Será que o ser humano está a definhar?

Será que o ser humano está a definhar?

Será que o ser humano está a definhar?

, Médico
17 Outubro 2019, Quinta-feira
Mário Moura -
Mário Moura –
Médico

 

O processo evolutivo do ser humano, levou milhões de anos (já não falando da origem da vida!) até chegar aos primeiros hominídeos que desembocaram no Homo Sapiens – o ser inteligente que “sabe que sabe” para se diferenciar de muitos outros seres onde vemos inteligência mas disso não têm consciência -.

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E os cientistas atentos a este processo apuram as diferenças da inteligência do homem , chamando à nossa espécie Homo Sapiens Sapiens, DUAS VEZES Sapiens para vincar a sua superioridade na natureza. E através dos tempos o homem com essa inteligência e com a palavra criou a cultura e a ciência e a filosofia, e criou as sinfonias, a pintura, os píncaros da medicina, e com os avanços constantes da tecnologia devassou os espaços siderais e os meandros infinitamente pequenos dos mistérios do corpo humano. E com o tempo verificou que não podia viver sozinho e uniu-se em tribus, em sociedades e em nações, chegando aos tempos em que vivemos atualmente.

Mas, podemos dividir a história do homem em períodos de verdadeiro progresso, outros houve em que o processo civilizacional pareceu estagnar e, às vezes, até recuar. Houve períodos de guerras tremendas , de perseguições de povos, de etnias, de religiões, de domínio do “ter mais” sobre o “ser mais e melhor”.

Neste século XXI em que nos encontramos vivendo do muito que a inteligência humana construiu parece que reina o egoísmo em detrimento da solidariedade, que reina a burocracia em vez da simplicidade, que reina a corrupção em vez da honestidade, que reina a violência em vez da amizade entre as pessoas e os povos. Será que a inteligência do homem que deu tão grandes e frutuosos frutos durante séculos , se ofuscou.

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Como se compreendem os atos de terrorismo nos quatro cantos do mundo, como se compreende, mesmo com os princípios tumultuosos dos Estados Unidos, que esteja no poder, mesmo que eleito, um Trump que esteja agora abandonando à sua sorte os curdos, sem pátria, que foram essenciais para derrotar o Dahech, e que está provocando a libertação de milhares de radicais que estavam presos? Ou como se compreende , mesmo que eleito – e por isso mesmo! – um Bolsonaro que dá carta branca à desmatação da Grande Amazónia , pulmão do mundo que vive na ameaça de dentro de décadas perder a sua habitabilidade? Como se compreende que a Grã Bretanha queira abandonar a união dos países europeus , união que tem sido um garante da paz e um meio de entreajuda entre países, como se compreende um Boris governando também após eleições – o que pensa o povo inglês?

E como se chegou a esta situação das alterações climáticas, com o ar aquecendo e se enchendo de poluição, com os mares ameaçando subir e engolir parte dos continentes, com a natureza a revoltar-se com o aumento dos furacões, das inundações, dos tsunames, com o consumo exagerado e sem nenhuma preocupação, das riquezas que a Terra nos põe à disposição – onde está a racionalidade e a inteligência que distingue o “homo sapiens” dos restantes habitantes da nossa Terra, também em perigo de desaparecerem? Porquê esta surdez dos nossos governantes aos apelos dos cientistas, às descrições apocalípticas da ONU, ou aos protestos , por todo o mundo, da juventude que sente que tem o seu futuro ameaçado?
Será compreensível que apenas a voz do Papa Francisco mostre preocupação com os perigos ecológicos – e não só preocupação – pois passa à ação convocando um Sínodo para tratar essencialmente do problema da Amazónia, e publicando a Encíclica” Laudato Si” para tentar mobilizar, pelo menos as consciências dos cristãos?

Será realmente que o “Homo Sapiens Sapiens” está sofrendo dum Alzheiner generalizado pelo efeito da sua maneira de viver, pensando apenas no “deus mercado”?
É tempo de acordarmos, todos os que pensem e ponham a sua consciência a mandar, e em especial os que se dizem cristãos. É uma URGÊNCIA! E a nossa Igreja, até a nossa Igreja local, sente-se, além da preocupação, um movimento para a mudança?

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