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Tribunais populares

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Tribunais populares

, Médico
14 Abril 2021, Quarta-feira
Mário Moura - Médico|

Após o 25 de Abril houve um delírio de Liberdade que atingiu quase todas as pessoas reprimidas há décadas pela ditadura. Como era inevitável manifestaram-se as várias ideologias políticas e – como sabemos –  os partidos de esquerda, em especial o PCP, atuante na clandestinidade, tomava o comando das alterações da sociedade. Depois foram surgindo outros como a JDP, o RMRPP e outros de menos expressão. E naquele período cometeram-se exageros como a expulsão de quadros superiores das empresas (os chamados saneamentos) sem qualquer processo organizado – apenas uma manifestação de força contra as hierarquias cuja relação com os trabalhadores era pouco respeitadora da sua dignidade. E nos campos formaram-se igualmente tribunais 0populares sem obedecerem a uma estrutura legislativa apropriada – as condenações ás vezes não obedeciam bem ao que apelidamos de JUSTIÇA.

Ora, mais recentemente, normalizou-se acompanhar  a par e passo nos meios de informação social  certos julgamentos de maior sensação por via da banalização  das fugas de informação. E os processos iam sendo discutidos na praça pública. E nos julgamentos de pessoas de renome, nos julgamentos muito complicados e excessivamente demorados (alguns vários anos|) ia sendo inevitável que fossem inquinados pela política, por imensas opiniões de comentadores (nem sempre iníquas) feitas sem quaisquer bases jurídicas, em geral. E o julgamento ia-se consolidando na opinião publica, tudo agravado e estendido no tempo ,ou por exemplo, por neles se falar de números astronómicos de dinheiros envolvidos nos processos.  Ora um julgamento que dura há quase dez anos envolvendo um ex primeiro ministro (o que já por si era inédito), grandes figuras da Banca e gestores de renome de grandes firmas, foi provocando o julgamento por este “tribunal popular – todos tínham ideias firmes sobre quem estava já condenado|! Ora acontece que finalmente o processo se aproxima das “démarches” processuais finais e um dos juízes que decidirá se a longa investigação, e as penas propostas feitas têm o devido fundamento nas provas, nos factos, nas muito numerosas inquirições as numerosas testemunhas, e verificar se tudo bate certo, se não faltaram ouvir outros inevitáveis intervenientes e, afastados guizos preconcebidos, se tudo batia certo para se poder tirar conclusões Ora eis que um juiz faz durante quase quatro horas (|) todos estes relacionamentos e conclui que muitas conclusões não eram lógias pois lhe faltavam provas  que lhes dessem consistência e até ás vezes eram apenas baseadas em presunções e outras justificadas por amizades entre visados cuja relação institucional não  permitia favores – será que quem agora considera sem jeito as conclusões tiradas dos factos reais e das afirmações testemunhais ou da falta delas, para que o raciocínio seja correto, têm razão na sua exaltação e na sua agressividade verbal contra o tal juiz?  Entendem que deve prevalecer o “julgamento popular” e não ligar ao trabalho rigoroso do tal juiz?. É necessário que esperemos pelos recursos vários que vão durar mais uns anitos para que aplaquemos as nossas iras contra o os juízes e o sistema judiciário, e – claro- contra os réus!  Tenhamos calma, não armemos nós em juízes, não esqueçamos que vivemos num estado de direito.

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Escuso de dizer que não me move qualquer simpatia com qualquer  dos réu ou dos juízes do processo, mas sou um defensor acérrimo do direito e da justiça, pilares da vida dum estado democrático. E desculpem, eu ouvi com muito interesse as quatro horas da leitura do texto do tal juiz que achei dum rigor fora do vulgar e muito bem elaborado e com bases sólidas – se da sua leitura se podia tirar uma critica a quem elaborou a acusação, é inevitável numa crítica na divergência de opinião ., E como muita gente espero pacientemente que a verdadeira Justiça seja feita, nunca na Praça Pública. CONFIEMOS NA JUSTIÇA e peçamos que seja mais célere!

Espero que não me queimem vivo por esta minha análise que considero isenta – para mim Justiça é justiça a sério.

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