O Papa Francisco não cessa de nos surpreender, agora com esta visita ao Iraque.

Estou certo que a maioria de nós desconhecia que naquele país se situava a origem das religiões  que se praticam no Ocidente pois ali nasceu Abraão a quem  Deus falou, conforme diz a tradição. E diz igualmente a tradição que ele está o inicio da religião que seguem os judeus, os cristãos e os maometanos.

Quem está mais familiarizado com a história das religiões sabe que Deus falou com o Abraão, mas bem poucas pessoas ligam este facto com o Iraque nosso conhecido pelas notícias das guerras que por ali foram (e continuam a ser) notícia. Primeiro os Estados Unidos invadem esse país inventando uma história de armas perigosas e escondidas levando consigo parte da Europa. O inimigo era um tal Sadam que era necessário eliminar – todos sabemos que havia verdadeiramente negócios de petróleo.

Sadam foi derrotado, foi executado- e de armas proibidas nem vestígios. E aquela região passou a estar nas bocas do mundo  pela sua instabilidade, pelo aparecimento dum Islão fanático que deu início a uma vaga de terrorismo por todo o mundo culminando no terrível atentado às torres gémeas em Nova Yorque. E aquela região é um centro de guerras, atentados e perseguições e  passamos a ouvir falar da Síria, do Curdistão e das más influências de algumas potências como os USA ou a Rússia. E o terrorismo organizado com atentados em muitos países vai por ali tentando fazer um país – um califado, como diziam. E nessa tarefa ocupam o norte do Iraque e fazem de Mossul a sua capital.

De novo o Iraque salta para os nossos noticiários – e quem pensava que por aquelas regiões nasceram as várias religiões? E por ali, naquela confusão, os cristãos em especial eram perseguidos e exterminados. E com o decorrer dos anos e muitas bombas, o tal Daeche é vencido e o Iraque continua local de grande instabilidade. Entra a Turquia e sempre os Estados Unidos e as suas tropas e também Israel como protagonistas da instabilidade da região – e mais perseguições, atentados, assassínios, destruições e fugas de populações inteiras procurando um lugar de paz.

E eis que o Papa Francisco há muito tempo “confinado” no Vaticano, vai ao Iraque, o “berço da civilização”, diz o Papa !.Para alem das guerras, dos atentados e dos deslocados – pensa muita gente – que vai o Papa fazer ao Iraque e porquê? Pois sendo o Iraque a terra de Abraão, o Papa ia ter a possibilidade de, no local onde nasceu Abraão, mostrar a possibilidade de todos se irmanarem em verdadeira fraternidade.

E vemos lado a lado Francisco e Mustafá Al Cadimi chefe espiritual dos xiitas, e falando a mesma língua da fraternidade em vez de ódio. E vemos uma celebração duma missa no rito caldeu numa catedral reconstruída, e vemos os cristãos restantes , residentes na região, lado a lado, de muçulmanos rezando e ovacionando os dois chefes religiosos. E talvez pela primeira vez se ouve falar de sã convivência, de fraternidade, de paz e não de ódio e vinganças.

UR, Najaf, cidades sagradas, entram nos noticiários ao lado de condenações dos atos terroristas, de imagens de confraternizações, de cerimónias religiosas partilhadas – a visita de Francisco, desprezando os perigos. é um exemplo e um estímulo à fraternidade, é um estímulo á convivência fraterna. “Frateli Tutti” em gestos e palavras!

É uma chamada de atenção para não esquecermos na pós pandemia, na construção duma sociedade nova!