para o terreno a saber para onde ia, tendo este fio condutor, e ao longo das várias sessões fui sempre surpreendido com as respostas dos grupos, tão diferentes de espaço para espaço, de contexto para contexto, das turmas do centro do Montijo, em contexto urbano, até Pegões, num contexto absolutamente rural”, continua, para depois partilhar que “pelas características das sessões e por ter tido a possibilidade de a repetir tantas vezes começou a tornar-se um processo de criação como nunca tinha tido”.
O projecto que Ricardo Guerreiro Campos hoje apresenta resulta assim num “conjunto de sessões de experimentação, reflexão e criação em torno de temas como os direitos humanos, a cidadania e as práticas artísticas contemporâneas”.
As sessões integram um programa maior que corresponde ao apoio às escolas no desenvolvimento e implementação da Estratégia Nacional de Educação para a Cidadania, no 1.º ciclo do ensino básico, através da planificação de implementação de um programa, denominado “Cidadania é o meu superpoder”, também incidente nos domínios dos direitos humanos, da interculturalidade e das instituições e da participação democrática.
Ao ter por base uma história-viagem que projecta para o âmbito pessoal e afectivo as actuais crises migratórias, “Lugar-Abrigo” é um espaço de exploração do material artístico, filosófico e humano que emergiu das sessões implementadas e que o artista não pôde deixar escapar. “Comecei a constatar que não seria sincero comigo próprio se não pegasse nesse material e o transformasse noutra coisa”, conta, revelando que o espectáculo acontece através de uma abordagem imersiva da qual faz parte “convocar a memória, explorar o corpo, os sentidos, o som, a empatia, a curiosidade e a criatividade” a fim de promover “a aprendizagem e escuta do Ser na exploração partilhada no e para o colectivo”.
Um espectáculo onde há lugar para todos
Apesar de ter sido criado no âmbito do 1.º ciclo com algumas turmas do concelho do Montijo, depressa Ricardo Guerreiro Campos percebeu que este era um projecto “mais amplo, ou tão amplo, até aos 100 anos”. Este é assim um espectáculo onde há lugar para todos, e para o qual Ricardo não consegue ensaiar sozinho. Têm, por isso, sido realizados várias sessões e vários ensaios abertos – com a participação de alunos do 1.º ao 12.º ano e também de adultos.
A estreia, em escolas do concelho do Montijo, terá lugar a 18 de Março. Para Setúbal, depois do ensaio aberto realizado no dia 4, e no âmbito das Comemorações do Mês do Teatro, estão marcados três espectáculos. No dia 24, pelas 10h30 e pelas 14h30, para escolas, e no dia 28, pelas 16h00, para famílias, a Casa da Cultura de Setúbal recebe “Lugar-Abrigo”.
A Academia de Dança Contemporânea de Setúbal será o palco do espectáculo, que conta com música original de Bruno Moraes, apoio à produção prestado por Patrícia Paixão, fotografia de Leonardo Silva, cartaz de Paula Moita e apoio do Teatro Estúdio Fontenova, no dia 18 de Abril às 11h00 e às 16h00.
