Uma indiferença perigosa

Uma indiferença perigosa

Uma indiferença perigosa

, Médico
29 Maio 2019, Quarta-feira
Mário Moura -
Mário Moura –
Médico

Os quase 70% de abstenção nas eleições para o Parlamento Europeu são um sinal de indiferença  dos portugueses em relação à vida da União Europeia. Não é uma maneira de ser  exclusiva dos portugueses pois por essa Europa fora a abstenção também continua a ser evidente. Uma cidadania europeia não parece existir, o que abre a porta aos tais nacionalismos.   No entanto podemos ver com facilidade que o mapa político da Europa está sofrendo acentuadas alterações – umas más outras de sinal positivo. Felizmente parece que a direita política , em crescendo em muitos países, não consegue ter uma maioria ameaçadora no futuro Parlamento Europeu. È bem significativa a ameaça da direita quando vemos Marine LeP en ganhar as eleições na França.

O que pode considerar-se positivo é a subida em muitos países dos partidos ecologistas, sinal de alguma consciência , a tomar forma, dos perigos em que se encontra o nosso planeta com  as alterações climáticas, daí a subida dos Verdes e, entre nós, do PAN. Devemos juntar esta subida dos ecologistas às manifestações recentes dos jovens estudantes que vêm o seu futuro ameaçado, por isso considerámos positiva a subida dos partidos ecologistas.   Ainda recentemente um técnico de renome nestas coisas das mudanças climáticas dizia que tudo indicava que os oceanos subiriam um metro se tudo continuasse como hoje, com as calotes geladas dos polos a derreterem-se . E dizia que em Portugal a zona de Setúbal seria uma das mais prejudicadas com essa subida. Por isso é bom que tomemos consciência de que  é necessário que os políticos levem a sério a necessidade de diminuir a emissão de gazes , de colocar nos seus programas a necessidade de mudar o consumo de energia para as que podemos produzir pelas forças da natureza, o vento e  o mar e a água das barragens, em vez de carvão ou do petróleo.

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Até o Papa Francisco nos incentivou a defender a Mãe Terra publicando a encíclica “Laudato Si” que pede aos que se dizem cristãos que ponham tal defesa nas suas prioridades. Daí que consideremos a indiferença do povo em relação aos processos eleitorais dos políticos, uma atitude muito perigosa. São os que se sentam nas caseiras do Poder que podem mudar as políticas, seja em cada país, seja na União Europeia que atravessa um período de desunião, havendo mesmo quem queira abandona-la.

Não podemos ser espetadores destes processos eleitorais, devemos sim, ser atores da necessária mudança que todos devemos considerar urgente, dando força aos nossos representantes que se sentam nas cadeiras do Poder – daí a abstenção em eleições ser uma atitude irresponsável – e temos dentro duns escassos meses novas eleições para o nosso Parlamento.

É evidente que tal mudança não pode resumir-se ás preocupações ecológicas, pois muito há que mudar nas políticas atuais onde predomina o império do dinheiro que exclui muita gente para as periferias da sociedade. É necessário mudar esta economia” que mata”, como também diz o nosso atual Papa, e essa mudança exige que os políticos não sejam mandatados pelos donos do capital, mas ponham em primeiro lugar os interesses do povo, os nossos interesses. Se nos abstemos não podemos lamentar nem condenar os que conduzem a nossa vida política.

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Ponhamos, por isso, os olhos nas próximas eleições e votemos todos os que querem ser atores e não meros espetadores!

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