…que algum dia lá fica. E desta vez, foi mesmo isso que aconteceu. Ficou mesmo. Era apenas uma questão de tempo.
Este ditado popular procura ilustrar aquilo que se tem vindo a passar com o nosso Vitória.
A notícia que iríamos directos para a 3ª Liga, pela via administrativa, depois de termos conseguido a manutenção em campo, fez-nos ficar em estado de choque. Indignação generalizada. Manifestações na Praça de Bocage. Vitorianismo puro e duro. Muita força e intensidade. Eu estive lá.
Mas, honestamente, não podemos dizer que esta notícia da descida do Vitória, seja completamente inesperada.
A culpa é, em primeiro lugar, nossa, com a permanente instabilidade directiva, principalmente desde 1995, com Justo Tomás, Jorge Goes, Sousa e Silva, Henrique Cruz, Chumbita Nunes, Jorge Santana, Carlos Costa, Luís Lourenço, Fernando Oliveira e Vítor Hugo Valente. E agora Paulo Gomes.
A Liga de Clubes está farta dos nossos incumprimentos, ao longo dos sucessivos anos; com o Estado, treinadores, jogadores, bancos, empresas, funcionários. Dividas a acumularem-se constantemente.
Sejamos francos e honestos: embora sejamos um clube histórico, basicamente não passamos de uns caloteiros. É triste, mas é a mais pura das verdades.
Não somos os únicos, como se viu recentemente com a Belenenses SAD e seguramente com outros mais. Boavista, Apito Dourado e prescrições.
Mas isso não nos serve de desculpa.
Todos os anos, com mais ou menos dificuldades, aos solavancos e repelões, lá fomos contornando as regras, para conseguir inscrever a equipa principal de futebol. In extremis.
Salvo melhor opinião de quem assiste por fora, não me parece que a actual direcção tenha feito tudo o que estava ao seu alcance, em termos documentais e de processo, para acautelar situações de incumprimento, que se vieram a verificar.
Depois, existem também culpas alheias. O Vitória Futebol Clube não tem conseguido gerar receitas para ter uma equipa de futebol competitiva. E isso deve-se a uma desigual distribuição de receitas.
O futebol em todo o mundo vive essencialmente dos direitos de transmissão televisiva, que na generalidade dos países europeus, são distribuídos de uma forma equitativa.
Em Portugal não é assim. O bolo fica para Benfica, Porto e Sporting (denominados depreciativamente de Eucaliptos, porque secam tudo à sua volta), ficando os restantes apenas com umas migalhas. Dessa forma, enquanto esta situação se mantiver e perpetuar, todos irão continuar a ter as proverbiais e recorrentes dificuldades financeiras e desportivas e a oferecer espectáculos de muito má qualidade, com os estádios quase sempre vazios. Não há dinheiro para mais.
Quando temos um jogador talentoso, somos obrigados a vendê-lo a preço de saldo, perpetuando-se o “roubo”. Pedro Tiba, Ricardo Horta, Rúben Vezo, João Amaral, Cádis, Hildeberto, etc.
Somos incumpridores. Por culpas próprias e alheias.
Aqui a grande e preocupante questão é esta: enquanto andámos sempre nestes permanentes sufocos e sobressaltos (directivos, financeiros e desportivos), tornámo-nos progressivamente um alvo.
Um alvo a abater.
Desta vez colocámo-nos (mais) a jeito e deram-nos um tiro certeiro.
Contudo, caros amigos: SOMOS VITÓRIA… SEREMOS SEMPRE VITÓRIA.
Embora a hora seja de desânimo, temos de nos levantar e seguir em frente, para regressarmos com ainda mais força à 1ª Liga.
Se eu já escrevia muito sobre o Vitória neste espaço de opinião do “Setubalense”, agora vou passar a escrever ainda mais.
O meu nome é Giovanni Licciardello. Sócio nº 739.
Orgulhosamente vitoriano.
VIVA O VITÓRIA!!!
O presidente da República de Cabo Verde, Jorge Fonseca, enviou-me uma mensagem SMS, onde dizia o seguinte: “Meu caro. A notícia da punição do nosso Vitória caiu-me como uma martelada. A direcção não tem alternativas? Uma chatice! Boa Noite”.