David Dores confessa que é a fotografar que se sente “verdadeiramente livre”

David Dores confessa que é a fotografar que se sente “verdadeiramente livre”

David Dores confessa que é a fotografar que se sente “verdadeiramente livre”

Apesar da sua condição, o setubalense sempre lutou por uma vida independente e vive a busca incessante de satisfazer a paixão

 

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“Gosto de ser o David. Não falo da minha condição. Para mim toda a gente,cada um à sua maneira, é capaz de fazer qualquer coisa”. David Dores, jovem fotógrafo setubalense de 28
anos, não dá qualquer margem para dúvidas sobre a maneira como pensa e como enfrenta a sua condição mental e diagnóstico de incapacidade.

“Sofri muito, especialmente até aos 12 anos, pela condição de epilepsia” explica, para de seguida garantir: “Mas isso não me abala”. O jovem celebra agora a conquista de ter lançado o seu primeiro livro, através da editora AlmaLusa, intitulado “Intocável no tempo: A história de uma herdade”. “O convite surgiu por coincidência”, explica David Dores.

Depois de ter participado no livro “Pandemic”, ao mostrar o seu portfólio fotográfico à AlmaLusa, a editora ficou interessada em trabalhar com o jovem. “Mostrei as minhas fotografias e eles tiveram gosto imediato. Depois de conversarmos algumas vezes, foi decidido montar um livro”, conta.

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Na obra, com pouco mais de uma centena de páginas, estão patentes fotografias tiradas por David Dores, num trabalho realizado desde 2013 numa Herdade, localizada na freguesia de Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra, perto da zona de residência do jovem fotógrafo. O livro tem um custo de 35 euros e pode ser adquirido através de contacto com o fotógrafo, pela página ‘David Dores Photography’, nas redes sociais ou no site com o mesmo nome.

Curso de fotografia foi o despertar da paixão

O ano de 2013 marca o início de David Dores na fotografia, paixão descoberta na escola. “Eu, a pensar na altura, nunca imaginei que isto seria a minha paixão”, admite. “Quando cheguei à altura de decidir o que seguir no secundário, fui aconselhado a ir para um curso de fotografia. Não estava muito certo, mas decidi arriscar”, refere David Dores, esclarecendo que não se arrependeu da escolha que marca a sua vida.

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“É a fotografar que me sinto verdadeiramente livre. Gosto de ir sem planeamento, sem local definido ou hora para voltar”, afirma o jovem. O facto de ter sido acompanhado no ensino especial, e também “bastante protegido”, fez, na sua opinião, com que desenvolvesse a forma de pensar e de estar na vida que tem hoje.

“Não gosto de estar preso. Sinto que fui muito protegido e é por isso que quero estar livre”, refere. O jovem também acredita que os desafios, de casos como o seu, “podem e devem ser superados, potenciando as capacidades de cada um”.

Apesar da desconfiança inicial, o setubalense afirma que tem recebido cada vez mais apoio da sua família e amigos. “Talvez tenha sido por essa protecção, uma vez que logo ao início estavam um pouco desconfiados sobre isto da fotografia. Hoje, depois de verem o meu trabalho e pelo lançamento do livro, sentem-se confiantes e apoiam-me”, garante.

Actualmente, ainda não consegue sustentar-se pela fotografia, mas é algo que busca incansavelmente. Além das fotografias que tira a título próprio, também colabora com a Associação Cultural Novas Ideias (ACNI). “Agradeço o que esta associação fez por mim. Sinto que tenho mudado como pessoa. As pessoas de lá comentam que a minha evolução é visível”.

Salto em comprimento e banda desenhada também apaixonam

Até descobrir a sua grande paixão pela fotografia, David Dores chegou a ter um percurso relevante no desporto, sendo atleta da modalidade de salto em comprimento. Tudo começou aos “6 ou 7 anos de idade” pelo desporto escolar, até chegar ao Vitória Futebol Clube, colhendo medalhas em competições regionais e nacionais, conquistas que exibe orgulhosamente.

Com 15 anos, “por estar ocupado e começar a desenvolver o gosto pela fotografia”, decidiu deixar o atletismo. “Custou-me um bocadinho largar”, reconhece, acrescentando: “Estavam a gostar de mim e havia a expectativa de ser profissional e disputar provas nacionais”.

Além disso, também por este período David Dores encontra no desenho uma forma de ocupar o seu tempo e de se expressar. “Fartei-me de desenhar bandas desenhadas entre os 6 e os 14 anos” afirma. Este gosto pelo desenho podia-o ter levado por outros caminhos, já que confessa que queria seguir pela área do desenho, no ensino secundário, mas aconselhado acabou por seguir o curso de fotografia.

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