A resposta a que o aumento da procura obriga os transportes públicos exige investimento, mas não é só de dinheiro. Há aspectos que podem melhorar o sistema, para além do reforço do material circulante, e que são do domínio da gestão. Até pública.
A organização tem revelado não estar à altura do desafio. A má gestão de pessoal na Soflusa – que só agora percebeu que precisa de mais mestres e só agora fez ver ao Governo que era necessário assegurar a paz social na empresa – é o melhor exemplo da incapacidade de planeamento.
O crescimento da procura era previsível, na Soflusa foi superior a 8% logo em Abril, mas, um mês depois a administração ainda não tinha encarado o problema e continuava a lidar com a falta de pessoal com o relaxo habitual.
Mas há outros bons (maus) exemplos da falta de organização.
Há recursos subaproveitados, como é o caso da linha da Fertagus entre Coina e Setúbal, que, com pequenas alterações podia aumentar a oferta. E há que acabar com a competição entre operadores e enveredar pela complementaridade.
Por exemplo, a coordenação entre os comboios da Fertagus e os da CP entre Setúbal e o Pinhal Novo, podia duplicar a oferta e passarmos a ter seis em vez dos actuais três comboios por hora entre Setúbal e Lisboa, se fosse encarado urgentemente o imbróglio da torre na Estação de Pinhal Novo.
Tudo isto requer liderança da AML, não apenas técnica mas também política, até ao ponto de, se necessário, chamar à colação os prazos de concessão e a antecipação dos novos concursos. É que nenhum operador estará disponível para investir milhões sem saber se continua a ter a concessão no próximo ano.