Dia Mundial da Dança será celebrado na Baixa da Banheira com reabertura do Fórum Cultural

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Espectáculo "Dias Contados" mostra que “não há outro mundo”

“Dias Contados” vai celebrar data, no dia 23, com espectáculo de Elizabete Francisca

 

No âmbito do Dia Mundial da Dança, que se celebra no próximo dia 23, o Fórum Cultural José Manuel Figueiredo, na Baixa da Banheira, vai voltar a abrir portas ao público, após o último período de confinamento provocado pela pandemia, com o espectáculo “Dias Contados”, pelas 20h30, criado por Elizabete Francisca.

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O evento, coproduzido pelo Teatro Nacional D. Maria II, em conjunto com o Centro Cultural Vila Flor e o Cineteatro Louletano, com o apoio da Fundação GDA, terá entrada gratuita, mediante reserva antecipada até 20 de Abril.

A sinopse do espectáculo centra-se numa personagem que olha em volta de si mesma e percebe que “não há outro mundo”, apenas “uma outra maneira de viver”, em praças, ruas e estabelecimentos vazios de sentido de uma cidade moderna, com “o exército anónimo do progresso, implacável na devastação como a sua única salvação”.

Com “Dias Contados”, os espectadores são confrontados com pessoas sem casa, expulsas e empurradas para um sítio qualquer”, num cenário de crise habitacional que não é mais do que uma luta de classes. “Trocam-se as cores, limpam-se os destroços, reabilita-se” e “substitui-se a população, os mais ricos pelos mais pobres”, com o fosso social a alargar-se, o que perpetua a tensão.

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Nesta cocriação de Elizabete Francisca e Vânia Rovisco, é possível perceber que “não ter direito a uma casa, a um sítio que nos devolva quem somos”, é algo “profundamente desestruturante”. A paisagem modifica-se, com a demolição silenciosa da memória patrimonial e afectiva, que poucos podem acompanhar.

Surge a especulação, e com ela “há prédios a arder, há bullying, há mortes”, longe daqueles que têm “os mais altos muros e as fachadas mais fechadas”. Ao longo desta apresentação, é ainda possível ao espectador aperceber-se que “a crise é um modo de governo, a verdadeira catástrofe é existencial e metafísica e a revolta e o pensamento são-nos forças inalienáveis”. “Até lá, rios secam, árvores são dizimadas, espécies que passam só a existir em livros, plásticos no ar, novas doenças”. Já os supremos “tentarão refugir-se sempre no seu condomínio de luxo, ao abrigo de tempestades e evidências”.

Com o apoio à criação e investigação da responsabilidade de Kino Sousa e criação musical de João Bento, “Dias Contados” conta ainda com cenografia de Vasco Costa e figurinos de Santos-Supico, numa produção de “O Rumo do Fumo”. A Câmara da Moita lembra que a lotação para este espectáculo é limitada, de acordo com as regras estabelecidas pela Direcção-Geral de Saúde relativas à pandemia, sendo obrigatório o uso de máscara, estando a apresentação sujeita a alteração, mediante as medidas que possam ser decretadas no actual contexto da crise pandémica.

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